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 Cruz e Âncora, amor de Cristo Crucificado, ç do mundo! Cruz e Âncora, amor de Cristo Crucificado, ç do mundo!   (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Esperança é a última que morre

"Jesus é o autor da verdadeira ç. Nele não nos confundimos. É nele que devemos colocar nossa ç que não se ilude, que não se apaga."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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«Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?», pergunta São Paulo na Carta aos Romanos. "Na verdade - explica o Papa na - é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nos crentes a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida. Com efeito - acrescentou Francisco - a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino".

Dando sequência à sua série de reflexões sobre a , Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje "Esperança é a última que morre":

"A esperança é a última que morre, diz o provérbio popular. O ano jubilar reflete sobre a virtude da esperança que não decepciona. O Catecismo da Igreja católica, afirma que “a esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo” (CIgrC,1817).  A esperança não se apoia em nós mesmos, mas naquele que venceu e Ressuscitou, razão de nossa fé e esperança.

 

O arcebispo de Juiz de Fora, Minas Gerais, dom Gil Antônio Moreira refletia com grandeza sobre a virtude da Esperança. Escrevia assim: “Esperança é uma palavra vencedora. Quando tudo parece perdido, irremediável, destruído, ela comparece para salvar. Ela é capaz de transformar a derrota em vitória, o perigo em alívio, o desespero em alegria. A esperança é tão poderosa que consegue tirar do domínio da morte os que não veem mais razão para viver.  Indigentes se tornam nobres, miseráveis se tornam ricos, criminosos passam a ser bons, corruptos se convertem, ladrões devolvem quatro vezes mais o que roubaram, como os Zaqueus que se repetem no caminhar da história (cf. Lc 19, 1-10). A esperança transforma as cinzas em fênix, a cruz em sinal de vida, as lágrimas em vitória. A esperança é a última que morre, diz o jargão popular. Ela é desprezada pelos pessimistas, ameaçada pelos gananciosos, agredida pelos incrédulos. Da esperança tudo renasce, ainda que pareça impossível recomeçar. O pecado costuma tirar a esperança, causar o desânimo e desiludir quem ia bem e de repente cai. A esperança é uma senhora que vem dar a mão àquele que se desiludiu consigo mesmo ou com a situação em que foi precipitar-se”[1]. Pois onde humanamente não existe mais esperança nas mais variadas realidades cruciais, é ali justamente que a esperança brota como uma luz no fundo do túnel, ou como o Papa Francisco proclama em seu livro, “La speranza è una luce nella notte" - "A esperança é uma luz na noite". Quando tudo parece perdido, surge um novo horizonte que se descortina, uma nova luz a irradiar nas trevas. É a experiência que os apóstolos sentiram quando tudo pareceu acabar no madeiro da cruz e na sepultura do corpo de Jesus no santo sepulcro.

Na tentativa de conceituarmos a Esperança cristã, o teólogo Achim Schütz, faz algumas reflexões no Caderno do Jubileu número 23, “A Igreja Peregrina rumo à plenitude”, no capítulo 4 intitulado: “A virtude Escatológica da Esperança”.  Falando sobre a esperança na história, aponta assim Schütz: “Com toda a sinceridade, é necessário sublinhar o quão pouco a Tradição Cristã pode reivindicar, exclusivamente, o conceito de esperança. Definem-se como esperança muitas coisas que estão bem distantes de alcançar o ponto autêntico do significado desta virtude e proclamada eclesialmente. Constantemente, as ideias e as atitudes são definidas como esperanças, mas haveriam ser chamadas, ao invés disso, de fantasias ou utopias. Existem, porém, esperanças que merecem certamente esses nomes, sem tocar a essência da Esperança Cristã. A história intelectual europeia está repleta delas”[2].

E completa o autor no Caderno Conciliar – “A igreja é uma autoridade que assegura e tranquiliza. Protege das falsas esperanças. No seu aqui e agora, é garantia da eternidade. Segundo o pleno sentido da palavra, a Igreja tem uma índole escatológica, como já resumido no título do sétimo capítulo da . Nela, não menos importante, terminam e perecem ideias de esperança que tem pouco em comum com a mensagem cristã de salvação. Mesmo que apenas Jesus Cristo tenha direito de ser definido como mediador em sentido completo, a Igreja realiza, contudo, um papel de mediação de muitos modos”[3].

A missão da Igreja, portanto, de cada cristão batizado, é de proteção contra as falsas esperanças, esperanças ilusórias e fantasiosas. Sucumbimos facilmente no mundo hodierno em esperanças sem sentido, utópicas, colocando nossa vida alicerçada na idolatria do dinheiro, sucesso, projetos econômicos e mirabolantes. Jesus é o autor da verdadeira esperança. Nele não nos confundimos. É nele que devemos colocar nossa esperança que não se ilude, que não se apaga."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1]
[2] SCHUTZ, Achim. A Igreja Peregrina rumo à plenitude, Caderno do Jubileu número 23, Ed. CNBB, 2023, p. 37
[3] Idem, 42.

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17 fevereiro 2025, 09:57