O significado da Esperan?a para o Papa Francisco
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Não poucas vezes o Papa Francisco fez uso da imagem da âncora para simbolizar a esperança, "um dom de Deus que enche de alegria a nossa vida", "; e nisto, a idade não conta". Também no vídeo com a intenção de oração para o mês de dezembro de 2024, com vistas ao Jubileu da Esperança, o Santo Padre faz uso dessa imagem, convidando os fiéis a serem testemunhas da "esperança cristã" num mundo onde predominam a desesperança e a desconfiança.
Pe. Gerson Schmidt*, na sua série de reflexões sobre esta virtude teologal, nos propõe hoje "O significado da Esperança para a Papa Francisco":
"O Ano Jubilar é ano Santo da Graça de Deus para refletir e fazer crescer em nós a Virtude teologal da Esperança. A Esperança não decepciona - é o tom motivacional. A esperança é filha da fé e ambas se juntam para que aconteça a caridade. A esperança é um tema presente no Concílio Vaticano II, principalmente na Constituição pastoral , que significa em latim "Alegria e Esperança".
O Papa não abriu somente as portas das basílicas para o Ano Jubilar. Quer que a porta de cada coração se abra. Foi o que disse no dia 26 de dezembro, na oitava de Natal, quando celebrou a missa e abriu a Porta Santa no cárcere romano de Rebibbia. Francisco iniciou sua , dizendo que este é um gesto bonito: abrir as portas, mas, o mais importante, é o que isso significa: abrir o coração: ¡°Corações abertos. É isso que a fraternidade faz. Corações fechados, duros, não ajudam a viver. É por isso que a graça de um Jubileu é escancarar, abrir e, acima de tudo, abrir os corações para a esperança. A esperança não decepciona, nunca! Pensem bem sobre isso. Nos momentos ruins, a gente pensa que tudo acabou, que nada se resolve. Mas a esperança nunca desilude¡±.
Francisco falou da esperança como a âncora que está nas margens, enquanto nós estamos ali com a corda, seguros, porque a nossa esperança é como a âncora na terra: ¡°Não percam a esperança. Esta é a mensagem que quero transmitir a vocês; a todos nós. Eu por primeiro. A todos. Não percam a esperança. A esperança nunca decepciona. Nunca. Às vezes, a corda é difícil e machuca nossas mãos. Mas com a corda, sempre com a corda nas mãos, olhando para a margem, para a âncora. Sempre há algo bom, sempre há algo para fazer adiante.¡± Portanto, ¡°duas coisas eu digo a vocês¡±, disse o Papa, dirigindo-se aos encarcerados: ¡°A primeira, segurar a corda, com a âncora da esperança. A segunda, escancarar as portas do coração. Abrir bem essa porta, que é um sinal da porta do nosso coração¡±[1]..
Papa Francisco no livro "A esperança é uma luz na noite" (em italiano "La speranza è una luce nella notte"), faz reflete a grande virtude teologal da Esperança, tema jubilar. Já apontamos algumas reflexões a partir desse livro. O nosso Papa, refletindo sobre a virtude da Esperança, diz: ¡°esperar é um dom de Deus e uma tarefa para os cristãos. E viver a esperança requer um ¡®misticismo de olhos abertos¡¯, como o grande teólogo Joseph-Baptist Metz a chamava: saber notar, em toda parte, atestados de esperança, o agir do possível no impossível, a graça onde poderia parecer que o pecado tenha corroído toda a confiança¡±.
Como motivação para a leitura do seu livro ¡°A esperança é uma luz na noite", o Papa fala nesses termos: ¡°Convido cada leitor deste texto a fazer um gesto simples, mas concreto: à noite, antes de ir para a cama, relembrando os eventos vividos e os encontros que teve, vão em busca de um sinal de esperança no dia que acabou de passar. Um sorriso de alguém de quem vocês não esperavam, um ato de gratuidade observado na escola, uma gentileza encontrada no local de trabalho, um gesto de ajuda, talvez até pequeno: a esperança é de fato uma ¡°virtude meninazinha¡±, como escrevia Charles Péguy. E precisamos voltar a ser crianças, com seus olhos atônitos sobre o mundo, para encontrá-la, conhecê-la e apreciá-la. Vamos treinar para reconhecer a esperança. Poderemos então nos maravilhar com o tanto de bem que existe no mundo. E o nosso coração se iluminará de esperança. Poderemos, então, ser faróis de futuro para quem está ao nosso redor¡±. O Papa Francisco conclui esse trecho de seu livro com um convite a sermos ¡°peregrinos de esperança¡± e diz que ¡°o caminho do peregrino não é um acontecimento individual, mas um acontecimento comunitário; marca a marca de um dinamismo crescente que tende cada vez mais para a cruz, que nos dá sempre a certeza da presença e a segurança da esperança¡±. Diz que a esperança deve ser ¡°a âncora e a vela¡± que guiam para um futuro ¡°mais fraterno do que aquele com que sonhamos, onde a dignidade do ser humano prevaleça sobre todas as divisões e esteja em harmonia com a Mãe Terra¡±.
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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