A Eucaristia primitiva narrada por S?o Justino
Jackson Erpen ¨C Cidade do Vaticano
No nosso espaço Memória Histórica ¨C 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre ¡°Eucaristia Primitiva narrada por São Justino¡±.
Damos prosseguimento neste nosso espaço, ao tema das origens da Eucaristia na Igreja Primitiva iniciado na última quarta-feira, quando falamos que as Celebrações Eucarísticas já nos primeiros tempos do cristianismo eram uma verdadeira explosão festiva que é uma árvore viçosa da vida. Eram um ¡°processo pascal, um caminho aberto para a Páscoa de Cristo, como uma estrela, uma luz forte e verdadeira que se eleva sobre a história, todo o caminho litúrgico no decorrer dos séculos¡±.
Sobre a Eucaristia, padre Gerson Schmidt nos trouxe no programa passsado um belíssimo texto de São Justino disponível no Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. E a Celebração Eucarística, como nos fala hoje o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre, ¡°será sempre uma celebração da Igreja¡±, como nos diz a Sacrosanctum Concilium, pois ¡°as ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja¡±:
¡°Um dos textos mais belíssimos sobre a Eucaristia dos primeiros séculos que temos a disposição no Catecismo da Igreja Católica é o de São Justino, que faz uma apologia, uma defesa dos cristãos para o imperador pagão Antonino Pio (138-161), acusados de fazerem reuniões estranhas. O Catecismo, a partir dos números 1345 presenta uma explicação mais detalhada dos aspectos próprios dessa liturgia dos primórdios, do século II.
Nessa apologética de São Justino fala que ¡°no dia 'do Sol' (domingo), como é chamado, reúnem-se num mesmo lugar os habitantes, quer das cidades, quer dos campos. Fala assim, a respeito o CIC, n.1348: ¡°Todos se reúnem. Os cristãos acorrem a um mesmo lugar para a Assembleia Eucarística, encabeçados pelo próprio Cristo, que é o ator principal da Eucaristia. Ele é o sumo sacerdote da Nova Aliança. É ele mesmo quem preside invisivelmente toda Celebração Eucarística. É representando-o que o Bispo ou o presbítero (agindo ¡°em representação de Cristo-Cabeça¡±) preside a assembleia, toma a palavra depois das leituras, recebe as oferendas e profere a oração eucarística. Todos têm sua parte ativa na celebração, cada um a seu modo: os leitores, os que trazem as oferendas, os que dão a comunhão e todo o povo, cujo Amém manifesta a participação¡±.
Nesse sentido, aqui vemos a narrativa de São Justino que há uma assembleia, um povo vindo do campo e da cidade. Portanto, a Celebração eucarística, por mais privada que seja, celebrada por um monge solitário, será sempre uma celebração da Igreja, conforme aponta a SC, n. 26: ¡°As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é ¡°sacramento de unidade¡±, povo santo reunido e ordenado sob a direção dos bispos¡±. Deve-se portanto preferir a missa com assembleia do que a missa privada, como aponta o n. 27 da SC: ¡°Sempre que os ritos implicam, segundo a natureza particular de cada um, uma celebração comunitária, com a presença e ativa participação dos fiéis, inculque-se que esta deve preferir-se, à medida do possível, à celebração individual e quase particular¡±. Mas há também um direito dos sacerdotes de celebrar a Missa sine populo (sem povo) porque cada eucaristia é uma celebração da Igreja. ¡°Devido a sua essência, a liturgia tem um caráter de uma celebração comunitária. Nela, a Igreja se edifica também como communio hierarchica. Todos exercitam um serviço autenticamente litúrgico, não só como celebrantes, mas também como leigos¡±[1].
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[1] Helmut Hoping, A Constituição Sacrosanctum Concilium. In: As constituições do Vaticano II, Ontem e Hoje, org. Geraldo B. Hackmann e Miguel de Salis Amaral, Edições CNBB, 2015, p.117.
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