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Santa Missa do Crisma na Basílica de São Pedro Santa Missa do Crisma na Basílica de São Pedro 

Liturgia: no caminho para a volta às fontes

"Um dos pesquisadores nesse caminho da busca das fontes foi Mons. Klaus Gamber, grande pesquisador histórico, enaltecido e reconhecido pelos liturgistas e teólogos. Herdeiro dos grandes liturgistas do começo do século, esforçou-se em considerar a liturgia como fonte primordial e indispensável do verdadeiro espírito cristão, segundo as palavras de São Pio X."

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Em nosso Espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano, vamos continuar a falar no programa de hoje sobre Liturgia, abordando o tema “No caminho para a volta às fontes”.

Temos tratado nos últimos programas, sobre a importância da formação litúrgica de seminaristas, sacerdotes e do povo de Deus, visto a Liturgia ter a força de “tornar possível o impossível, tornar visível o invisível. Os símbolos usados – de fato -  como o pão, o vinho, a água, o óleo, as palavras, nossos gestos, devem remeter ao invisível. Por isso o cuidado no seu estudo, preparação. O bispo também tem este papel de “guardião da liturgia”, pois por ela é o primeiro responsável, moderador, coordenador.

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A liturgia como a vivemos hoje, é fruto da reforma “” – como disse o Papa Francisco -  trazida pelo Concílio Vaticano II. E suas fontes encontram-se já nos movimentos litúrgicos dos anos 20 e 30. Padre Gerson Schmidt, no programa de hoje, nos fala sobre o tema “No caminho para a volta às fontes”:

A geração dos movimentos litúrgicos dos anos 20 e 30 é que tem encontrado suas expressões na Constituição conciliar e de maneira particular as ideias de Romano Guardini e de Pius Parsch. Um era um pensador sutil na investigação das leis internas do culto divino e o outro, o zeloso pastor de almas que queria adentrar o povo de Deus nos tesouros do Missal Romano e na oração das horas eclesiásticas, a Liturgia das Horas. Porém, nem um nem outro, eram investigadores, propriamente ditos, no caminho da história litúrgica, na busca da volta à fontes, tão querida e desejada na renovação trazida pelo Concílio, sobretudo na intenção de Paulo VI. Sobretudo faltava para os pesquisadores ter tido contato com a liturgia da Igreja do Oriente. Nem se fala na liturgia oriental, a riqueza das variadas e expressivas anáforas – as mais belas preces eucarísticas que hoje também temos disponíveis na Liturgia Romana.

Os esforços de Pius Parsch em favor de uma liturgia popular, durante os anos 30, é criticado por alguns como uma supervalorização da participação ativa dos fiéis na missa, associada a ideias históricas a respeito da missa na Igreja primitiva.  Por influência de Pius Parsch a língua vernácula fez sua entrada na liturgia romana, ainda que  por vezes como uma “via paralela” ao lado do latim do sacerdote celebrante principal.

Durante os anos em que se desenvolveu o movimento litúrgico, depois da primeira guerra mundial, as ciências litúrgicas se encontravam em seus princípios. Considerava-se o estudo da liturgia mais como o estudo das rubricas, constituindo, neste sentido, uma parte da pastoral. Os poucos investigadores que se dedicavam à história do culto divino, como os beneditinos G. Morin, C. Mohlberg ou A. Dold, entre outros nomes, não tinham muita formação. Sua esfera de influência estava limitada. Em todo caso, a pastoral apenas beneficiava o resultado de suas investigações.

O movimento litúrgico, pouco a pouco, como ciência litúrgica começou a se ocupar do que se tinha descuidado no passado. Restaurou-se com uma busca sistemática das fontes do culto divino; e os ricos tesouros das liturgias orientais não foram precisamente os últimos em ser mais e mais explorados. Ao mesmo tempo, foi reconhecida a necessidade da arqueologia cristã para a história da liturgia ¹.

Um dos pesquisadores, nesse caminho da busca das fontes, foi Mons. Klaus Gamber, que não se pode dizer que tenha sido um “rato de biblioteca”, fechado em seus resmungos, mais um grande pesquisador histórico, enaltecido e reconhecido pelos liturgistas e teólogos. Herdeiro dos grandes liturgistas do começo do século, esforçou-se em considerar a liturgia como fonte primordial e indispensável do verdadeiro espírito cristão, segundo as palavras de São Pio X.

E é sob ângulo arqueológico que estudou as reformas do pós-Concílio. Os estudos científicos de Mons. Klaus Gamber são hoje uma riqueza de primeira importância. Sua última obra “Fragen in die Zeit” (que do alemão significa “perguntem no tempo”), onde adota uma posição crítica com relação a todos os temas litúrgico de nossos dias, parece um testamento dirigido a toda a Igreja. A bibliografia que se encontra em suas obras compreende 361 títulos. O primordial da obra de Klaus Gamber é ter mostrado que a árvore da vida litúrgica da Igreja, plantada desde sempre, desde sua origem, somente poderá vicejar se afundar cada vez mais profundamente suas raízes no húmus da grande tradição eclesial. O Cardeal Ratzinger, falando dele, declarava recentemente que era “o único sábio, frente a um exército de pseudo-liturgistas, cujo pensamento brotava verdadeiramente do coração da Igreja”.

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¹ cf. introdução de Monsenhor Klaus Gamber, Reforma da Liturgia Romana, disponível em http://www.unavocesevilla.info/reformaliturgia.pdf

 

 

 

 

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01 maio 2019, 11:55