SC: a import?ncia da forma??o lit¨²rgica e o papel do bispo
Jackson Luis Erpen ¨C Cidade do Vaticano
No nosso espaço Memória Histórica ¨C 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar no programa de hoje sobre - ¡°A importância da formação litúrgica e o papel do bispo¡±.
Em nosso último programa, falamos sobre ¡°O bispo local como guardião da liturgia¡±, destacando como na terceira instrução da Comissão encarregada pelo zelo da liturgia ¨C intitulada ¡°Liturgicae instauraones¡± (de 5 de dezembro de 1970) eram dadas as diretrizes acerca do papel central do Bispo na renovação da liturgia em toda a diocese. Nas reformas da liturgia é dever de cada bispo em sua diocese zelar para que não haja abusos, desvios e exageros, omissões ou aditamentos ilícitos que possam falsear a natureza própria da liturgia. Por isso, a autoridade competente cuide que se preserve a autêntica essência litúrgica. Já a Instrução Inter Oecumenici diz no número 22, que ¡°o bispo tem a autoridade de regulamentar a liturgia dentro de sua própria diocese, guardando as normas e o espírito da Constituição sobre a Liturgia, os decretos da Santa Sé, e a autoridade territorial competente¡±[1]¡±.
Em seu discurso aos participantes da Assembleia Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, realizada de 12 a 15 de fevereiro do corrente em Roma, o Papa falou sobre o desafio da formação. ¡°Falar da formação litúrgica do Povo de Deus ¨C disse Francisco - significa antes de tudo tomar consciência do papel insubstituível que a liturgia desempenha na Igreja e para a Igreja¡±. E insistiu na necessidade da formação permanente do clero e dos leigos, especialmente aqueles envolvidos nos ministérios ao serviço da liturgia.
O bispo de Bragança-Miranda (Portugal), Dom José Manuel Cordeiro, que participou da Assembleia Plenária e do encontro com o Papa Francisco, destaca que ¡°o desafio da liturgia é fazer ver o invisível, e até de ver a própria palavra. Parece algo impossível, mas a liturgia tem também esta força de tornar possível o impossível:
¡°O Concílio Vaticano II, em alguns documentos, apresentou até o próprio ensino da sagrada liturgia como das principais disciplinas a ter em conta na formação dos seminários e nas casas de formação, nas faculdades de teologia. E este também foi um dos pontos tratados nos Círculos Menores e também no apontamento final das proposições, porque não basta um semestre no âmbito de seis anos, ou até dois semestres, mas nem sequer está em questão a quantidade de horas dedicadas à liturgia, mas também isso é revelador. Mas sobretudo a interdisciplinaridade que deve existir. A liturgia tem que ser transversal a todas as disciplinas, a todas as dimensões do saber teológico e filosófico, porque se ela como nós acreditamos e temos como orientação do Concílio Vaticano II deste renovamento e aprofundamento da liturgia que é fonte e o cume de toda a vida da Igreja, é claro que entre a vida e o cume há um grande caminho a fazer, por isto que não é exclusiva, mas é decisiva, a liturgia é decisiva na vida da Igreja. E esta formação tem que ter claramente como primeiro responsável, moderador, coordenador, como queiramos, o bispo em cada Diocese, porque é o grande litúrgico. Não é o liturgista, porque tem outras formações, mas há muitos que também são, mas somos todos litúrgicos porque estamos na pessoa de Jesus Cristo e em nome da Igreja a servir o próprio mistério de Cristo que é sempre o mesmo, em todas as celebrações, em tudo aquilo que fazemos, porque nós cumprimos o seu mandato: ¡°Fazei isto em memória de mim¡±. E nesta formação, pois tende-se não só, ao clero propriamente dito, aos bispos, aos sacerdotes, aos presbíteros, aos diáconos, às pessoas consagradas, mas a todos aqueles que exercem o ministério na vida da Igreja, instituídos, designados, como queiramos chamar, e são tantos, são tantos, na vida das Dioceses, nas Igrejas locais, mas para todo o Povo santo de Deus, aquilo que o Papa também em seu discurso chamou muito a atenção, e sublinhou, a via mistagógica da Igreja, a mistagogia, que é o iniciar ao mistério, celebrando o próprio mistério, e não precisa de muitas explicações, mas exige a participação, de modo especial na Páscoa semanal, ao domingo, porque a força de nós vermos, ouvirmos, participarmos, vai entrando em nós. E como diziam os Padres da Igreja, uma coisa é aquilo que vemos e outra coisa é aquilo que somos chamados a compreender, porque os sinais sensíveis ¨C o pão, o vinho, a água, o azeite, a nossa própria presença, as palavras, os gestos, todos os ritos, os símbolos que usamos na liturgia - são expressão disso mesmo, para que nos remetam sempre para o invisível, no fundo a liturgia tem este grande desafio: é fazer ver o invisível, e até de ver a própria palavra. Parece algo impossível, mas a liturgia tem também esta força de tornar possível o impossível, porque Deus quis que assim fosse. Nós com nossa oração e a nossa liturgia não aumentamos em nada aquilo que Deus é. Mas tomamos nós consciência da nossa profunda dignidade de filhos de Deus e do caminho a que somos chamados a realizar, este caminho de santidade, felicidade, para a plenitude da vida em Cristo. Por isso é que a liturgia também é esta manifestação e esta epifania da Igreja local, é ela que forma a própria Igreja local, de modo especial a liturgia presidida pelo bispo ou na Catedral, ou nas visitas pastorais, em qualquer lugar onde está, esta liturgia é expressão do todo da Igreja e em cada diocese não está toda a Igreja, porque é uma porção do povo de Deus, mas está o todo da Igreja. E a liturgia é o lugar onde tudo isto se torna mais visível, mais sensível, e daí o dizer também, e repito, que é um lugar decisivo para o encontro, para a alegria do encontro com Jesus Cristo.¡±
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