Santa S¨¦: acesso ¨¤ ¨¢gua pot¨¢vel seja direito humano basilar e universal
Cidade do Vaticano
A Santa Sé lançou um apelo à responsabilidade a ¡°todos os atores que se ocupam do fornecimento dos recursos hídricos¡±. O apelo foi feito por ocasião do encontro realizado na quinta-feira (13/12) na Universidade Politécnica de Madri, na Espanha, intitulado ¡°Água, agricultura, alimentação: construamos o amanh㡱, organizado pela escola superior técnica de agronomia sobre a alimentação e os biossistemas.
A fim de que isso ocorra, é preciso, quer um processo de descentralização das responsabilidades, quer uma simultânea transferência dos recursos e das capacidades aos responsáveis políticos locais, explicou o observador permanente da Santa Sé junto à FAO (Organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura), IFAD (Fundo internacional para o desenvolvimento agrícola) e o PAM (Programa Alimentar Mundial), Mons. Fernando Chica Arellano.
Evitar ineficiências, perdas ou desperdício
Ademais, é preciso elaborar ¡°um corpo normativo claro e definitivo, que estabeleça as várias responsabilidades e evite ineficiências, perdas ou o desperdício¡±, disse o representante vaticano.
Para garantir soluções realmente sustentáveis, é também necessário favorecer esta nova abordagem ¡°de modo vigoroso, considerando as exigências específicas¡±, continuou.
Efetivamente, toda comunidade ¡°tem seu problema, com incidentes que podem variar da falta de água relacionada às mudanças climáticas, à má gestão ou à excessiva liberalização do serviço hídrico. Não existe uma solução que possa ser igualmente válida ou unânime em todos os casos¡±, especificou.
Água, bem social e cultural, não um bem econômico
Em seu discurso, o prelado espanhol concentrou-se em seguida sobre o tema do direito ao acesso à água, que se baseia numa realidade complexa: de um lado, de fato, existe ¡°uma ligação direta e imediata entre o acesso à água e as necessidades primárias de todo ser humano¡±, de outro, ¡°se está dando também uma importância comercial, econômica e política a tal recurso natural¡±.
Ambos os aspectos são significativos, mas ¡°o aspecto econômico deve ser certamente subordinado aos aspectos sociais e individuais¡± e ¡°a água deve ser considerada um bem social e cultural, e não fundamentalmente como um bem econômico¡±, ressaltou o observador permanente da Santa Sé.
Água não pode ser privatizada ou comercializada
A água não é um mero recurso e não se pode privatizá-la, comercializá-la ou deixá-la à total gestão de privados e mercados, concluiu.
Outro aspecto ¡°de importância vital¡± acenado pela Santa Sé foi o impacto que o acesso à água tem sobre a alimentação. Foi calculado que, para o ano 2050, o melhoramento da qualidade de vida, bem como o aumento da população mundial, comportarão um incremento de 60% da exigência de alimento.
¡°Dada a já enorme quantidade de água destinada à produção de alimento, alcançar a atual exigência de água de modo ecossustentável tornou-se um objetivo fundamental cuja concretização deve ser alcançada sem mais tardar¡±, advertiu o prelado.
Além disso, nos próximos anos o aumento da quantidade de água necessária para o setor agrícola será acompanhado de um aumento do consumo de água devido a um desenvolvimento acelerado da urbanização.
Em 2050, 66% da população mundial residirá nas cidades
Especificamente, se não forem tomadas medidas necessárias para modificar as atuais tendências de despovoamento rural, em torno do ano 2050, 66% da população mundial residirá nas cidades. Essa mudança demográfica ameaça colocar sob pressão situações já complexas e de difíceis soluções na gestão dos recursos hídricos.
A Santa Sé ¡°tem trabalhado a fim de que o acesso à água potável e segura seja reconhecido como um direito humano basilar, fundamental e universal¡± e seja aplicado no modo mais extensivo possível, destacou ele.
Solidariedade internacional não deve cessar
A Santa Sé ressalta com insistência que a solidariedade internacional não deve cessar e que são necessárias ¡°novas formas de cooperação, que estimulam os países a se ajudar reciprocamente, fazendo intercâmbio de informações, pessoal técnico e de estratégias específicas¡±, ¡°a fim de que ninguém fique para trás¡±.
Se a solidariedade internacional não crescer, aumentarão a indiferença, o isolamento ou a atenção única aos problemas internos, advertiu, por fim, Mons. Chica Arellano.
(L'Osservatore Romano)
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