ÃÛÌÒ½»ÓÑ

Atualmente, o setor agropecuário cobre 70% do consumo de água Atualmente, o setor agropecuário cobre 70% do consumo de água 

Santa Sé: acesso à água potável seja direito humano basilar e universal

A Santa Sé “tem trabalhado a fim de que o acesso à água potável e segura seja reconhecido como um direito humano basilar, fundamental e universal†e seja aplicado no modo mais extensivo possível, destacou Mons. Chica Arellano no Dia de estudo em Madri (13/12) sobre o tema "Ãgua, agricultura, alimentação".

Cidade do Vaticano

A Santa Sé lançou um apelo à responsabilidade a “todos os atores que se ocupam do fornecimento dos recursos hídricosâ€. O apelo foi feito por ocasião do encontro realizado na quinta-feira (13/12) na Universidade Politécnica de Madri, na Espanha, intitulado “Água, agricultura, alimentação: construamos o amanhãâ€, organizado pela escola superior técnica de agronomia sobre a alimentação e os biossistemas.

Água e necessidades primárias do ser humano

A fim de que isso ocorra, é preciso, quer um processo de descentralização das responsabilidades, quer uma simultânea transferência dos recursos e das capacidades aos responsáveis políticos locais, explicou o observador permanente da Santa Sé junto à FAO (Organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura), IFAD (Fundo internacional para o desenvolvimento agrícola) e o PAM (Programa Alimentar Mundial), Mons. Fernando Chica Arellano.

Evitar ineficiências, perdas ou desperdício

Ademais, é preciso elaborar “um corpo normativo claro e definitivo, que estabeleça as várias responsabilidades e evite ineficiências, perdas ou o desperdícioâ€, disse o representante vaticano.

Para garantir soluções realmente sustentáveis, é também necessário favorecer esta nova abordagem “de modo vigoroso, considerando as exigências específicasâ€, continuou.

Efetivamente, toda comunidade “tem seu problema, com incidentes que podem variar da falta de água relacionada às mudanças climáticas, à má gestão ou à excessiva liberalização do serviço hídrico. Não existe uma solução que possa ser igualmente válida ou unânime em todos os casosâ€, especificou.

Água, bem social e cultural, não um bem econômico

Em seu discurso, o prelado espanhol concentrou-se em seguida sobre o tema do direito ao acesso à água, que se baseia numa realidade complexa: de um lado, de fato, existe “uma ligação direta e imediata entre o acesso à água e as necessidades primárias de todo ser humanoâ€, de outro, “se está dando também uma importância comercial, econômica e política a tal recurso naturalâ€.

Ambos os aspectos são significativos, mas “o aspecto econômico deve ser certamente subordinado aos aspectos sociais e individuais†e “a água deve ser considerada um bem social e cultural, e não fundamentalmente como um bem econômicoâ€, ressaltou o observador permanente da Santa Sé.

Água não pode ser privatizada ou comercializada

A água não é um mero recurso e não se pode privatizá-la, comercializá-la ou deixá-la à total gestão de privados e mercados, concluiu.

Outro aspecto “de importância vital†acenado pela Santa Sé foi o impacto que o acesso à água tem sobre a alimentação. Foi calculado que, para o ano 2050, o melhoramento da qualidade de vida, bem como o aumento da população mundial, comportarão um incremento de 60% da exigência de alimento.

“[Atualmente, o setor agrícola cobre 70% do consumo de água, especialmente no campo da criação intensiva; é, portanto, urgente e imprescindível uma intervenção decisiva e determinada para impedir que a situação se torne insustentável num futuro próximo.]â€

“Dada a já enorme quantidade de água destinada à produção de alimento, alcançar a atual exigência de água de modo ecossustentável tornou-se um objetivo fundamental cuja concretização deve ser alcançada sem mais tardarâ€, advertiu o prelado.

Além disso, nos próximos anos o aumento da quantidade de água necessária para o setor agrícola será acompanhado de um aumento do consumo de água devido a um desenvolvimento acelerado da urbanização.

Em 2050, 66% da população mundial residirá nas cidades

Especificamente, se não forem tomadas medidas necessárias para modificar as atuais tendências de despovoamento rural, em torno do ano 2050, 66% da população mundial residirá nas cidades. Essa mudança demográfica ameaça colocar sob pressão situações já complexas e de difíceis soluções na gestão dos recursos hídricos.

A Santa Sé “tem trabalhado a fim de que o acesso à água potável e segura seja reconhecido como um direito humano basilar, fundamental e universal†e seja aplicado no modo mais extensivo possível, destacou ele.

Solidariedade internacional não deve cessar

A Santa Sé ressalta com insistência que a solidariedade internacional não deve cessar e que são necessárias “novas formas de cooperação, que estimulam os países a se ajudar reciprocamente, fazendo intercâmbio de informações, pessoal técnico e de estratégias específicasâ€, “a fim de que ninguém fique para trásâ€.

Se a solidariedade internacional não crescer, aumentarão a indiferença, o isolamento ou a atenção única aos problemas internos, advertiu, por fim, Mons. Chica Arellano.

(L'Osservatore Romano)

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp

14 dezembro 2018, 10:59