ÃÛÌÒ½»ÓÑ

Busca

Emirados ?rabes Unidos, assinatura do Papa Francisco no Encontro Inter-religioso Emirados ?rabes Unidos, assinatura do Papa Francisco no Encontro Inter-religioso 

Te¨®loga Houshmand: Documento, resultado de coragem e sabedoria

Papa Francisco e o imame Al-Tayyib s?o ¡°mestres para todos os povos que poder?o se olhar nos olhos, sabendo que podem se chamar irm?os¡±: s?o palavras da te¨®loga professora Shahrzad Houshmand Zadeh em uma entrevista ao Pope

Cidade do Vaticano

Shahrzad Houshmand Zadeh teóloga muçulmana, professora na Faculdade de Estudos Orientais da Universidade La Sapienza de Roma e na Pontifícia Universidade Gregoriana, considera a assinatura da Declaração conjunta entre a Igreja Católica e a Universidade de Al Azhar na presença do Papa Francisco e do Grande Imame Al-Tayyib, uma importante etapa alcançada para o diálogo inter-religioso. Uma etapa muito almejada pelo Papa Francisco.

Ouça e compartilhe

Houshmand: É uma etapa particular porque, como sabemos, foi a primeira vez que um Papa da Igreja Católica foi a uma terra da Arábia, no centro, e no coração do Islã. Neste sentido creio que tenha sido realmente uma viagem histórica, com êxito positivo porque quando os dois líderes das religiões ¨C o grande xeque Ahmad Al-Tayyib, que é um grande representante do mundo islâmico, podemos dizer a figura mais importante, sobretudo para os sunitas, e o bispo de Roma, que representa uma parte da humanidade ¨C se abraçam, e se olham e se chamam de irmãos, tornam-se mestres para todos os povos que poderão se olhar nos olhos, sabendo que podem se chamar irmãos. E nesta viagem aos Emirados Árabes, acredito que o aspecto mais importante da sua mensagem seja:

¡°[Tiremos a máscara de inimigo que colocamos no outro, porque o outro, de qualquer modo, é um ser humano, com a mesma dignidade e é imagem de Deus]¡±

Também vemos na ¡°Laudato si¡± como vê em cada criatura, não apenas na humana, um sinal de Deus, um rosto de Deus. E então, com mais certeza no rosto humano se deveria ver o sinal de Deus. E ele quis fazer exatamente isso:

¡°[ Tirar da indústria da guerra a ideologia da criação do inimigo, que hoje infelizmente é o muçulmano. Esta é uma passagem de extrema coragem e também de uma inteligência incrivelmente sábia.]¡±

O Papa usou palavras fortes: ¡°Devemos desmilitarizar o coração do homem¡±, e referiu-se a conflitos como o do Iêmen, da Síria, do Iraque e da Líbia e tocando também um tema diplomaticamente delicado, pelo fato dos Emirados Árabes Unidos fazerem parte de uma coalizão que esta combatendo no Iêmen¡­

Houshmand: Ele não teve medo de dizer nada e colocar no lugar certo todos os nomes. De fato, tocou um assunto muito delicado porém, como é próprio dele mesmo: um revolucionário, que agita; vai em todos os lugares, não tem medo de nada e de ninguém: antes de uma sua viagem a um país africano tinha sido avisado que seria uma viagem muito perigosa. Ele não teve medo. Fez a viagem ¨C e fez com que o imame local subisse no papamóvel para saudar a multidão ¨C no momento crucial da criação do outro como o rosto do terror, do inimigo. E aqui também não teve medo da dar voz aos povos que estão sob as bombas e vivem entre ruínas da destruição. Pede a todos os homens, e ali também aos muçulmanos e a todos os outros homens que estão ouvindo, que a guerra é a palavra mais feia que possa existir. Assim como não teve medo, entrando na ONU, primeiro com seu comportamento paterno, citando todos os bens que as Nações Unidas tinham criado: os direitos da infância, o direito ao estudo, o direito à casa e ao trabalho¡­e depois no final do discurso disse:

¡°[Porém, devemos nos recordar que quando confirmamos o direito à guerra, já abolimos qualquer outro direito com o qual tínhamos alcançado um bom êxito]¡±

Aqui também: o Papa vai e diz a sua palavra, aperta a mão da fraternidade, olha no rosto do outro cheio de amor: não finge, nunca. Porque para ele não existe inimigo. Se ele é seguidor de São Francisco de Assis, e também, de um Jesus que até mesmo ¨C a teologia cristã explica ¨C é o próprio Deus que se encarna na forma humana para amar a todos, para aquele Jesus, não existe inimigo ou inimiga: ele se oferece a todos. Então, seguindo seu próprio Jesus ele não tem medo de encarar ninguém, com amor mas também, onde deve corrigir, diz a sua palavra porque fazendo isso também somos irmãos, mas devemos nos recordar que as armas não podem ser a lógica que guia a humanidade. E vejamos, há muitos povos que sofrem gravemente e se não somos indiferentes, devemos ter o coração de paz e de compaixão para todos os seres humanos.

 

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp

05 fevereiro 2019, 10:55