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Purgat¨®rio: brasileiras relatam experi¨ºncia no campo incendiado em Lesbos

Um inc¨ºndio devastou o campo de Moria, que acolhia cerca de 13 mil pessoas que j¨¢ vivam prec¨¢rias condi??es de sa¨²de e alimenta??o. No m¨ºs passado, dois grupos de scalabrinianas conheceram de perto a situa??o e relatam seus momentos mais marcantes.

Bianca Fraccalvieri ¨C Pope

A situação já era desesperadora antes, agora é impossível imaginar como estão: este é o depoimento da Irmã Clarice Barp, scalabriniana, que no mês de agosto viveu uma experiência missionária no campo de refugiados que na quarta-feira (09/09) pegou fogo em Moria, na ilha grega de Lesbos.

Criado para abrigar pouco mais de duas mil pessoas, até ontem contava cerca de 13 mil requerentes de asilo. Agora o campo foi evacuado e os migrantes estão a espera de serem transferidos.

Irmã Clarice declara-se chocada com as imagens:

¡°É chocante ver as imagens do campo de Moria, em Lesbos, onde nós missionárias scalabrinianas, juntamente com a comunidade de Santo Egídio, estivemos no mês de agosto conhecendo, convivendo e aprendendo junto aos refugiados.É grande a dor e a tristeza de ver arder o campo. São nossos amigos e conhecidos que não mais de 15 dias estávamos com eles, compartilhando o nosso tempo na escola da paz, na escola de inglês. Almoçamos e jantamos juntos, brincamos com as crianças e rezamos com eles. Agora o incêndio destriu tudo o que eles tinham ¨C e já tinham pouco. Mas era um pequeno telhado, onde se protegiam do sol, da chuva, do frio.¡±

Ir. Clarice relata que no dia 30 de agosto, último dia que estiveram no campo, jantaram com os voluntários e naquela ocasião houve um incêndio. Um jovem explicou que eram comuns episódios do gênero por parte de grupos que não querem a presença dos refugiados na ilha.

¡°A insegurança, a instabilidade, a violência e a precariedade predominam no campo¡±, afirma ainda a missionária. Porém, ¡°mais triste e dolorido é ver a indiferença da União Europeia em resolver a situação¡±.

A maioria dos migrantes é constituída por afegãos, iraquianos e sírios que fugiram da guerra e ¡°na Europa são recebidos desta forma: encerrados num campo com todo tipo de limitação e escassez de recursos tão básicos, como a água, a comida, a saúde, a educação¡±.

¡°É necessário e urgente uma solução humana e digna para essas pessoas.¡±

Outra missionária que esteve presente em Moria é a Irmã Marlene Vieira, que descreveu um cenário desolador antes mesmo do incêndio, um verdadeiro purgatório onde é difícil imaginar o futuro. Entre lixo, fezes e ratos, os jovens ¨C 40% dos moradores do campo ¨C lutam contra o ócio.

Já a Ir. Rosa Zanchin relata uma das experiências que mais a impressionou: a montanha de pertences abandonados que os migrantes utilizaram na travessia. Ouça aqui o depoimento das três missionárias: 

Ouça a reportagem completa

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10 setembro 2020, 11:25