Maior campo de refugiados na Gr¨¦cia em chamas: milhares de pessoas em fuga
Giancarlo La Vella, Andressa Collet ¨C Pope
O maior campo de refugiados da Europa, aquele de Moria, na ilha grega de Lesbos, foi praticamente devastado nesta quarta-feira (9) por uma série de incêndios. As chamas destruíram a estrutura, que abriga 12.700 requerentes de asilo: a maioria deles são migrantes afegãos, mas também há iraquianos, iranianos, sírios, iemenitas e norte-africanos.
Com a situação já precária em que vivem os refugiados, estão em pleno lockdown ¨C depois que um residente da Somália testou positivo para a Covid-19 nesta semana ¨C, e agora o incêndio que acaba evidenciando sérias questões à União Europeia sobre a realocação dos migrantes. Milhares deles, incluindo mulheres e crianças, foram agora forçados a fugir para evitar as chamas, apesar da intervenção imediata dos bombeiros no solo e de helicópteros do alto para controlar o incêndio.
UE: cuidaremos da transferência dos menores
A União Europeia está pronta para cuidar da transferência e do acolhimento de menores desacompanhados que vivem no acampamento de Moria. A declaração é da comissária europeia para as Relações Internas, Ylva Johansson, que acrescentou através de um tuíte: "concordei em financiar a transferência imediata e a acomodação de cerca de 400 crianças e adolescentes desacompanhados. A segurança e o abrigo de todas as pessoas em Moria são prioridade". Ela também expressou proximidade e solidariedade com o povo de Lesbos e, em particular, com os migrantes e os voluntários que trabalham no acampamento de Moria. Os contatos com as autoridades gregas são constantes, a fim de monitorar a situação de hora em hora.
Apelo para que Europa acolha todos os refugiados de Moria
A Comunidade de Sant'Egidio faz um apelo por um ¡°ato de responsabilidade coletiva¡± para que todos os países da União Europeia acolham com urgência os refugiados de Moria que perderam tudo com o incêndio. Trata-se de requerentes de asilo que vivem em condições extremamente precárias há meses, alguns durante anos, após terem feito longas e arriscadas viagens para fugir de guerras ou situações insustentáveis. A maioria deles são famílias, cerca de 13 mil pessoas, dos quais, 40% são menores.
A comunidade católica que, durante o verão europeu esteve presente no campo com voluntários para levar um período de ¡°férias alternativas¡± aos refugiados, pede a transferência urgente de quem vive em Moria. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (9), a solicitação para que sejam direcionados a campos equipados, que forneçam serviços, a fim de evitar mais dramas de desespero. Além disso, o pedido para que as associações que atuam na ilha tenham livre acesso para levar ajuda imediata aos refugiados.
O Papa em Moria, em 2016
Era 16 de abril de 2016 quando o Papa Francisco visitou os migrantes da ilha grega de Lesbos, no Mar Egeu, junto com o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, e o arcebispo de Atenas e toda a Grécia, Ieronymos. No decorrer desses anos, o Pontífice recordou várias vezes aquele encontro comovente.
"Não quero esquecer a ilha de Lesbos, os muitos sofrimentos de migrantes e refugiados, muitos deles, crianças", disse Francisco na última Páscoa. "Não percam a esperança", foi a mensagem que o Papa quis deixar aos migrantes de Lesbos, antes de retornar à Itália trazendo consigo, de surpresa, 3 famílias de requerentes de asilo.
O Papa foi a Moria para ouvir as histórias dramáticas dos migrantes e para exortar a comunidade internacional a dar uma resposta adequada, de forma "digna", enalteceu Francisco, à essa crise. Um apelo que ainda hoje é cada vez mais atual devido ao incêndio que corre o risco de tornar o acampamento inabitável.
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