Artigo Mons. Andr¨¦ Sampaio: nu?cleo profundo do Miste?rio da Igreja
Rio de Janeiro
E? muito importante compreender que a Igreja e? um miste?rio de comunha?o. A comunha?o e? precisamente a grande tarefa que Sa?o Joa?o Paulo II indicou, sem du?vida de maneira profe?tica, para a Igreja de nosso tempo: ¡°Fazer da Igreja a casa e a escola da comunha?o: este e? o grande desafio que temos diante de no?s no mile?nio que comec?a, se queremos ser fie?is ao desi?gnio de Deus e responder tambe?m a?s profundas esperanc?as do mundo¡±(1)
Na?o devemos nos esquecer, pore?m, que a Igreja pode ser vista ¨C e estudada ¨C de diversas dimenso?es. Isto ja? comporta um esforc?o: na?o devemos confundi-las com sua definic?a?o, como se quise?ssemos englobar em um u?nico termo todos os seus aspectos a? forc?a. Recordemos que a Igreja e? acima de tudo miste?rio e podemos conhece?-la por analogias, que sempre representam uma realidade de forma parcial e na?o em sua totalidade. Por isto, e? importante ter claro que a comunha?o e? um dos modelos possi?veis e que na?o devemos esquecer de enquadra?-lo dentro de toda a doutrina cato?lica sobre a Igreja para interpreta?-lo corretamente, sem pretender reduzir a esta palavra tudo o que pode se dizer da Igreja. Ao longo da histo?ria, a Eclesiologia (isto e?, a parte da teologia que estuda a pro?pria Igreja) percorreu diversas imagens ou conceitos para expressar o miste?rio da Igreja segundo foi tornando mais adequado ou possi?vel dentro da cultura e condic?o?es dos tempos. Em nossos dias, o conceito em que mais insiste o magiste?rio universal e? o da Igreja como comunha?o.
Conceito de comunha?o
Como ja? foi manifesto nos textos do Conci?lio Vaticano II (2) e na Carta da Congregac?a?o para a Doutrina da Fe? (3) o conceito de comunha?o (koinoni?a), e? muito adequado para exprimir o nu?cleo profundo do Miste?rio da Igreja e pode ser, certamente, a chave de leitura para uma renovada Eclesiologia Cato?lica (4). O aprofundamento da realidade da Igreja como Comunha?o e?, na verdade, uma tarefa particularmente importante, que oferece amplo espac?o para a reflexa?o teolo?gica sobre o miste?rio da Igreja, "cuja natureza admite sempre novas e mais profundas pesquisas"(5). Algumas viso?es eclesiolo?gicas, pore?m, apresentam uma insuficiente compreensa?o da Igreja enquanto miste?rio de comunha?o, especialmente pela falta de uma adequada integrac?a?o do conceito de comunha?o com os de Povo de Deus e de Corpo de Cristo, e tambe?m por um insuficiente relevo dado a? relac?a?o entre a Igreja como comunha?o e a Igreja como sacramento.
O conceito de comunha?o esta? "no corac?a?o da autoconscie?ncia da Igreja"(6), enquanto Miste?rio da unia?o pessoal de cada homem com a Trindade divina e com os outros homens, iniciada na fe?(7), e orientada para a plenitude escatolo?gica na Igreja celeste, embora sendo ja? desde o ini?cio uma realidade na Igreja sobre a terra(8).
Para que o conceito de comunha?o, que na?o e? uni?voco, possa servir como chave interpretativa da Eclesiologia, deve ser entendido no contexto dos ensinamentos bi?blicos e da tradic?a?o patri?stica, nos quais a comunha?o implica sempre uma dupla dimensa?o: vertical (comunha?o com Deus) e horizontal (comunha?o entre os homens). E? essencial a? visa?o cristã da comunha?o reconhece?-la, antes do mais, como dom de Deus, como fruto da iniciativa divina cumprida no miste?rio pascal. A nova relac?a?o entre o homem e Deus, estabelecida em Cristo e comunicada nos sacramentos, expande-se ainda a uma nova relac?a?o dos homens entre si. Consequentemente, o conceito de comunha?o deve ser tambe?m capaz de exprimir a natureza sacramental da Igreja enquanto estamos "longe do Senhor"(9), assim como a peculiar unidade que faz dos fie?is os membros de um mesmo Corpo, o Corpo mi?stico de Cristo(10), uma comunidade organicamente estruturada(11), "um povo congregado na unidade do Pai, do Filho e do Espi?rito Santo"(12), e dotado ainda com os meios adequados a? unia?o visi?vel e social(13).
Comunha?o eclesial
A comunha?o eclesial e? participac?a?o no amor trinita?rio que, por meio da Igreja, se derrama pelo mundo atraindo-nos a? unia?o com Deus e com os demais. E? fundamentalmente a ¡°comunha?o dos santos¡± em virtude do Espi?rito Santo (14); e? ¡°comunha?o de vida, de caridade e de verdade¡± institui?da por Cristo para ser instrumento de redenc?a?o universal e estender-se por todo o mundo sendo nele luz e sal (15); e? fraternidade n¡¯Ele que nos faz parti?cipes da vida divina como filhos adotivos do Pai conforme a seu desi?gnio, antecipac?a?o e ini?cio da congregac?a?o eterna ¡°em uma Igreja universal na casa do Pai¡±(16).
Por isto, a comunha?o e? edificada com a doac?a?o reci?proca, consciente e livre dos fieis por caridade crista? fundada na fe? de que nos pertencemos uns a outros em Cristo (17). O Papa Francisco convidou, desde o ini?cio de seu pontificado, a todos os homens a cuidarem uns dos outros, como irma?os em humanidade, e muito mais aos crista?os, a abrir-nos ao Espi?rito Santo da unidade e da diversidade, ao Espi?rito da harmonia (18). ¡°Todos os filhos de Deus e membros de uma mesma fami?lia em Cristo, ao unir-nos no amor mu?tuo e no mesmo louvor a? Santi?ssima Trindade, estamos respondendo a? i?ntima vocac?a?o da Igreja¡± (19).
Seria um erro limitar a comunha?o eclesial a? complementariedade visi?vel entre os estados de vida na Igreja, a? colaborac?a?o pra?tica em algumas tarefas ou a? distribuic?a?o operativa de tarefas; isto seria reduzi-la a uma dimensa?o superficial, externa, organizativa, pragma?tica e materialista, que definitivamente na?o compromete nossas pessoas, mas no ma?ximo a exterioridade de nosso atuar em algumas ocasio?es. Pore?m, seria na?o menos erro?neo limita?-la a um sentimento interior, a um pressuposto intelectual ou a uma asseverac?a?o fidei?sta, pois isso seria reduzi-la a uma dimensa?o espiritualista e definitivamente individualista, que tampouco chega a questionar nossa vida nem a fazer-nos crescer. Do mesmo modo, seria equivocado identificar a comunha?o com a companhia, com a massificac?a?o, com a comunicac?a?o, com a convive?ncia ou com a empatia e a amizade; em tal caso, adotari?amos uma visa?o horizontalista e naturalista da vida eclesial. Tambe?m seria errado confundir a comunha?o com as relac?o?es indiferenciadas para os demais, fora de raza?o e medida e de conscie?ncia das identidades pro?pria e alheia; isto seria basicamente incorrer em espontaneidade e infantilismo. Por u?ltimo, seria igualmente equivocado interpretar a comunha?o como imposic?a?o da uniformidade, simples submissa?o a? autoridade ou silenciamento das minorias; porque equivaleria a reduzir a fe? a? ideologia e a vida eclesial a um sistema de poder. De fato, e? um erro afirmar que o acento na imagem doutrinal, hiera?rquica e existencial da Igreja no processo de institucionalizac?a?o e clericalizac?a?o, esvaziou-a do seu sentido comunita?rio. Quando se colocam em primeiro plano os aspectos institucionais da Igreja, facilmente se romperia o equili?brio entre as estruturas hiera?rquicas e comunita?rias, entre a lei da autoridade e a da vida, entre a instituic?a?o e o carisma da Igreja. Tudo isso na?o nos conduz de fato a verdadeira comunha?o.
Cada e? inserido na Igreja
Cada fiel, mediante a fe? e o Batismo, e? inserido na Igreja Una, Santa, Cato?lica e Aposto?lica. Na?o se pertence a? Igreja universal de modo mediato, atrave?s da pertenc?a a uma Igreja particular, mas de modo imediato, ainda que o ingresso e a vida na Igreja universal se realizem necessariamente em uma Igreja particular. Na perspectiva da Igreja entendida como comunha?o, a universal comunha?o dos fieis e a comunha?o das Igrejas na?o sa?o, pois, conseque?ncia uma da outra, mas constituem a mesma realidade encarada de perspectivas diversas.
Cada comunidade eucari?stica esta? em presenc?a de Cristo em sua totalidade. Isto exige que uma comunidade na?o se contraponha, em nome de um Cristo «seu», a?s demais, porque so? ha? um Cristo. Deste modo se compreende a importa?ncia de que todas as Igrejas sejam uma Igreja u?nica, porque Cristo e? u?nico. Me parece que, desde um primeiro momento, a constituic?a?o mesma da Igreja esta? feita desta unidade e multiplicidade. Como pode ver-se, a comunha?o na Igreja e? um ato teolo?gico, na?o sociolo?gico. Quem transforma o conceito de comunha?o em um conceito meramente sociolo?gico comete um erro.
Ale?m disso, a pertenc?a a uma Igreja particular nunca esta? em contradic?a?o com a realidade de que na Igreja ningue?m e? estrangeiro (20): especialmente na celebrac?a?o da Eucaristia, cada um dos fieis se encontra na sua Igreja, na Igreja de Cristo, prescindindo da sua pertenc?a, sob o ponto de vista canônico, a? diocese, paro?quia ou outra comunidade particular onde tem lugar essa celebrac?a?o. Neste sentido, permanecendo firmes às necessa?rias determinac?o?es de depende?ncia juri?dica(21), quem pertence a uma Igreja particular, pertence a todas as Igreja; ja? que a pertenc?a a? Comunha?o, como pertenc?a a? Igreja, nunca e? somente particular, mas, pela sua pro?pria natureza, e? sempre universal(22).
A unidade ou comunha?o entre as Igrejas particulares na Igreja universal, esta? radicada, afora a mesma fe? e o Baptismo comum, sobretudo na Eucaristia e no Episcopado. Sim, ela esta? radicada na Eucaristia, porque o sacrifi?cio eucari?stico, embora se celebre sempre numa comunidade particular, nunca e? apenas uma celebrac?ão dessa comunidade: esta, de fato, recebendo a presenc?a eucari?stica do Senhor, recebe o dom integral da salvac?ão e manifesta-se assim, apesar da sua constante particularidade visi?vel, como imagem e verdadeira presenc?a da Igreja Una, Santa, Cato?lica e Aposto?lica(23).
Indivisibilidade do Corpo eucari?stico
Efetivamente, a unidade e a indivisibilidade do Corpo eucari?stico do Senhor implicam a unicidade do seu Corpo mi?stico, que e? a Igreja una e indivisi?vel. Do centro eucari?stico surge a necessa?ria abertura de cada comunidade celebrante, de cada Igreja particular: ao deixar-se atrair pelos brac?os abertos do Senhor consegue-se a inserc?a?o no Seu Corpo, u?nico e indiviso. Ate? por isto, a existe?ncia do ministe?rio Petrino, fundamento da unidade do Episcopado e da Igreja universal, esta? em corresponde?ncia profunda com a i?ndole eucari?stica da Igreja.
Cabe ressaltar aqui, que unidade da Igreja esta? tambe?m radicada na unidade do Episcopado(24). Do mesmo modo que a pro?pria ideia de Corpo das Igrejas demanda a existe?ncia de uma Igreja Cabec?a das Igrejas, que e? precisamente a Igreja de Roma, a qual "preside a? comunha?o universal da caridade"(25), assim tambe?m a unidade do Episcopado comporta a existe?ncia de um Bispo Cabec?a do Corpo ou Cole?gio dos Bispos, que e? o Romano Ponti?fice(26). Da unidade do Episcopado, como da unidade de toda a Igreja, "o Romano Ponti?fice, enquanto sucessor de Pedro, e? perpe?tuo e visi?vel princi?pio e fundamento"(27). Esta unidade do Episcopado perpetua-se ao longo dos se?culos mediante a sucessa?o aposto?lica e e? tambe?m fundamento da pro?pria identidade da Igreja de todos os tempos com a Igreja edificada por Cristo sobre Pedro e os outros Apo?stolos(28).
O Bispo e? princi?pio e fundamento visi?vel da unidade na Igreja particular confiada ao seu ministe?rio pastoral(29), mas para que cada Igreja particular seja plenamente Igreja, isto e?, presenc?a particular da Igreja universal com todos os seus elementos essenciais, constitui?da, portanto, a? imagem da Igreja universal, nela deve estar presente, como elemento pro?prio, a suprema autoridade da Igreja: o Cole?gio episcopal "juntamente com a sua Cabec?a, o Romano Ponti?fice, e nunca sem ele"(30). O Primado do Bispo de Roma e o Cole?gio episcopal sa?o elementos pro?prios da Igreja universal "na?o derivados da particularidade das Igrejas"(31), mas interiores a cada Igreja particular. Portanto, "devemos ver o ministe?rio do sucessor de Pedro, na?o so? como um servic?o 'global' que atinge cada Igreja particular do 'exterior', mas como ja? pertencente a cada Igreja particular a partir 'de dentro'"(32). De fato, o ministe?rio do Primado comporta essencialmente uma potestade verdadeiramente episcopal, na?o so? suprema, plena e universal, mas tambe?m imediata, sobre todos, quer sejam Pastores ou outros fie?is(33). O facto do ministe?rio do Sucessor de Pedro ser interior a cada Igreja particular e? expressa?o necessa?ria dessa fundamental mu?tua interioridade entre Igreja universal e Igreja particular(34).
Unidade da Eucaristia e unidade do Episcopado
Unidade da Eucaristia e unidade do Episcopado com Pedro e sob Pedro na?o sa?o rai?zes independentes da unidade da Igreja, porque Cristo instituiu a Eucaristia e o Episcopado como realidades essencialmente vinculadas(35). O Episcopado e? um so? assim como uma so? e? a Eucaristia: o u?nico Sacrifi?cio do u?nico Cristo morto e ressuscitado. A liturgia exprime de diversos modos esta realidade, manifestando, por exemplo, que cada celebrac?a?o da Eucaristia e? feita em unia?o na?o so? com o pro?prio Bispo, mas tambe?m com o Papa, com a ordem episcopal, com todo o clero e com todo o povo(36). Toda celebrac?a?o va?lida da Eucaristia exprime esta comunha?o universal com Pedro e com toda a Igreja ou, como no caso das Igrejas cristãs separadas de Roma, assim a reclama objetivamente(37).
"A universalidade da Igreja, por um lado, comporta a mais so?lida unidade e, por outro, uma pluralidade e uma diversificac?a?o, que na?o obstaculizam a unidade, mas lhe conferem o cara?cter de 'comunha?o'"(38). Esta pluralidade refere-se quer a? diversidade de ministe?rios, de carismas, de formas de vida e de apostolado no interior de cada Igreja particular, quer a? diversidade de tradic?o?es litu?rgicas e culturais entre as diversas Igrejas particulares(39).
Observemos as Igrejas Cato?licas de Rito Oriental. A Igreja cato?lica sempre apreciou e respeitou as instituic?o?es, os ritos litu?rgicos, as tradic?o?es eclesia?sticas e a disciplina crista? das Igrejas Orientais. Com efeito, ilustres em raza?o da sua veneranda antiguidade, nelas brilha aquela tradic?a?o que vem dos Apo?stolos atrave?s dos Padres e que? constitui parte do patrimo?nio divinamente revelado e indiviso da Igreja universal.
Uma diversidade de ritos na unidade da Igreja, Corpo mi?stico de Cristo, que consta de fieis que se unem organicamente no Espi?rito Santo pela mesma fe?, pelos mesmos sacramentos e pelo mesmo regime. Juntando-se em va?rios grupos unidos pela Hierarquia, constituem as igrejas particulares ou os ritos. Entre elas vigora admira?vel comunha?o, de tal forma que a variedade na Igreja, longe de prejudicar-lhe a unidade, antes a manifesta. Pois esta e? a intenc?a?o da Igreja cato?lica: que permanec?am salvas e i?ntegras as tradic?o?es de cada igreja particular ou rito. E ela mesma quer igualmente adaptar a sua forma de vida a?s va?rias necessidades dos tempos e lugares (40).
Promoc?a?o da unidade
A promoc?a?o da unidade que na?o obstaculiza a diversidade, como tambe?m o reconhecimento e a promoc?a?o duma diversificac?a?o que na?o impede a unidade mas ate? a enriquece, sa?o tarefas primordiais do Romano Ponti?fice para toda a Igreja(42) e, salvo o direito geral da pro?pria Igreja, de cada Bispo na Igreja particular confiada ao seu ministe?rio pastoral(42). Mas a edificac?a?o e salvaguarda desta unidade, a? qual a diversificac?a?o confere o cara?cter de comunha?o, e? tambe?m tarefa de todos na Igreja, porque todos sa?o chamados a construi?-la e a respeita?-la em cada dia, sobretudo mediante a caridade que e? "o vi?nculo da perfeic?a?o"(43).
Cabe compreender que a comunha?o eclesial nas relac?o?es que se da?o entre a Santa Se? e as Igrejas locais na?o se trata so? de cultivar relac?o?es corretas entre a Cu?ria romana e as Igrejas locais, mas tambe?m e sobretudo de favorecer a unidade e a multiplicidade que e? a Igreja. As Igrejas locais devem viver suas especificidades culturais e histo?ricas integrando-as na unidade do conjunto, abrindo-se a? contribuic?a?o fecunda das demais Igrejas, de maneira que nenhum empreenda caminhos que as demais na?o reconhec?am. A Cu?ria romana, que ajuda o Santo Padre em seu servic?o a? unidade, tem a func?a?o de promover esta compenetrac?a?o entre as Igrejas locais para que as diversidades se convertam em uma realidade polifo?nica, na qual vivem unidade e multiplicidade.
Na complexidade do rosto da Igreja, e? muito importante preservar a singularidade das suas diferentes e legi?timas forc?as, as sensibilidades pastorais, as peculiaridades regionais, as memo?rias histo?ricas, as riquezas das peculiares experie?ncias eclesiais. O Pentecostes permite que todos escutem na pro?pria li?ngua. Por isso, e? importanti?ssimo procurar com perseveranc?a a comunha?o eclesial, na verdade e na caridade. Nunca se cansar de construir pontes atrave?s do dia?logo franco e fraterno, condenando assim como uma peste os projetos escondidos.
Papa Francisco pronunciou as seguintes palavras durante o discurso que dirigiu aos participantes da Jornada A comunha?o da Igreja: memo?ria e esperanc?a para o Haiti, cinco anos depois do terremoto, que recorda o terri?vel terremoto que assolou o pai?s: ¡°A comunha?o testemunha que a caridade na?o e? somente ajudar o outro, mas e? uma dimensa?o que permeia toda a vida e rompe todas as barreiras do individualismo que nos impedem de nos encontrar. A caridade e? a vida i?ntima da Igreja e se manifesta na comunha?o eclesial. Comunha?o entre os Bispos e com os Bispos, que sa?o os primeiros responsa?veis pelo servic?o de caridade. Comunha?o entre os diversos carismas e as instituic?o?es de caridade, porque nenhum de no?s trabalha por si mesmo, mas em nome de Cristo, que nos mostrou o caminho do servic?o. Seria uma contradic?a?o viver a caridade separados. Isto na?o e? caridade. A caridade e? um corpo, sempre. Vos convido por isto a reforc?ar todas as metodologias que permitem trabalhar juntos¡±.
Portanto, devemos - acima de tudo - manter a caridade; afim, de que se cumpra o desejo do nosso Divino Salvador que quer ¡°que todos sejam um¡± (Jo 17,21); isto é, que todos vivamos em comunhão e formemos um Único Corpo Místico de Cristo, Imaculado e Indivisível. Para tanto, é indispensável que sejamos impulsionados por aquele mesmo desejo de sacrifício e santidade que animou tantos santos: consagrar-se totalmente aos interesses da Igreja.
Monsenhor André Sampaio de Oliveira
Atualmente é Pároco da Paróquia pessoal de Nossa Senhora da Misericórdia (para a comunidade de língua inglesa.
Notas:
1. JOA?O PAULO II, Carta aposto?lica Novo millennio ineunte, 42.
2. Cfr. Const.Lumen gentium, nn. 4, 8, 13-15, 18, 21, 24-25; Const. Dei Verbum, n. 10; Const. Gaudium et Spes, n. 32; Decr. Unitatis redintegratio, nn. 2-4, 14-15, 17-19,
22.
3. Crf. CONGREGAC?A?O PARA A DOUTRINA DA FE?, Carta aos Bispos da Igreja
Cato?lica sobre alguns aspectos da igreja entendida como comunha?o, Roma, Sede da
Congregac?ao para a Doutrina da Fe?, 28 de Maio de 1992.
4. Cfr. SINODO DOS BISPOS, II Assembleia extraordina?ria (1985), Relatio finalis, II,
C), 1.
5. PAULO VI, Discurso de abertura do segundo peri?odo do Conc. Vaticano II, 29-IX-
1963: AAS 55 (1963) p. 848. Cfr., por exemplo, as perspectivas de aprofundamento indicadas pela COMISSA?O TEOLOGICA INTERNACIONAL, in Themata selecta de ecclesiologia, "Documenta (1969-1985)", Lib. Ed. Vaticana 1988, pp. 462-559.
6. JOA?O PAULO II, Discurso aos Bispos dos Estados Unidos da Ame?rica, 16-IX-1987, n. 1: "Insegnamenti di Giovanni Paolo II" X, 3 (1987) p. 553.
7. JOA?O PAULO II, Discurso aos Bispos dos Estados Unidos da Ame?rica, 16-IX-1987, n. 1: "Insegnamenti di Giovanni Paolo II" X, 3 (1987) p. 553.
8. 1 Jo 1, 3: "o que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos, para que vo?s tambe?m tenhais comunha?o conosco, e para que a nossa comunha?o seja com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo". Cfr. ainda 1 Cor 1, 9; JOA?O PAULO II, Ex. Ap. Christifideles laici, 30-XII-1988, n. 19; SINODO DOS BISPOS (1985), Relatio Finalis, II, C), 1.
9. Cfr. Fil 3, 20-21; Col 3, 1-4; Const. Lumen Gentium, n. 48.
10. 2 Cor 5, 6; Cfr. Const. Lumen gentium, n. 1.
11. Cfr. ibidem, n. 7; Pio XII, Enc. Mystici Corporis, 29-VI-1943: AAS 35 (1943) pp.
200ss.
12. Cfr. Lumen gentium, n. 11/a.
13. S. CIPRIANO, De Oratione Dominica, 23: PL 4, 553; cfr. Const. Lumen gentium, n.
4/b.
14. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 9/c.
15. A Igreja e? ¡°unificada em comunha?o¡± pelo Espi?rito Santo e ¡°os membros do Povo de Deus sa?o chamados a uma comunicac?a?o de bens¡± espirituais, aposto?licos e temporais: Lumen gentium, 4, 13 e conf. 50. Conf. Catecismo da Igreja Cato?lica, 949-953.
16. Ibidem, 9 e conf. 50 (¡°a comunha?o que reina em todo o Corpo mi?stico de Jesus Cristo¡±).
17. Ibidem, 2.
18. Conf. Novo millennio ineunte, 43. 1
19. Conf. FRANCISCO, Homilia de ini?cio do pontificado (19 de marc?o de 2013): ¡°a
vocac?a?o de custodiar na?o so? nos respeita a no?s, os crista?os, mas tem uma dimensa?o que antecede e que e? simplesmente humana, corresponde a todos. [...] E? custodiar as pessoas, o preocupar-se por todos, por cada um, com amor.
20. Lumen gentium, 51.
21. Cfr. Gal 3, 28.
22. Cfr., por exemplo, C.I.C., can. 107.
23. S. JOA?O CRISOSTOMO, In Ioann. hom., 65, 1 (PG 59, 361): "quem esta? em Roma
sabe que os da India sao seus membros". Cfr. Const. Lumen gentium, n. 13/b.
24. Cfr. Const. Lumen Gentium, nn. 18/b, 21/b, 22/a. Cfr. tambe?m S.CIPRIANO, De
unitate Ecclesiae, 5: PL 4, 516-517; STO. AGOSTINHO, In Ioann. Ev. Tract., 46, 5:
PL 35, 1730.
25. STO. INA?CIO DE ANTIOQUIA, Epist. ad Rom., prol.: PG 5, 685; cfr. Const.
Lumen Gentium, n. 13/c.
26. Cfr. Const. Lumen Gentium, n. 22/b.
27. Ibidem, n. 23/a. Cfr. Const. Pastor aeternus: Denz.-Scho?n. 3051-3057; S.CIPRIANO, De unitate Ecclesiae, 4: PL 4, 512-515.
28. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 20; STO. IRINEU, Adversus haereses, III, 3, 1-3: PG 7, 848- 849; S.CIPRIANO, Epist. 27, 1: PL 4, 305-306; STO. AGOSTINHO, Contra advers. legis et prophet., 1, 20, 39: PL 42, 626.
29. Cfr. Const. Lumen Gentium, n. 23/a.
30. Ibidem, n. 22/b; cfr. ainda n. 19.
31. JOA?O PAULO II, Discurso a? Cu?ria Romana, 20-XII-1990, n. 9: cit., p. 5.
32. JOA?O PAULO II, Discurso aos Bispos dos Estados Unidos da Ame?rica, 16-IX-1987,
n. 4: cit., p. 556.
33. Cfr. Const. Pastor aeternus, cap. 3: Denz-Scho?n 3064; Const. Lumen gentium, n.
22/b.
34. Cfr. supra, n. 9.
35. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 26; STO. INA?CIO DE ANTIOQUIA, Epist. ad
Philadel., 4: PG 5, 700; Epist. ad Smyrn., 8: PG 5, 713.
36. Cfr. MISSAL ROMANO, Orac?ao Eucari?stica III.
37. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 8/b.
38. JOA?O PAULO II, Discurso na Audie?ncia geral, 27-IX-1989, n. 2: "Insegnamenti di
Giovanni Paolo II" XII,2 (1989) p. 679.
39. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 23/d.
40. Cfr. Decreto. Orientalium Ecclesiarum, n 2.
41. Cfr. ibidem, n. 13/c.
42. Cfr. Decr. Christus Dominus, n. 8/a.
43. Col 3, 14. S. TOMA?S DE AQUINO, Exposit. in Symbol. Apost., a. 9: "A Igreja e? una
(...) pela unidade da caridade, porque todos estao unidos no amor de Deus, e entre eles no amor mu?tuo".
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