蜜桃交友

Rio de Janeiro

            E虂 muito importante compreender que a Igreja e虂 um miste虂rio de comunha虄o. A comunha虄o e虂 precisamente a grande tarefa que Sa虄o Joa虄o Paulo II indicou, sem du虂vida de maneira profe虂tica, para a Igreja de nosso tempo: 鈥淔azer da Igreja a casa e a escola da comunha虄o: este e虂 o grande desafio que temos diante de no虂s no mile虃nio que comec抬a, se queremos ser fie虂is ao desi虂gnio de Deus e responder tambe虂m a虁s profundas esperanc抬as do mundo鈥�(1)

            Na虄o devemos nos esquecer, pore虂m, que a Igreja pode ser vista 鈥� e estudada 鈥� de diversas dimenso虄es. Isto ja虂 comporta um esforc抬o: na虄o devemos confundi-las com sua definic抬a虄o, como se quise虂ssemos englobar em um u虂nico termo todos os seus aspectos a虁 forc抬a. Recordemos que a Igreja e虂 acima de tudo miste虂rio e podemos conhece虃-la por analogias, que sempre representam uma realidade de forma parcial e na虄o em sua totalidade. Por isto, e虂 importante ter claro que a comunha虄o e虂 um dos modelos possi虂veis e que na虄o devemos esquecer de enquadra虂-lo dentro de toda a doutrina cato虂lica sobre a Igreja para interpreta虂-lo corretamente, sem pretender reduzir a esta palavra tudo o que pode se dizer da Igreja. Ao longo da histo虂ria, a Eclesiologia (isto e虂, a parte da teologia que estuda a pro虂pria Igreja) percorreu diversas imagens ou conceitos para expressar o miste虂rio da Igreja segundo foi tornando mais adequado ou possi虂vel dentro da cultura e condic抬o虄es dos tempos. Em nossos dias, o conceito em que mais insiste o magiste虂rio universal e虂 o da Igreja como comunha虄o.

 Conceito de comunha虄o 

            Como ja虂 foi manifesto nos textos do Conci虂lio Vaticano II (2) e na Carta da Congregac抬a虄o para a Doutrina da Fe虂 (3) o conceito de comunha虄o (koinoni虂a), e虂 muito adequado para exprimir o nu虂cleo profundo do Miste虂rio da Igreja e pode ser, certamente, a chave de leitura para uma renovada Eclesiologia Cato虂lica (4). O aprofundamento da realidade da Igreja como Comunha虄o e虂, na verdade, uma tarefa particularmente importante, que oferece amplo espac抬o para a reflexa虄o teolo虂gica sobre o miste虂rio da Igreja, "cuja natureza admite sempre novas e mais profundas pesquisas"(5). Algumas viso虄es eclesiolo虂gicas, pore虂m, apresentam uma insuficiente compreensa虄o da Igreja enquanto miste虂rio de comunha虄o, especialmente pela falta de uma adequada integrac抬a虄o do conceito de comunha虄o com os de Povo de Deus e de Corpo de Cristo, e tambe虂m por um insuficiente relevo dado a虁 relac抬a虄o entre a Igreja como comunha虄o e a Igreja como sacramento.

            O conceito de comunha虄o esta虂 "no corac抬a虄o da autoconscie虃ncia da Igreja"(6), enquanto Miste虂rio da unia虄o pessoal de cada homem com a Trindade divina e com os outros homens, iniciada na fe虂(7), e orientada para a plenitude escatolo虂gica na Igreja celeste, embora sendo ja虂 desde o ini虂cio uma realidade na Igreja sobre a terra(8).

            Para que o conceito de comunha虄o, que na虄o e虂 uni虂voco, possa servir como chave interpretativa da Eclesiologia, deve ser entendido no contexto dos ensinamentos bi虂blicos e da tradic抬a虄o patri虂stica, nos quais a comunha虄o implica sempre uma dupla dimensa虄o: vertical (comunha虄o com Deus) e horizontal (comunha虄o entre os homens). E虂 essencial a虁 visa虄o cristã da comunha虄o reconhece虃-la, antes do mais, como dom de Deus, como fruto da iniciativa divina cumprida no miste虂rio pascal. A nova relac抬a虄o entre o homem e Deus, estabelecida em Cristo e comunicada nos sacramentos, expande-se ainda a uma nova relac抬a虄o dos homens entre si. Consequentemente, o conceito de comunha虄o deve ser tambe虂m capaz de exprimir a natureza sacramental da Igreja enquanto estamos "longe do Senhor"(9), assim como a peculiar unidade que faz dos fie虂is os membros de um mesmo Corpo, o Corpo mi虂stico de Cristo(10), uma comunidade organicamente estruturada(11), "um povo congregado na unidade do Pai, do Filho e do Espi虂rito Santo"(12), e dotado ainda com os meios adequados a虁 unia虄o visi虂vel e social(13).

Comunha虄o eclesial 

            A comunha虄o eclesial e虂 participac抬a虄o no amor trinita虂rio que, por meio da Igreja, se derrama pelo mundo atraindo-nos a虁 unia虄o com Deus e com os demais. E虂 fundamentalmente a 鈥渃omunha虄o dos santos鈥� em virtude do Espi虂rito Santo (14); e虂 鈥渃omunha虄o de vida, de caridade e de verdade鈥� institui虂da por Cristo para ser instrumento de redenc抬a虄o universal e estender-se por todo o mundo sendo nele luz e sal (15); e虂 fraternidade n鈥橢le que nos faz parti虂cipes da vida divina como filhos adotivos do Pai conforme a seu desi虂gnio, antecipac抬a虄o e ini虂cio da congregac抬a虄o eterna 鈥渆m uma Igreja universal na casa do Pai鈥�(16).

            Por isto, a comunha虄o e虂 edificada com a doac抬a虄o reci虂proca, consciente e livre dos fieis por caridade crista虄 fundada na fe虂 de que nos pertencemos uns a outros em Cristo (17). O Papa Francisco convidou, desde o ini虂cio de seu pontificado, a todos os homens a cuidarem uns dos outros, como irma虄os em humanidade, e muito mais aos crista虄os, a abrir-nos ao Espi虂rito Santo da unidade e da diversidade, ao Espi虂rito da harmonia (18). 鈥淭odos os filhos de Deus e membros de uma mesma fami虂lia em Cristo, ao unir-nos no amor mu虂tuo e no mesmo louvor a虁 Santi虂ssima Trindade, estamos respondendo a虁 i虂ntima vocac抬a虄o da Igreja鈥� (19).

            Seria um erro limitar a comunha虄o eclesial a虁 complementariedade visi虂vel entre os estados de vida na Igreja, a虁 colaborac抬a虄o pra虂tica em algumas tarefas ou a虁 distribuic抬a虄o operativa de tarefas; isto seria reduzi-la a uma dimensa虄o superficial, externa, organizativa, pragma虂tica e materialista, que definitivamente na虄o compromete nossas pessoas, mas no ma虂ximo a exterioridade de nosso atuar em algumas ocasio虄es. Pore虂m, seria na虄o menos erro虃neo limita虂-la a um sentimento interior, a um pressuposto intelectual ou a uma asseverac抬a虄o fidei虂sta, pois isso seria reduzi-la a uma dimensa虄o espiritualista e definitivamente individualista, que tampouco chega a questionar nossa vida nem a fazer-nos crescer. Do mesmo modo, seria equivocado identificar a comunha虄o com a companhia, com a massificac抬a虄o, com a comunicac抬a虄o, com a convive虃ncia ou com a empatia e a amizade; em tal caso, adotari虂amos uma visa虄o horizontalista e naturalista da vida eclesial. Tambe虂m seria errado confundir a comunha虄o com as relac抬o虄es indiferenciadas para os demais, fora de raza虄o e medida e de conscie虃ncia das identidades pro虂pria e alheia; isto seria basicamente incorrer em espontaneidade e infantilismo. Por u虂ltimo, seria igualmente equivocado interpretar a comunha虄o como imposic抬a虄o da uniformidade, simples submissa虄o a虁 autoridade ou silenciamento das minorias; porque equivaleria a reduzir a fe虂 a虁 ideologia e a vida eclesial a um sistema de poder. De fato, e虂 um erro afirmar que o acento na imagem doutrinal, hiera虂rquica e existencial da Igreja no processo de institucionalizac抬a虄o e clericalizac抬a虄o, esvaziou-a do seu sentido comunita虂rio. Quando se colocam em primeiro plano os aspectos institucionais da Igreja, facilmente se romperia o equili虂brio entre as estruturas hiera虂rquicas e comunita虂rias, entre a lei da autoridade e a da vida, entre a instituic抬a虄o e o carisma da Igreja. Tudo isso na虄o nos conduz de fato a verdadeira comunha虄o.

Cada e虂 inserido na Igreja 

            Cada fiel, mediante a fe虂 e o Batismo, e虂 inserido na Igreja Una, Santa, Cato虂lica e Aposto虂lica. Na虄o se pertence a虁 Igreja universal de modo mediato, atrave虂s da pertenc抬a a uma Igreja particular, mas de modo imediato, ainda que o ingresso e a vida na Igreja universal se realizem necessariamente em uma Igreja particular. Na perspectiva da Igreja entendida como comunha虄o, a universal comunha虄o dos fieis e a comunha虄o das Igrejas na虄o sa虄o, pois, conseque虃ncia uma da outra, mas constituem a mesma realidade encarada de perspectivas diversas.

            Cada comunidade eucari虂stica esta虂 em presenc抬a de Cristo em sua totalidade. Isto exige que uma comunidade na虄o se contraponha, em nome de um Cristo «seu», a虁s demais, porque so虂 ha虂 um Cristo. Deste modo se compreende a importa虃ncia de que todas as Igrejas sejam uma Igreja u虂nica, porque Cristo e虂 u虂nico. Me parece que, desde um primeiro momento, a constituic抬a虄o mesma da Igreja esta虂 feita desta unidade e multiplicidade. Como pode ver-se, a comunha虄o na Igreja e虂 um ato teolo虂gico, na虄o sociolo虂gico. Quem transforma o conceito de comunha虄o em um conceito meramente sociolo虂gico comete um erro.

            Ale虂m disso, a pertenc抬a a uma Igreja particular nunca esta虂 em contradic抬a虄o com a realidade de que na Igreja ningue虂m e虂 estrangeiro (20): especialmente na celebrac抬a虄o da Eucaristia, cada um dos fieis se encontra na sua Igreja, na Igreja de Cristo, prescindindo da sua pertenc抬a, sob o ponto de vista canônico, a虁 diocese, paro虂quia ou outra comunidade particular onde tem lugar essa celebrac抬a虄o. Neste sentido, permanecendo firmes às necessa虂rias determinac抬o虄es de depende虃ncia juri虂dica(21), quem pertence a uma Igreja particular, pertence a todas as Igreja; ja虂 que a pertenc抬a a虁 Comunha虄o, como pertenc抬a a虁 Igreja, nunca e虂 somente particular, mas, pela sua pro虂pria natureza, e虂 sempre universal(22).

            A unidade ou comunha虄o entre as Igrejas particulares na Igreja universal, esta虂 radicada, afora a mesma fe虂 e o Baptismo comum, sobretudo na Eucaristia e no Episcopado. Sim, ela esta虂 radicada na Eucaristia, porque o sacrifi虂cio eucari虂stico, embora se celebre sempre numa comunidade particular, nunca e虂 apenas uma celebrac抬ão dessa comunidade: esta, de fato, recebendo a presenc抬a eucari虂stica do Senhor, recebe o dom integral da salvac抬ão e manifesta-se assim, apesar da sua constante particularidade visi虂vel, como imagem e verdadeira presenc抬a da Igreja Una, Santa, Cato虂lica e Aposto虂lica(23).

Indivisibilidade do Corpo eucari虂stico

            Efetivamente, a unidade e a indivisibilidade do Corpo eucari虂stico do Senhor implicam a unicidade do seu Corpo mi虂stico, que e虂 a Igreja una e indivisi虂vel. Do centro eucari虂stico surge a necessa虂ria abertura de cada comunidade celebrante, de cada Igreja particular: ao deixar-se atrair pelos brac抬os abertos do Senhor consegue-se a inserc抬a虄o no Seu Corpo, u虂nico e indiviso. Ate虂 por isto, a existe虃ncia do ministe虂rio Petrino, fundamento da unidade do Episcopado e da Igreja universal, esta虂 em corresponde虃ncia profunda com a i虂ndole eucari虂stica da Igreja.

            Cabe ressaltar aqui, que unidade da Igreja esta虂 tambe虂m radicada na unidade do Episcopado(24). Do mesmo modo que a pro虂pria ideia de Corpo das Igrejas demanda a existe虃ncia de uma Igreja Cabec抬a das Igrejas, que e虂 precisamente a Igreja de Roma, a qual "preside a虁 comunha虄o universal da caridade"(25), assim tambe虂m a unidade do Episcopado comporta a existe虃ncia de um Bispo Cabec抬a do Corpo ou Cole虂gio dos Bispos, que e虂 o Romano Ponti虂fice(26). Da unidade do Episcopado, como da unidade de toda a Igreja, "o Romano Ponti虂fice, enquanto sucessor de Pedro, e虂 perpe虂tuo e visi虂vel princi虂pio e fundamento"(27). Esta unidade do Episcopado perpetua-se ao longo dos se虂culos mediante a sucessa虄o aposto虂lica e e虂 tambe虂m fundamento da pro虂pria identidade da Igreja de todos os tempos com a Igreja edificada por Cristo sobre Pedro e os outros Apo虂stolos(28).

            O Bispo e虂 princi虂pio e fundamento visi虂vel da unidade na Igreja particular confiada ao seu ministe虂rio pastoral(29), mas para que cada Igreja particular seja plenamente Igreja, isto e虂, presenc抬a particular da Igreja universal com todos os seus elementos essenciais, constitui虂da, portanto, a虁 imagem da Igreja universal, nela deve estar presente, como elemento pro虂prio, a suprema autoridade da Igreja: o Cole虂gio episcopal "juntamente com a sua Cabec抬a, o Romano Ponti虂fice, e nunca sem ele"(30). O Primado do Bispo de Roma e o Cole虂gio episcopal sa虄o elementos pro虂prios da Igreja universal "na虄o derivados da particularidade das Igrejas"(31), mas interiores a cada Igreja particular. Portanto, "devemos ver o ministe虂rio do sucessor de Pedro, na虄o so虂 como um servic抬o 'global' que atinge cada Igreja particular do 'exterior', mas como ja虂 pertencente a cada Igreja particular a partir 'de dentro'"(32). De fato, o ministe虂rio do Primado comporta essencialmente uma potestade verdadeiramente episcopal, na虄o so虂 suprema, plena e universal, mas tambe虂m imediata, sobre todos, quer sejam Pastores ou outros fie虂is(33). O facto do ministe虂rio do Sucessor de Pedro ser interior a cada Igreja particular e虂 expressa虄o necessa虂ria dessa fundamental mu虂tua interioridade entre Igreja universal e Igreja particular(34).

Unidade da Eucaristia e unidade do Episcopado

            Unidade da Eucaristia e unidade do Episcopado com Pedro e sob Pedro na虄o sa虄o rai虂zes independentes da unidade da Igreja, porque Cristo instituiu a Eucaristia e o Episcopado como realidades essencialmente vinculadas(35). O Episcopado e虂 um so虂 assim como uma so虂 e虂 a Eucaristia: o u虂nico Sacrifi虂cio do u虂nico Cristo morto e ressuscitado. A liturgia exprime de diversos modos esta realidade, manifestando, por exemplo, que cada celebrac抬a虄o da Eucaristia e虂 feita em unia虄o na虄o so虂 com o pro虂prio Bispo, mas tambe虂m com o Papa, com a ordem episcopal, com todo o clero e com todo o povo(36). Toda celebrac抬a虄o va虂lida da Eucaristia exprime esta comunha虄o universal com Pedro e com toda a Igreja ou, como no caso das Igrejas cristãs separadas de Roma, assim a reclama objetivamente(37).

            "A universalidade da Igreja, por um lado, comporta a mais so虂lida unidade e, por outro, uma pluralidade e uma diversificac抬a虄o, que na虄o obstaculizam a unidade, mas lhe conferem o cara虂cter de 'comunha虄o'"(38). Esta pluralidade refere-se quer a虁 diversidade de ministe虂rios, de carismas, de formas de vida e de apostolado no interior de cada Igreja particular, quer a虁 diversidade de tradic抬o虄es litu虂rgicas e culturais entre as diversas Igrejas particulares(39).

            Observemos as Igrejas Cato虂licas de Rito Oriental. A Igreja cato虂lica sempre apreciou e respeitou as instituic抬o虄es, os ritos litu虂rgicos, as tradic抬o虄es eclesia虂sticas e a disciplina crista虄 das Igrejas Orientais. Com efeito, ilustres em raza虄o da sua veneranda antiguidade, nelas brilha aquela tradic抬a虄o que vem dos Apo虂stolos atrave虂s dos Padres e que虃 constitui parte do patrimo虃nio divinamente revelado e indiviso da Igreja universal.

            Uma diversidade de ritos na unidade da Igreja, Corpo mi虂stico de Cristo, que consta de fieis que se unem organicamente no Espi虂rito Santo pela mesma fe虂, pelos mesmos sacramentos e pelo mesmo regime. Juntando-se em va虂rios grupos unidos pela Hierarquia, constituem as igrejas particulares ou os ritos. Entre elas vigora admira虂vel comunha虄o, de tal forma que a variedade na Igreja, longe de prejudicar-lhe a unidade, antes a manifesta. Pois esta e虂 a intenc抬a虄o da Igreja cato虂lica: que permanec抬am salvas e i虂ntegras as tradic抬o虄es de cada igreja particular ou rito. E ela mesma quer igualmente adaptar a sua forma de vida a虁s va虂rias necessidades dos tempos e lugares (40).

Promoc抬a虄o da unidade

            A promoc抬a虄o da unidade que na虄o obstaculiza a diversidade, como tambe虂m o reconhecimento e a promoc抬a虄o duma diversificac抬a虄o que na虄o impede a unidade mas ate虂 a enriquece, sa虄o tarefas primordiais do Romano Ponti虂fice para toda a Igreja(42) e, salvo o direito geral da pro虂pria Igreja, de cada Bispo na Igreja particular confiada ao seu ministe虂rio pastoral(42). Mas a edificac抬a虄o e salvaguarda desta unidade, a虁 qual a diversificac抬a虄o confere o cara虂cter de comunha虄o, e虂 tambe虂m tarefa de todos na Igreja, porque todos sa虄o chamados a construi虂-la e a respeita虂-la em cada dia, sobretudo mediante a caridade que e虂 "o vi虂nculo da perfeic抬a虄o"(43).

            Cabe compreender que a comunha虄o eclesial nas relac抬o虄es que se da虄o entre a Santa Se虂 e as Igrejas locais na虄o se trata so虂 de cultivar relac抬o虄es corretas entre a Cu虂ria romana e as Igrejas locais, mas tambe虂m e sobretudo de favorecer a unidade e a multiplicidade que e虂 a Igreja. As Igrejas locais devem viver suas especificidades culturais e histo虂ricas integrando-as na unidade do conjunto, abrindo-se a虁 contribuic抬a虄o fecunda das demais Igrejas, de maneira que nenhum empreenda caminhos que as demais na虄o reconhec抬am. A Cu虂ria romana, que ajuda o Santo Padre em seu servic抬o a虁 unidade, tem a func抬a虄o de promover esta compenetrac抬a虄o entre as Igrejas locais para que as diversidades se convertam em uma realidade polifo虃nica, na qual vivem unidade e multiplicidade.

            Na complexidade do rosto da Igreja, e虂 muito importante preservar a singularidade das suas diferentes e legi虂timas forc抬as, as sensibilidades pastorais, as peculiaridades regionais, as memo虂rias histo虂ricas, as riquezas das peculiares experie虃ncias eclesiais. O Pentecostes permite que todos escutem na pro虂pria li虂ngua. Por isso, e虂 importanti虂ssimo procurar com perseveranc抬a a comunha虄o eclesial, na verdade e na caridade. Nunca se cansar de construir pontes atrave虂s do dia虂logo franco e fraterno, condenando assim como uma peste os projetos escondidos.

            Papa Francisco pronunciou as seguintes palavras durante o discurso que dirigiu aos participantes da Jornada A comunha虄o da Igreja: memo虂ria e esperanc抬a para o Haiti, cinco anos depois do terremoto, que recorda o terri虂vel terremoto que assolou o pai虂s: 鈥淎 comunha虄o testemunha que a caridade na虄o e虂 somente ajudar o outro, mas e虂 uma dimensa虄o que permeia toda a vida e rompe todas as barreiras do individualismo que nos impedem de nos encontrar. A caridade e虂 a vida i虂ntima da Igreja e se manifesta na comunha虄o eclesial. Comunha虄o entre os Bispos e com os Bispos, que sa虄o os primeiros responsa虂veis pelo servic抬o de caridade. Comunha虄o entre os diversos carismas e as instituic抬o虄es de caridade, porque nenhum de no虂s trabalha por si mesmo, mas em nome de Cristo, que nos mostrou o caminho do servic抬o. Seria uma contradic抬a虄o viver a caridade separados. Isto na虄o e虂 caridade. A caridade e虂 um corpo, sempre. Vos convido por isto a reforc抬ar todas as metodologias que permitem trabalhar juntos鈥�.

            Portanto, devemos - acima de tudo - manter a caridade; afim, de que se cumpra o desejo do nosso Divino Salvador que quer 鈥渜ue todos sejam um鈥� (Jo 17,21); isto é, que todos vivamos em comunhão e formemos um Único Corpo Místico de Cristo, Imaculado e Indivisível. Para tanto, é indispensável que sejamos impulsionados por aquele mesmo desejo de sacrifício e santidade que animou tantos santos: consagrar-se totalmente aos interesses da Igreja.

 

 

Monsenhor André Sampaio de Oliveira

Atualmente é Pároco da Paróquia pessoal de Nossa Senhora da Misericórdia (para a comunidade de língua inglesa.

 

Notas:

 

1. JOA虄O PAULO II, Carta aposto虂lica Novo millennio ineunte, 42.

2. Cfr. Const.Lumen gentium, nn. 4, 8, 13-15, 18, 21, 24-25; Const. Dei Verbum, n. 10; Const. Gaudium et Spes, n. 32; Decr. Unitatis redintegratio, nn. 2-4, 14-15, 17-19,

22.

3. Crf. CONGREGAC抬A虄O PARA A DOUTRINA DA FE虂, Carta aos Bispos da Igreja

Cato虂lica sobre alguns aspectos da igreja entendida como comunha虄o, Roma, Sede da

Congregac抬ao para a Doutrina da Fe虂, 28 de Maio de 1992.

4. Cfr. SINODO DOS BISPOS, II Assembleia extraordina虂ria (1985), Relatio finalis, II,

C), 1.

5. PAULO VI, Discurso de abertura do segundo peri虂odo do Conc. Vaticano II, 29-IX-

1963: AAS 55 (1963) p. 848. Cfr., por exemplo, as perspectivas de aprofundamento indicadas pela COMISSA虄O TEOLOGICA INTERNACIONAL, in Themata selecta de ecclesiologia, "Documenta (1969-1985)", Lib. Ed. Vaticana 1988, pp. 462-559.

6. JOA虄O PAULO II, Discurso aos Bispos dos Estados Unidos da Ame虂rica, 16-IX-1987, n. 1: "Insegnamenti di Giovanni Paolo II" X, 3 (1987) p. 553.

7. JOA虄O PAULO II, Discurso aos Bispos dos Estados Unidos da Ame虂rica, 16-IX-1987, n. 1: "Insegnamenti di Giovanni Paolo II" X, 3 (1987) p. 553.

8. 1 Jo 1, 3: "o que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos, para que vo虂s tambe虂m tenhais comunha虄o conosco, e para que a nossa comunha虄o seja com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo". Cfr. ainda 1 Cor 1, 9; JOA虄O PAULO II, Ex. Ap. Christifideles laici, 30-XII-1988, n. 19; SINODO DOS BISPOS (1985), Relatio Finalis, II, C), 1.

9. Cfr. Fil 3, 20-21; Col 3, 1-4; Const. Lumen Gentium, n. 48.

10. 2 Cor 5, 6; Cfr. Const. Lumen gentium, n. 1.

11. Cfr. ibidem, n. 7; Pio XII, Enc. Mystici Corporis, 29-VI-1943: AAS 35 (1943) pp.

200ss.

12. Cfr. Lumen gentium, n. 11/a.

13. S. CIPRIANO, De Oratione Dominica, 23: PL 4, 553; cfr. Const. Lumen gentium, n.

4/b.

14. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 9/c.

15. A Igreja e虂 鈥渦nificada em comunha虄o鈥� pelo Espi虂rito Santo e 鈥渙s membros do Povo de Deus sa虄o chamados a uma comunicac抬a虄o de bens鈥� espirituais, aposto虂licos e temporais: Lumen gentium, 4, 13 e conf. 50. Conf. Catecismo da Igreja Cato虂lica, 949-953.

16. Ibidem, 9 e conf. 50 (鈥渁 comunha虄o que reina em todo o Corpo mi虂stico de Jesus Cristo鈥�).

17. Ibidem, 2.

18. Conf. Novo millennio ineunte, 43.  1

19. Conf. FRANCISCO, Homilia de ini虂cio do pontificado (19 de marc抬o de 2013): 鈥渁

vocac抬a虄o de custodiar na虄o so虂 nos respeita a no虂s, os crista虄os, mas tem uma dimensa虄o que antecede e que e虂 simplesmente humana, corresponde a todos. [...] E虂 custodiar as pessoas, o preocupar-se por todos, por cada um, com amor.

20. Lumen gentium, 51.

21. Cfr. Gal 3, 28.

22. Cfr., por exemplo, C.I.C., can. 107.

23. S. JOA虄O CRISOSTOMO, In Ioann. hom., 65, 1 (PG 59, 361): "quem esta虂 em Roma

sabe que os da India sao seus membros". Cfr. Const. Lumen gentium, n. 13/b.

24. Cfr. Const. Lumen Gentium, nn. 18/b, 21/b, 22/a. Cfr. tambe虂m S.CIPRIANO, De

unitate Ecclesiae, 5: PL 4, 516-517; STO. AGOSTINHO, In Ioann. Ev. Tract., 46, 5:

PL 35, 1730.

25. STO. INA虄CIO DE ANTIOQUIA, Epist. ad Rom., prol.: PG 5, 685; cfr. Const.

Lumen Gentium, n. 13/c.

26. Cfr. Const. Lumen Gentium, n. 22/b.

27. Ibidem, n. 23/a. Cfr. Const. Pastor aeternus: Denz.-Scho虉n. 3051-3057; S.CIPRIANO, De unitate Ecclesiae, 4: PL 4, 512-515.

28. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 20; STO. IRINEU, Adversus haereses, III, 3, 1-3: PG 7, 848- 849; S.CIPRIANO, Epist. 27, 1: PL 4, 305-306; STO. AGOSTINHO, Contra advers. legis et prophet., 1, 20, 39: PL 42, 626.

29. Cfr. Const. Lumen Gentium, n. 23/a.

30. Ibidem, n. 22/b; cfr. ainda n. 19.

31. JOA虄O PAULO II, Discurso a虁 Cu虂ria Romana, 20-XII-1990, n. 9: cit., p. 5.

32. JOA虄O PAULO II, Discurso aos Bispos dos Estados Unidos da Ame虂rica, 16-IX-1987,

n. 4: cit., p. 556.

33. Cfr. Const. Pastor aeternus, cap. 3: Denz-Scho虉n 3064; Const. Lumen gentium, n.

22/b.

34. Cfr. supra, n. 9.

35. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 26; STO. INA虄CIO DE ANTIOQUIA, Epist. ad

Philadel., 4: PG 5, 700; Epist. ad Smyrn., 8: PG 5, 713.

36. Cfr. MISSAL ROMANO, Orac抬ao Eucari虂stica III.

37. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 8/b.

38. JOA虄O PAULO II, Discurso na Audie虃ncia geral, 27-IX-1989, n. 2: "Insegnamenti di

Giovanni Paolo II" XII,2 (1989) p. 679.

39. Cfr. Const. Lumen gentium, n. 23/d.

40. Cfr. Decreto. Orientalium Ecclesiarum, n 2.

41. Cfr. ibidem, n. 13/c.

42. Cfr. Decr. Christus Dominus, n. 8/a.

43. Col 3, 14. S. TOMA虄S DE AQUINO, Exposit. in Symbol. Apost., a. 9: "A Igreja e虂 una

(...) pela unidade da caridade, porque todos estao unidos no amor de Deus, e entre eles no amor mu虂tuo".