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Sud?o. Bispos: trabalhar pela completa separa??o entre Estado e religi?o no Pa¨ªs

? hora de trabalharmos para que seja completada a separa??o entre religi?o e Estado: assim disse, em s¨ªntese, D. Yunan Tombe Trille Kuku Andali, bispo de El Obeid e presidente da Confer¨ºncia Episcopal do Sud?o e Sud?o do Sul (Scbc), comentando a declara??o assinada no passado dia 3 de setembro, entre o primeiro-ministro sudan¨ºs e o l¨ªder do grupo rebelde Sudan People¡¯s Liberation-North (Liberta??o do Povo Sudan¨ºs-Norte).

Cidade do Vaticano

Assinada na capital da Etiópia, Addis Abeba, a declaração visa conciliar duas posições opostas: os rebeldes, de facto, não querem a separação entre Estado e religião, à qual aspira, em contrapartida, o governo. Por isso, D.Trille Kuku - citado pela agência Aci Africa - afirma: ¡°O acordo é apenas o início de um longo diálogo¡±. São, portanto, erradas as informações veiculadas por alguns media nacionais, segundo os quais no Sudão teria sido abolida a lei Sharia: ¡°Trata-se de uma previsão que antecipa algo que ainda não aconteceu¡± e para o qual ainda se deve trabalhar.

O que os signatários concordaram, explica o prelado, ¡°são os princípios básicos: visto que a lei islâmica foi uma das principais causas do conflito nacional, o governo e os rebeldes reconheceram a necessidade de dialogar sobre este ponto¡±. ¡°Para que o Sudão se torne um País democrático em que são sancionados os direitos de todos os cidadãos - acrescenta o presidente da conferência dos bispos do Sudão e Sudão do Sul - a Constituição deveria basear-se no princípio da separação entre Estado e religião, na ausência do qual deve ser respeitado o direito à autodeterminação¡±.

O bispo de El Obeid recorda igualmente que até 1983, ano em que foram institucionalizadas as leis islâmicas, o Sudão não era um Estado confessional: «Podemos, portanto, voltar ao ponto em que estávamos nos anos ¡®70», disse o prelado, ¡°e continuar a viver como uma nação unida e não dividida em muçulmanos e cristãos, religiosos e não religiosos¡±. ¡°Temos condições para fazê-lo - reitera o presidente da SCBC - e penso que é possível voltar a algo que já existia¡±. O prelado também sublinhou a necessidade de uma mudança de atitude: ¡°O melhor que se pode fazer é pensar que as pessoas se consideram simplesmente sudanesas e não necessariamente muçulmanas ou cristãs¡±. ¡°Deixemos, portanto - conclui D. Yunan Tombe - que os cidadãos tenham as suas leis enquanto pessoas e que as religiões se ocupem, separadamente, da esfera espiritual¡±.

Recorde-se que o Sudan People¡¯s Liberation Movement-North (Movimento de Libertação do Povo do Sudão-Norte), juntamente com o Sudan Liberation Movement (Movimento de Libertação do Sudão), não estava entre os signatários do Acordo de Paz, celebrado a 5 de outubro em Juba, entre o governo de Kartum e diversos grupos rebeldes reunidos na Frente Revolucionária Sudanesa.  O acordo dizia respeito às regiões de Darfur, Nilo Azul e Kordofan do Sul, e incluia questões-chave relacionadas com a segurança, alocação da propriedade de terra, compensações, divisão dos poderes, regresso dos deslocados internos, bem como o desmantelamento das forças rebeldes e a sua integração no exército nacional.

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08 outubro 2020, 13:15