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Santa Sé: combater o antissemitismo no mundo, hoje aumentado pela mídia social

Numa declaração do observador permanente junto à Osce, proferida na Conferência sobre o combate ao antissemitismo em Helsinque, nos dias 10 e 11 de fevereiro, foi enfatizada a “profunda” preocupação com o crescimento do fenômeno no mundo, especialmente na internet, por meio das mídias sociais e de instrumentos como a inteligência artificial. Também é preocupante a tendência de banalizar ou minimizar o Holocausto e reiterada a importância da educação para combater o “preconceito” e a "ignorância"

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A Santa Sé diz estar “profundamente preocupada com o aumento do antissemitismo” no mundo e, em particular, com o fato de esse problema estar se manifestando on-line e ser amplificado pela Inteligência Artificial. É o que afirma uma declaração do observador permanente da Santa Sé junto à Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa, Osce, lida pelo padre Domenico Vitolo, secretário da Nunciatura Apostólica nos países nórdicos, na Conferência sobre o combate ao antissemitismo na região da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa, realizada em Helsinque, na Finlândia, nos dias 10 e 11 de fevereiro. Em particular, a Santa Sé enfatiza a importância do papel da educação e dos “especialistas em tecnologia” no combate à “ignorância, ao preconceito e aos estereótipos”, gerando “um senso de respeito pelas comunidades judaicas” e criando uma tecnologia a serviço da “dignidade humana”.

Um problema ampliado pela Internet

A declaração ressalta que todos os dados disponíveis confirmam um aumento mundial da “intolerância” motivada pelo antissemitismo, em particular após os ataques de 7 de outubro e o conflito em Gaza, que “desencadearam uma onda de discriminação e ódio antissemita e antimuçulmano”. Atualmente, o antissemitismo se manifesta de várias formas, como, por exemplo, “a negação”, “banalização” ou “minimização” do Holocausto, ou “a justificativa de episódios de ódio contra os judeus”, ou ainda “o crescimento de movimentos que têm como alvo os judeus e incitam sentimentos de ódio contra eles e, sobretudo, o homicídio”.

A declaração adverte que as expressões desse problema estão encontrando mais espaço com a Internet, as mídias sociais e a Inteligência Artificial: “O conteúdo antissemita nas mídias sociais tem um público global e pode facilmente se tornar viral graças à amplificação algorítmica, com um efeito multiplicador sem precedentes”, diz a declaração. “Esse fenômeno preocupante é agravado pela Inteligência Artificial que pode gerar 'conteúdo manipulado e informações falsas que podem facilmente induzir as pessoas ao erro por causa de sua semelhança com a verdade' com o objetivo de enganar ou causar danos”, prossegue, citando o recente documento dos Dicastérios para a Doutrina da Fé e Cultura e Educação .

Os direitos humanos devem ser protegidos off-line e on-line

O observador permanente da Santa Sé junto à Osce reitera que “a liberdade de expressão, como qualquer outro direito humano, implica responsabilidades que não podem ser negligenciadas” e que “os mesmos direitos que as pessoas têm off-line devem ser protegidos on-line”. A Santa Sé enfatiza, portanto, que “combater o ódio cibernético” e as “falsidades” geradas pela IA exige o compromisso de “especialistas no campo” da tecnologia, especialmente aqueles que fornecem serviços de Internet e mídia social, para que possam criar uma tecnologia a serviço da “dignidade humana” que promova “a paz em vez da violência”. Um instrumento que pode ajudar a combater esse fenômeno são os “códigos de conduta”, se implementados corretamente, bem como a intervenção do Estado em circunstâncias que o exijam.

A importância da educação

A Santa Sé também reitera na conferência de Helsinque a importância da educação no combate ao antissemitismo para ajudar as pessoas a alcançar uma compreensão completa do problema e da história e gerar “um senso de respeito pelas comunidades judaicas”. “Somente por meio de uma abordagem educacional apropriada, o antissemitismo e a discriminação podem ser combatidos de forma eficaz e sustentável”, continua a declaração. “A ignorância, os preconceitos e os estereótipos contribuem para o antissemitismo em nossas sociedades; a educação pode construir um baluarte contra eles, tornando nossa sociedade - e em particular as crianças e os jovens - consciente da responsabilidade comum de proteger a dignidade humana de todas as pessoas”.

Daí, a garantia do “compromisso de promover o diálogo ecumênico e inter-religioso em vários níveis”, especialmente “entre a Igreja católica e o povo judeu”. Por meio da Comissão para as relações religiosas com o judaísmo, são assegurados o “diálogo”, o “respeito mútuo”, o “crescimento da amizade” e “um testemunho comum diante dos desafios de nosso tempo, que nos impelem a trabalhar juntos para o bem da humanidade”.

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12 fevereiro 2025, 15:15