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2025.02.03 Summit sui Diritti dei Bambini 3?¡ãParte

Encontro no Vaticano em prol das crian?as: direito de brincar e de viver a paz

A prote??o dos pequenos contra conflitos, trabalho infantil e devasta??o ecol¨®gica estiveram no centro dos pain¨¦is da tarde desta segunda-feira (03/01) no Encontro Internacional pelos Direitos das Crian?as no Pal¨¢cio Apost¨®lico. Benanti: ¡°etiquetas¡± necess¨¢rias para espa?os de entretenimento on-line. Yousafzay: palavras gentis n?o s?o suficientes. Gore: ¡°vontade pol¨ªtica¡± ¨¦ ¡°um recurso renov¨¢vel¡±. Faltas: a tr¨¦gua, esperan?a para o futuro da juventude da Terra Santa.

Edoardo Giribaldi e Isabella H. de Carvalho - Pope

O direito ao tempo livre, um espaço para reflexão e criatividade que se opõe à ¡°cultura da pressa¡± predominante, que rotula as crianças como ¡°objetos¡± sob pressão para satisfazer ¡°necessidades e expectativas¡± que devem ser limitadas ao mundo adulto. O direito à liberdade do trabalho infantil, um flagelo que envolve mais de 160 milhões de jovens, estendendo-se também aos espaços on-line, para os quais ¡°palavras gentis¡± não são mais ¡°suficientes¡±. O direito - o direito ¡°fundamental¡± - à paz, protegido das consequências devastadoras das mudanças climáticas, que recaem justamente sobre os menores e mais ¡°vulneráveis¡±. Sob esses auspícios, foram realizados os painéis da tarde desta segunda-feira (03/01) do Encontro Internacional sobre os Direitos das Crianças no Palácio Apostólico do Vaticano. O trabalho do evento organizado pelo Comitê Pontifício para a Jornada Mundial da Criança foi retomado após uma série inicial de painéis de discussão pela manhã, precedidos pelas palavras do Papa Francisco.

O direito da criança ao tempo livre

A dimensão da leveza e da brincadeira, que, como disse Francisco, faz com que os pequenos cresçam ¡°na criatividade e no trabalho conjunto¡±, foi o foco do painel sobre o direito das crianças ao tempo livre. Um dom ¡°preciosíssimo¡±, como definiu o cardeal Mauro Gambetti, arcipreste da Basílica de São Pedro, capaz de promover nos mais jovens a ¡°consciência de sua dignidade¡±, sendo considerados ¡°por si mesmos e não como objetos que devem satisfazer necessidades e expectativas, ou produtos do moderno sistema econômico utilitarista¡±. Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, citou duas iniciativas promovidas pelo órgão que orientam o esporte como uma ¡°força do bem¡± para os mais jovens. O Programa de Educação para os Valores Olímpicos, que integra atividades esportivas aos currículos escolares de 60 milhões de crianças em mais de 60 países, e a Fundação Refúgio Olímpico, que leva o esporte a campos de refugiados em todo o mundo, beneficiando cerca de 800 mil jovens.

O Padre Paolo Benanti, presidente da Comissão Italiana de Inteligência Artificial para Informação, refletiu sobre a natureza ¡°digital¡± do tempo livre. Em um mundo onde o tempo médio gasto pelos jovens em frente à tela é de 5 horas por dia, é necessário que esses espaços sejam acompanhados de ¡°etiquetas¡± que sinalizem a presença de algoritmos usados para ¡°traçar o perfil¡± dos usuários, gerenciando sua ¡°atenção¡± e ¡°emoções¡±.

As zonas de guerra transformam as horas de lazer das crianças em uma ¡°luta pela sobrevivência¡±. Essa foi a afirmação de Marek Michalak, presidente do prêmio internacional Order of the Smile, concedido pelas próprias crianças a adultos que se destacaram por seu compromisso com as crianças. Michalak também destacou o contraste entre a necessidade de redescobrir momentos de lazer e reflexão e a ¡°cultura da pressa¡±, que muitas vezes sobrecarrega as crianças mais novas com as responsabilidades e ambições típicas do mundo adulto. Um tema abordado por Qinghong Wang, presidente executivo e CEO do East-West Philanthropy Forum, uma plataforma que reúne ¡°líderes de caridade¡± do Oriente e do Ocidente. Wang delineou as medidas tomadas pelo governo chinês para proteger o tempo de lazer das crianças, incluindo a proibição de videogames on-line das 22h às 8h e a limitação do uso de telas a não mais de uma hora por dia para crianças com menos de 16 anos.

O direito da criança de viver livre do trabalho e da exploração infantil

O segundo painel da tarde enfocou o direito das crianças de viverem livres do trabalho infantil. Um flagelo com o qual a humanidade ainda é culpada, como denunciou o Papa, no século que, ao mesmo tempo, ¡°gera inteligência artificial e planeja existências multiplanetárias¡±. Um conceito relançado pelo cardeal Fabio Baggio, diretor-geral do Centro Laudato si' para a Educação Superior, que apresentou os discursos. Philippe Vanhuynegem, chefe da seção de Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho do Departamento de Governança e Tripartismo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), abordou os eventos atuais, compartilhando o testemunho de Jean-François, um garoto congolês de 15 anos forçado a extrair cobalto das minas de seu país. Atualmente, o trabalho infantil envolve cerca de 160 milhões de crianças. Entre as soluções propostas estão a garantia de educação para os mais jovens e uma sólida proteção social para que as famílias com dificuldades econômicas não sejam forçadas a obrigar seus filhos a trabalhar.

O discurso de Dana Humaid, CEO da Interfaith Alliance for Safer Communities, explorou o papel da tecnologia, destacando suas oportunidades e armadilhas relacionadas à exploração infantil. Entre os flagelos que afetam as crianças on-line está a exploração sexual, que pode afetar até mesmo vítimas com apenas três meses de idade. ¡°Basta um clique¡±, resumiu Humaid, destacando a ¡®escala alarmante¡¯ do fenômeno: mais da metade dos jovens de 18 anos em todo o mundo já sofreu alguma forma de violência on-line. ¡°Uma cicatriz profunda que permanece para sempre. Não podemos permitir que o lucro conte mais do que a dignidade dos jovens¡±.

Também oferecendo uma perspectiva concreta estava a Irmã Martha Pelloni, uma freira da Congregación de Carmelitas Misioneras Teresianas, que relatou a realidade da Argentina. No país, a pobreza estrutural é a raiz da violência cada vez mais complexa. Embora existam leis para proteger as crianças, ¡°precisamos torná-las obrigatórias¡±. ¡°O problema é que estamos perdendo o senso de urgência, há um sério déficit de responsabilidade moral e de prestação de contas moral¡±, disse Kailash Satyarthi, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2014, juntamente com a jovem ativista paquistanesa Malala Yousafzay ¡®por sua luta contra o abuso de crianças¡¯ e pelo acesso delas ¡®à educação¡¯. Satyarthi enfatizou que ¡°palavras gentis não são suficientes¡± e, em vez disso, propôs a ¡°compaixão¡± como o motor que gera ¡°um impulso sincero para tomar medidas urgentes¡±.

O discurso de Salvatore Sciacchitano, presidente do Conselho da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), abordou a questão do tráfego aéreo como um canal para o tráfico de pessoas, com foco nas crianças. Para combater esse flagelo, Sciacchitano destacou a importância de uma ¡°estratégia global¡± já em vigor, com o objetivo de treinar as tripulações para que sejam capazes de reconhecer ¡°comportamentos suspeitos¡± atribuíveis ao tráfico e relatá-los prontamente aos pontos de contato relevantes.

Proteger as crianças contra conflitos armados e devastação ecológica

¡°O que as crianças e as famílias têm a ver com a guerra? Elas são as primeiras vítimas¡± foi a pergunta, na forma de uma reclamação, afiliada ao painel dedicado a proteger os mais jovens dos conflitos e dos danos causados pelas mudanças climáticas. Na abertura, o cardeal Ángel Fernández Artime, pró-prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, apresentou um número: há 300 mil crianças envolvidas em grupos e forças armadas. Um ¡°grito que se eleva a Deus acusa os adultos que colocam armas em suas pequenas mãos¡±, disse o cardeal.

Ahmed Naser Al-Raisi, presidente da Interpol, lembrou o compromisso da agência internacional na luta contra os crimes contra crianças e enfatizou que o encontro no Vaticano era uma oportunidade de lembrar às pessoas que ¡°toda criança, independentemente de sua origem, merece crescer em um ambiente onde seja amada, protegida e tenha a oportunidade de prosperar¡±. 

Esperanças para a Terra Santa

¡°A paz é o principal direito das crianças, elas têm o direito de conhecer o bem¡±. Esse é o apelo sincero do padre Ibrahim Faltas, vigário da Custódia da Terra Santa. Uma terra tão ¡°abençoada¡± quanto ¡°atormentada¡±, onde jovens palestinos e israelenses enfrentam profundo sofrimento, tanto físico quanto espiritual. Tudo está faltando: comida, cuidados, educação. ¡°Os pequeninos da Terra Santa não veem seu futuro e perdem a esperança¡±, enfatizou o padre Faltas. No entanto, a atual trégua representa um vislumbre de esperança para o futuro deles, uma oportunidade para que os caminhos se abram para eles e para que finalmente sejam ouvidos ¡°colocando-se no nível deles, com os olhos da verdade¡±.

Por fim, Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos durante o governo Clinton e vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2007 por seus esforços para combater o aquecimento global, destacou - citando frequentemente a encíclica Laudato si' - como a crise ambiental e ecológica ¡°afeta desproporcionalmente¡± os pobres e as pessoas em situações vulneráveis. No entanto, ele lembrou que a ¡°vontade política¡± é ¡°um recurso renovável¡± e que os governantes do mundo têm ¡°o dever de devolver¡± às gerações mais jovens ¡°a esperança no futuro¡±.

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04 fevereiro 2025, 13:11