Cardeal Steiner: ¡°o S¨ªnodo ¨¦ uma experiencia riqu¨ªssima de ser Igreja¡±
Padre Modino ¨C Vaticano
A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade iniciou nesta terça-feira a reflexão sobre o último módulo, o dos Lugares. Como de costume, os jornalistas conheceram os passos dados nas últimas horas, um resumo que é relatado pela secretária da Comissão de Comunicação do Sínodo, Sheila Pires, e pelo prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini.
Destaques do dia
Sheila Pires fez um breve relato dos principais pontos da meditação de Madre Maria Inazia Angelini e da apresentação do Módulo dos Lugares feita pelo Cardeal Hollerich. Paolo Ruffini, por sua vez, referiu-se ao trabalho realizado nos círculos menores, lembrando que o cardeal Krajewski e o cardeal Steiner participaram na manhã desta terça-feira da celebração do funeral de um sem-teto brasileiro, que morreu sob a colunata da Praça São Pedro, conhecido como o anjo, que dava indicações aos turistas e não pedia dinheiro, mas cadernos para escrever poesias. Seu sonho, lembrou o prefeito, era ir a Jerusalém e agora ele está na Jerusalém celestial. Entre as reflexões na Sala Sinodal, ele destacou o tema dos lugares físicos e digitais, as discussões sobre como viver de forma dinâmica nas grandes cidades.
Oração, retiro e conversas
Na ocasião, os convidados foram o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, o arcebispo de Turim, que será criado cardeal no Consistório do dia 7 de dezembro, dom Roberto Repole, e a irmã Nirmala Alex Nazareth, Superiora Geral das Irmãs do Carmelo Apostólico. A religiosa expressou sua alegria em participar do Sínodo, ressaltando que há grandes diferenças entre a Primeira Sessão da Assembleia e esta Segunda Sessão. Para ela, são importantes a oração, o retiro e as conversas em torno das mesas, que ¡°nos mostraram uma enorme riqueza em relação à diversidade¡±, algo presente na Índia.
As reflexões têm se tornado cada vez mais interessantes, disse ela, questionando como os participantes se colocarão na Igreja e na sociedade quando voltarem para casa. Ela lembrou as palavras de Madre Teresa de Calcutá, que fala sobre encontrar a graça de Deus e seguir Seu caminho de discernimento. Isso porque ¡°o Senhor tem um plano para cada um de nós¡±, já que as coisas não são como queremos que sejam. Olhando para o futuro, ela expressou suas esperanças, pois esse caminho não pode nos levar para trás, ¡°nós iremos adiante se formos capazes de guiar nossas comunidades¡±, sua congregação no caso dela. Finalmente, ela destacou a importância da ¡°oração pessoal para entender o convite de Deus para mim nessa jornada sinodal¡±.
Uma experiencia riquíssima de ser Igreja
¡°A experiencia do Sínodo é uma experiencia riquíssima de ser Igreja¡±, afirmou o cardeal Steiner, que agradeceu ao Papa Francisco por ¡°ter nos induzido nesse caminho, o caminho da sinodalidade¡±. O arcebispo de Manaus ressaltou que na Segunda Sessão ele participa de grupos de língua italiana, com uma grande diversidade de culturas, um grande enriquecimento, que ¡°abre o horizonte de compreensão da sinodalidade¡±.
¡°Vamos percebendo cada vez mais que sinodalidade é um modo de ser Igreja para anunciar juntos o Reino de Deus, o evangelho, Jesus crucificado e ressuscitado, a plenitude do Reino de Deus. Esse modo, devagar vai sendo construído, porque sinodalidade é um caminho, um colocar-se a caminho, um pôr-se a caminho, e é o que estamos experimentando no Sínodo. Depois do Sínodo é que continuaremos esses processos nas nossas comunidades, nas nossas dioceses¡±, sublinhou o cardeal Steiner.
Reconhecendo que várias Igrejas já estão no caminho da sinodalidade, o arcebispo de Manaus disse que ¡°o Sínodo está abrindo o leque de compreensão para sermos cada vez mais uma Igreja sinodal¡±. Ele destacou a rica participação do laicato na região amazônica, sobretudo das mulheres, sua liderança nas comunidades, o fato de ser realizadas as assembleias, com participação de todos, se fala livremente, se discute livremente, se reza juntos, mas também se decide juntos as linhas pastorais¡±, destacou.
A experiencia feita na Assembleia, ¡°nos ajuda a acreditar cada vez mais no jeito de ser sinodal da nossa Igreja¡±. Igualmente destacou que a sinodalidade nos chama a uma maior abertura com relação à interculturalidade e à inter religiosidade, para que o evangelho seja cada vez mais inculturado, algo pedido pelo Papa Francisco em Querida Amazônia. Finalmente, falando sobre o Módulo dos Lugares, destacou elementos muito interessantes: ¡°qual é o lugar da conferência episcopal, qual é o lugar dos pobres, qual é o lugar dos migrantes¡±, o que ajuda a aprofundar nos lugares, ¡°que não são apenas os lugares já definidos, mas os lugares onde devagarinho vamos experimentando o Reino de Deus, mas também recebendo elementos qe nos ajudem a viver cada vez mais o Evangelho, o Reino de Deus¡±.
Eis o que disse dom leonardo à Rádio Vaticano - Pope:
Oportunidade para compreender a catolicidade da Igreja
Dom Repole iniciou seu discurso recordando a arquidiocese de Turim, mostrando o que está vivenciando em sua Igreja local, em uma fase singular, retomando com mais entusiasmo o anúncio do Evangelho na cultura atual. Nessa perspectiva, ressaltou a importância de preservar todos os carismas que fazem parte da Igreja de Turim. A participação no Sínodo foi considerada por ele uma graça, identificando o que experimentou em Turim e no Sínodo. Destacou a conversa espiritual como algo que leva a buscar a voz do Espírito através da voz do irmão e da irmã. Daí a importância de momentos de silêncio e reflexão para relançar a conversa no Espírito.
O cardeal recém-nomeado se referiu à maior familiaridade com os outros membros neste ano, vendo isso como um exercício de sinodalidade na prática; na Assembleia Sinodal, a sinodalidade é vivida, descobrindo que o Espírito pode falar através do outro. Da mesma forma, a Assembleia é uma oportunidade para compreender a catolicidade da Igreja, a riqueza de ver que a Igreja é verdadeiramente católica, que respira com todas as culturas e oferece o Evangelho a todas as culturas. Junto com isso, a importância dos fóruns teológicos pastorais organizados este ano, que nos mostram que a sinodalidade tem a ver com uma maneira de viver juntos.
A recordação de José Carlos
Durante a coletiva de Imprensa dom Leonardo recordou de José Carlos, o morador de rua brasileiro falecido no início do mês de agosto e que foi sepultado em Roma nesta terça-feira depois de não ter sido localizados seus familiares. Ele indicava aos turistas diante de suas perguntas, e em troca não pedia dinheiro, ele pedia cadernos para escrever poemas, sua grande paixão. Outro sonho era visitar Jerusalém, mas como disse na Sala Stampa o prefeito do Dicastério para a Comunicação, ele já está disfrutando da Jerusalém celestial.
O funeral foi presidido pelo esmoleiro pontifício, o cardeal Krajewski, e pelo cardeal Steiner, que quando ficou sabendo pelo cardeal polonês sobre o funeral do brasileiro, pediu para poder acompanhá-lo, ainda mais depois dele conhecer como o brasileiro falecido vivia. O cardeal Steiner definiu o funeral como ¡°um momento muito privilegiado, mesmo porque eu percebi que na celebração estavam os companheiros e as companheiras dele¡±.
O arcebispo de Manaus disse que ¡°quando o caixão foi colocado no carro fúnebre, cada um deles colocou junto uma flor. Nós não colocamos, mas os companheiros colocaram. Isso nos emociona, nos toca¡±. Diante disso, o cardeal Steiner disse que ¡°na pobreza, no quase nada, existe uma fraternidade profundamente evangélica¡±, reafirmando o privilégio de poder participar desse momento profundamente celebrativo, ¡°porque foi um sinal de que o Reino de Deus, a vida de Deus está presente onde muitas vezes nós achamos que não estᡱ.
¡°A vida de Deus floresce também na morte. Quem acabou tendo mais vida fomos nós que lá estávamos¡±, disse o cardeal. Ele lembrou que ¡°em Manaus, nós também gostamos muito de estar quando nós enterramos um dos nossos irmãos e irmãs que vivem nas nossas ruas. Nós não só gostamos, queremos estar juntos nesse momento¡±, destacando que os que estão na rua também estão juntos.
¡°Na rua, em todos os lugares, eu não falo, eu só olho, escuto, lembro, escrevo, porque não quero estar sozinho no mundo¡±, são palavras de uma das poesias de José Carlos, lidas no final da coletiva de imprensa deste 15 de outubro pela vice-diretora da Sala Stampa vaticana, Cristiane Murray. Algo que sem dúvida nos leva a pensar.
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