ÃÛÌÒ½»ÓÑ

Busca

Cardeal Parolin na Accademia dei Lincei, 12 de janeiro de 2024 Cardeal Parolin na Accademia dei Lincei, 12 de janeiro de 2024 

Parolin: carnificina em Gaza e na Ucr?nia. Deve-se respeitar o direito humanit¨¢rio

O Secret¨¢rio de Estado, ao participar de um evento em Roma sobre a Santa S¨¦ e a paz, comenta as ¨²ltimas not¨ªcias da Terra Santa: "Reconhecemos o direito de Israel ¨¤ leg¨ªtima defesa, mas segundo o crit¨¦rio da proporcionalidade. Os civis n?o s?o alvos". Na Ucr?nia, "criar condi??es para negocia??es". Sobre a Fiducia Supplicans: "na Igreja h¨¢ sempre grandes mudan?as, se o fermento serve para caminhar em dire??o ao Evangelho, ¨¦ bem-vindo".

Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano

Ouça e compartilhe

"Gutta cavat lapidem", a gota fura a pedra. O cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, citou a conhecida expressão latina para exprimir a esperança de que os constantes apelos do Papa por um cessar-fogo em Gaza, assim como na Ucrânia, onde está ocorrendo uma "carnificina", e também pelo respeito ao direito humanitário internacional - conforme expresso por Francisco em seu discurso ao corpo diplomático - possam finalmente ser ouvidos e realizados. O cardeal esteve na Accademia dei Lincei, em Roma, para falar em uma conferência sobre o tema "A Santa Sé e os cenários de paz". O cardeal, à margem do evento, também respondeu algumas perguntas dos jornalistas sobre diversos temas.

Os apelos do Papa para a Terra Santa

Parolin, em primeiro lugar, volta seu olhar para o Oriente Médio e para um conflito que parece estar se ampliando com as últimas notícias sobre os ataques no Mar Vermelho. Parece que a voz do Papa, um dos poucos líderes mundiais que incessantemente clamam pelo fim do conflito, continua sem ser ouvida, como se observa. "O Papa continua repetindo seus apelos, se é verdade que existe o princípio Gutta cava lapidem, esperemos que esses apelos abram uma brecha", responde o Secretário de Estado. Esses apelos são acompanhados por uma atividade "de natureza abertamente diplomática, de maneira bastante discreta, para tentar alcançar os objetivos". Esse mesmo objetivo, - sublinha Parolin - que o Secretário de Estado americano Antony Blinken também lembrou durante sua viagem a Tel Aviv: "A libertação dos reféns, em primeiro lugar, depois o cessar-fogo, a ajuda humanitária e o início de uma solução permanente e definitiva para o problema palestino".

Respeitar o direito humanitário internacional

Em resposta a uma pergunta sobre as acusações de genocídio feitas contra Israel pelo Tribunal Internacional de Justiça de Haia, o cardeal reiterou o que, segundo ele, sempre foi a posição da Santa Sé: "Reconhecer o direito de Israel à legítima defesa, mas de acordo com o critério da proporcionalidade, o que significa levar em conta os civis... Não se pode atingir determinados fins, passar por cima dessa carnificina de civis, da destruição da infraestrutura, do desrespeito ao direito humanitário". O desrespeito ao direito humanitário, insiste o cardeal, é o grande problema" da guerra atual: "É uma guerra que não respeita mais as regras básicas do direito humanitário, de modo que os civis se tornam alvos, objetivos da guerra. Portanto, nesse sentido, precisamos redescobrir a capacidade de recuperar o direito humanitário internacional".

Massacre desnecessário na Ucrânia

Em sua conversa com os repórteres, não faltou um pensamento sobre a Ucrânia, à luz das recentes conversas telefônicas com o chefe do gabinete do presidente ucraniano, Andriy Yermak, que também manteve contato com o cardeal Matteo Zuppi, no ano passado enviado especial do Papa para uma missão de diálogo. Parolin reitera o papel da Santa Sé: "Nós sempre nos declaramos disponíveis, sem encontrar disponibilidade do outro lado. O compromisso, no momento, é com "a famosa plataforma de paz do presidente Zelensky, especialmente na dimensão humanitária". "Não há", explica o cardeal, "uma atividade diretamente voltada para o fim da guerra, uma atividade de mediação, mas gostaríamos de criar condições de entendimento mútuo que nos permitissem chegar a uma negociação". Essa é "a ideia que guiou a missão do cardeal Zuppi", que foi enviado a Kiev, Moscou, Washington e Pequim. Parolin, no entanto, expressa seu pesar pelos repetidos ataques do exército russo ao território ucraniano: "A carnificina continua... O Papa disse isso e eu também me lembro disso: um massacre inútil, a loucura da guerra".

Reações à Fiducia Supplicans

O cardeal então respondeu a perguntas sobre o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, Fiducia Supplicans, que abre a possibilidade de abençoar casais em situações "irregulares", incluindo casais do mesmo sexo. Um documento que gerou grande tumulto na Igreja: "É bom ou ruim?". "É sempre uma coisa boa", responde Parolin, "o importante é que sempre procedamos de acordo com o que se chama de 'progresso na continuidade'". "Na Igreja", continua, "sempre houve mudanças: a Igreja de hoje não é a Igreja de 2000 anos atrás. A Igreja está aberta aos sinais dos tempos, está atenta às necessidades que surgem, mas também deve ser fiel ao Evangelho, deve ser fiel à tradição, fiel ao seu patrimônio. Portanto, se esses fermentos servem para isso, para caminhar seguindo o Evangelho e dar respostas, eles são bem-vindos".

Com relação à carta de ontem (11/01), do cardeal de Kinshasa, Fridolin Ambongo, na qual os bispos africanos reafirmaram a plena comunhão com o Papa, mas disseram que não estavam dispostos a abençoar casais homossexuais, o cardeal disse: "Esse documento - Fiducia Supplicans - provocou reações muito fortes de alguns episcopados. Isso significa que um ponto muito, muito delicado e muito sensível foi tocado e precisará de um grande aprofundamento".

Preocupação com a antiga "Ilva"

Por fim, o Secretário de Estado expressa preocupação com o caso da antiga e grande fábrica metalúrgica, conhecida como Ilva, localizada em Taranto, Itália, onde o destino dos trabalhadores está novamente em jogo após o anúncio do governo de um possível acordo de dissolução consensual com a ArcelorMittal. "Isso me preocupa muito", diz o cardeal, relembrando a celebração que presidiu há alguns anos pelo 50º aniversário da missa de Natal de Paulo VI na fábrica: "Foi um momento de esperança, parecia que as coisas iriam melhorar, havia boa vontade de todos. Agora estamos de volta em um momento de grande crise, e realmente esperamos que, com a cooperação de todos, possamos resolver um problema que já dura muito tempo".

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp

12 janeiro 2024, 15:11