Padre Radcliffe: o S¨ªnodo, uma ¨¢rvore para cuidar, n?o uma batalha para vencer
Alessandro De Carolis ¨C Pope
"O processo sinodal é orgânico e ecológico, e não competitivo. É parecido como plantar uma árvore do que vencer uma batalha". À medida que o Sínodo entra em sua última semana de trabalhos e confrontos, nosso olhar se volta para o depois. Para o que na Sala Paulo VI, na abertura dos trabalhos desta manhã, foi definido como "um tempo de espera ativa", "uma gravidez", a partir do qual uma "Igreja renovada" ganhará vida ou, ao contrário, será estéril, se as sementes lançadas nessas semanas não forem adequadamente cultivadas. Quem traçou o cenário do pós-Sínodo com imagens eficazes foi o religioso dominicano pe. Timothy Radcliffe, que foi várias vezes encarregado de oferecer uma leitura sapiencial do que foi construído nos últimos dois anos e, em particular, desde o último dia 4.
Linguagem de esperança ou "política partidária
"Daqui a poucos dias, voltaremos para casa por onze meses. Aparentemente, esse será um período de espera vazia. Mas provavelmente será o tempo mais fértil do Sínodo, o tempo da germinação", disse o religioso, falando no início da 16ª Congregação Geral. Ele trouxe o exemplo bíblico de Sara, uma mulher idosa a quem foi prometida, junto com Abraão, uma descendência como a areia do mar, sem que nada acontecesse inicialmente, apenas para depois se descobrir mãe de Isaac depois de um ano. "As dádivas mais preciosas não são obtidas quando se vai em busca delas, mas quando se espera por elas...", disse citando novamente Waiting of God. O risco, disse ele aos participantes do Sínodo, é o de "sucumbir", uma vez que voltarem às suas respectivas áreas, às pressões daqueles que tendem a polarizar cada confronto com um "modo de pensar político-partidário", composto de alinhamentos que excluem as opiniões dos outros e cínicos? "Nossas palavras", perguntou o pe. Radcliffe, "nutrirão a colheita ou serão venenosas? Seremos jardineiros do futuro ou ficaremos presos em conflitos antigos e estéreis? Cada um de nós escolhe".
A semente, estilo de Jesus
Madre Maria Ignazia Angelini também voltou ao microfone para oferecer uma inspiração espiritual, concentrando-se em algumas passagens de Jesus do Evangelho para reiterar a importância de ¡°narrar parábolas em vez de fazer proclamações¡±, a necessidade de encontrar um ¡°ponto de conjunção entre a sua presença e a nossa experiência" e evitar que o mistério transcendente pareça "estranho" ao homem. E o que as parábolas revelam sobre o estilo de Cristo ¨C com as suas referências ao grão de trigo, à semente ¨C é, disse a religiosa beneditina, ¡°o surpreendente sentido do pequeno como portador do futuro¡±. Tudo isto, observou, ¡°dizem os gostos de Deus (¡) Jesus vê-se na semente mais pequena, nua e desprezível, inaparente, abjeta, sem beleza¡±, até que, morrendo, ¡°através da sua entrega à terra se anima num dinamismo imprevisível, imparável, hospitaleiro¡±. Tal como o pe. Radcliffe, a religiosa do Mosteiro de Viboldone também acredita que o ¡°trabalho paciente¡± destes dias leva o Sínodo ¡°a ousar uma síntese-como-sementeira, a abrir um caminho para a reforma - uma nova forma -, que a vida exige." E este ¡°menor, cheio de futuro¡±, observou, torna-se também ¡°um ato profundamente subversivo e revolucionário¡± numa ¡°cultura da luta pela supremacia, do lucro e dos ¡®seguidores¡¯, ou da evasão¡±.
Tradição e futuro
A comparação com o Vaticano II feita pelo teólogo australiano pe. Ormond Rush também é incisiva, ao indicar a responsabilidade deste encontro sobre a sinodalidade. ¡°Ouvindo-os durante estas três semanas - disse ele à assembleia na Sala Paulo VI - tive a impressão de que alguns de vocês lutam com a noção de tradição, à luz de seu amor pela verdade¡±. Pois bem, prosseguiu, os padres conciliares também o fizeram e se as suas respostas se tornaram ¡°a autoridade para orientar as nossas reflexões¡± sobre as questões de hoje, isto indica como o Concílio Vaticano tem ¡°algumas lições para este Sínodo, dado que agora vocês resumem o seu discernimento sobre o futuro da Igreja¡±. Tomando as reflexões de Joseph Ratzinger feitas na época sobre a questão da ¡°tradição¡± ¨C um dos ¡°pontos de tensão¡± do Vaticano II ¨C pe. Rush lembrou que a questão básica era se deveríamos essencialmente insistir no ¡°antimodernismo¡±, ou seja, ¡°na negação quase neurótica de tudo o que era novo" - ou "se a Igreja, depois de ter tomado todas as precauções necessárias para proteger a fé, tivesse virado a página e caminhado para um encontro novo e positivo com as próprias origens, com os próprios [semelhantes] e com o mundo de hoje". A maioria manifestou-se a favor da segunda alternativa e por isso, afirmou o teólogo australiano, ¡°podemos até falar do Concílio como um novo começo¡±, a passagem, como disse o futuro Bento XVI, de ¡°uma compreensão ¡®estática¡¯ da tradição" - "legalista, propositiva e a-histórica (ou seja, relevante para todos os tempos e lugares) - para "uma compreensão 'dinâmica', "personalista, sacramental e enraizada na história", que não se detém no passado como a primeira, mas vê como ¡°realizado no presente¡± e ¡°aberto a um futuro ainda a ser revelado¡±.
Deus está esperando sua resposta"
Ainda no Concílio, continuou o pe. Rush ¨C sublinhando que ¡°isto é importante para compreender a sinodalidade e a própria finalidade deste Sínodo¡± ¨C a mesma revelação divina ¡°se apresenta como um encontro contínuo no presente, e não apenas como algo que aconteceu no passado", onde Deus "através da iluminação e do poder do próprio Espírito Santo" move "a humanidade para novas percepções, novas questões e novas intuições". Também este Sínodo, concluiu, ¡°é um diálogo com Deus. Este tem sido o privilégio e o desafio das suas 'conversas no Espírito'. Deus ¨C disse aos presentes ¨C espera a sua resposta¡±.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp