Gallagher: a paz entre israelenses e palestinos, benef¨ªcio para a comunidade internacional
Salvatore Cernuzio ¨C Cidade do Vaticano
¡°A Santa Sé está firmemente convencida de que a paz entre israelenses e palestinos, e de forma mais geral na região, é um benefício para toda a comunidade internacional¡±.
O secretário para Relações com os Estados e Organizações Internacionais, arcebispo Paul Richard Gallagher, se pronunciou na segunda-feira, 19, na Semana de Alto Nível da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, que se realiza em Nova York de 18 a 26 de setembro de 2023. O prelado fez-se porta-voz da posição da Santa Sé que ¨C assegurou ¨C ¡°vê Jerusalém não como um lugar de conflito e divisão, mas como um lugar de encontro, onde cristãos, judeus e muçulmanos podem viver juntos com respeito e boa vontade recíproca¡±.
A presença dos frades e da comunidade cristã na Terra Santa
Em particular, dom Gallagher sublinhou as prioridades da Santa Sé em relação à Terra Santa, nomeadamente a existência dos Lugares Santos ligados à vida de Jesus, confiados pelos Papas durante quase 600 anos à Custódia dos Frades Menores, e a presença contínua de uma comunidade cristã de dois mil anos. É olhando para este patrimônio histórico, cultural e religioso que o prelado reiterou que ¡°qualquer iniciativa de paz é bem-vinda, incluindo a Iniciativa de paz árabe, desde que - especificou - não prejudique as populações locais ou as legítimas demandas de israelenses e palestinos."
30 anos dos acordos de Oslo
Precisamente estes últimos, ¡°encontram-se hoje numa posição muito fraca, quer devido a problemas de governaça interna como pela atitude cada vez mais pesada e militarmente invasiva do Estado de Israel¡±, afirmou o representante Vaticano, não escondendo a sua amargura ao constatar ¡°que ainda estamos aqui para discutir o conflito israelense-palestino 30 anos após a assinatura dos acordos de Oslo¡±, em 13 de Setembro de 1993, que permitiam vislumbrar a solução de dois Estados. Precisamente naquela atmosfera, a Santa Sé havia encontrado ¡°terreno fértil¡± para dar alguns passos importantes, como o estabelecimento de relações diplomáticas com o Estado de Israel (1993), com o Reino da Jordânia (1994) e um novo diálogo com a Organização para a Libertação da Palestina, culminando no pleno reconhecimento do Estado da Palestina.
Não a atos de intolerância
Para Gallagher, o ponto central da disputa que deve ser abordada para alcançar ¡°uma paz estável e duradoura¡± é a administração da cidade de Jerusalém. ¡°É claro que esta cidade é muito importante para nós, cristãos, bem como para judeus e muçulmanos, que todos a consideram como a Cidade Santa¡±, disse ele. ¡°É realmente triste ¨C acrescentou ¨C ver atos de intolerância em Jerusalém, como aqueles recentemente perpetrados por alguns extremistas judeus contra os cristãos¡±.
Refletir sobre Jerusalém
Daí um apelo a todos os governos para condenar qualquer tipo de ação violenta, ¡°em primeiro lugar aquela israelense¡±, a persegui-la a nível legal e também para a prevenir no futuro por meio da ¡°educação para a fraternidade¡±.
Outro apelo, mas desta vez dirigido aos participantes da Assembleia da ONU, para que seja incluída nos grupos de trabalho uma reflexão específica sobre a Cidade de Jerusalém "pensando-a como uma Cidade de encontro, isto é, um lugar preservado por um 'estatuto especial 'garantido internacionalmente".
A ideia de um estatuto especial
¡°A Santa Sé ¨C afirmou o secretário para as Relações com os Estados ¨C há anos promove a ideia de um estatuto especial, porque está firmemente convencida de que quem administra a Cidade de Jerusalém deve aderir aos princípios garantidos a nível internacional¡±, isto é, ¡°a igualdade de direitos e deveres dos fiéis das três religiões monoteístas, a garantia absoluta da liberdade de religião e de acesso e culto nos Lugares Santos, o respeito pelo Status Quo¡±. Portanto, para este fim, ¡°o caráter multirreligioso específico, a dimensão espiritual, a identidade única e a herança cultural de Jerusalém¡± devem ser ¡°preservados e promovidos¡±.
O encontro de 2014 nos Jardins do Vaticano
Na conclusão do seu discurso, o arcebispo Gallagher recordou as palavras do Papa quando convidou ¡°israelenses e palestinos a um diálogo direto¡±, mas também os gestos do Pontífice, a começar por aquele sem precedentes de 8 de junho de 2014, que reuniu nos Jardins Vaticanos o presidente israelense, Shimon Peres, o presidente palestino Mahmoud Abbas, para rezarem juntos pela paz e plantar uma oliveira.
¡°Continuemos a regar aquela oliveira ¨C foi o convite do arcebispo ¨C enquanto esperamos que os presidentes dos dois Estados, acompanhados dos seus governos, voltem para colher os frutos da paz¡±.
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