Maria Peregrina - III Parte
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
"Depois destes dias de graça, perguntemo-nos: Que levamos conosco quando regressarmos ao vale da vida quotidiana?", perguntou o Papa Francisco aos milhares de jovens reunidos no Parque Tejo para a Missa do Envio, que concluiu a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa. Os jovens, justamente, que realizam uma peregrinação com um duplo sentido: por um lado a preparação e a participação no grande evento para reencontrar ou para alimentar a sua fé e por outro, "depois destes dias de graça" compartilhados com milhares de outros jovens de várias partes do mundo, o retorno à vida cotidiana, para ser sinal de paz e iluminar as realidades em que vivem. Acompanhando os jovens em todo esse percurso, Nossa Senhora peregrina, a quem Pe. Gerson Schmidt* tem dedicado os últimos programas:
"Estamos aprofundando o tema de Nossa Senhora Peregrina, no contexto da JMJ, fundamentado também na LG número 58, que apresenta Maria e sua “peregrinação na fé”. O Papa Francisco, já com muita antecedência, havia enviado a bonita que se realizou em Lisboa. O tema dessa jornada foi: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39). O Papa Francisco escolheu este tema de Maria que partiu de uma forma apressada para se encontrar com Isabel para iluminar a JMJ nesse ano. O convite que Deus faz para os jovens é de levantar-se. Ele tem presente também a palavra de Jesus ao jovem, filho da viúva de Naim que era para ele levantar-se (Lc 7,14). O Papa Francisco colocou a palavra do Senhor dita para São Paulo no relato de sua vocação diante do rei Agripa que era para ele levantar-se e ficar de pé, após aquela visão que o derrubou do cavalo (At 26,16). O significado de levantar-se é ressuscitar, despertar para a vida[1]. Nestes tempos difíceis, diz o Papa Francisco em, que a humanidade está passando pela pandemia e pela guerra, a presença de Maria abre para os jovens o caminho da proximidade e do encontro[2], pelo fato de ela conduzir as pessoas ao seu Filho Jesus e à humanidade reconciliada com o Senhor.
Esse tema refere-se à missão da juventude de ir ao encontro do outro jovem, pessoa humana mais necessitada. Maria fez isso quando ela ficou sabendo que a sua prima Isabel, teria um filho na sua idade avançada, pois ela era estéril, sabendo que para Deus nada é impossível (Lc 1,37). Como diz o evangelho de Lucas, Isabel estava no sexto mês de sua gravidez (Lc 1,26), de modo que ela ficou três meses na sua residência, para prestar-lhe a ajuda até o nascimento de João Batista, o precursor de Jesus (Lc 1,56).
O Papa Francisco continuou na sua mensagem para a JMJ 2023, que Maria depois do anúncio do anjo que ela seria a Mãe do Salvador e de sua resposta positiva, ela foi logo ao encontro de sua prima Isabel, porque ela prestou ajudas nos meses finais antes do nascimento do Precursor, João Batista, e também porque ela estava com Jesus, poder de ressurreição, o Cordeiro imolado, mas sempre vivo[3]. Desta forma ela levantou-se, pondo-se a caminho, sabendo que os planos de Deus são o melhor projeto para a sua vida. Maria tornou-se templo de Deus, imagem de uma Igreja que sempre se põe a caminho e se coloca a serviço, sendo portadora da Boa Nova do Reino de Deus[4]. O encontro com o Senhor fez Maria sair de si mesma, para transmitir a mensagem da alegria, da salvação, do Salvador que se formaria nela para os outros.
Maria se torna assim o modelo para os jovens peregrinos. O Papa Francisco afirmou que Maria torna-se modelo para os jovens que estão em movimento, buscam os outros, são missionários, missionárias. Maria vive na condição de mulher pascal, voltada para os outros, num estado de êxodo, de saída, sobretudo para com os mais necessitados, como ela fez no momento, para a sua prima Isabel[5].
O Papa, nessa mensagem aos jovens, disse que Maria foi ditada pelo serviço que lhe prestou à sua prima Isabel. Ela estava cheia de Deus, de modo que ela não permaneceu parada. Ela deixou-se interpelar pela sua prima Isabel, já numa idade avançada, pensando mais nos outros do que nela mesma. O Papa levantou algumas perguntas para os jovens no sentido da disposição em servir os outros, ajudá-los a viver melhor, porque o pouco que se faz pelo bem, pela paz, pelo mandamento do amor ao redor na vida dos jovens, ajuda o mundo a ser melhor[6]. É preciso que os jovens vejam as necessidades das pessoas como os presos, os migrantes, as pessoas idosas, para fazer-lhes uma visita, para ter um olhar compassivo, de amor. É preciso ultrapassar a barreira da indiferença[7] porque ela impede a olhar o outro com alegria e com misericórdia. É preciso perceber as pressas dos jovens como de outras pessoas, para que ajam em favor da paz, do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.
A pressa da jovem de Nazaré, disse o Papa Francisco fez com que ela partilhasse os dons extraordinários do Senhor para quem mais necessitava dela, no caso Isabel. É preciso partilhar os dons que o Senhor dá para as pessoas e para os jovens, para tornar o mundo melhor, mais humano e fraterno. Maria é o exemplo para o jovem que não perde tempo em voltar-se para si mesmo, mas para os outros, para Deus, porque a preferência é o serviço[8], é a construção da paz e da reconciliação."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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