Glasgow, atletas do Vaticano diminuem o ritmo para apoiar uma ciclista refugiada
Tiziana Campisi e Mario Galgano ¨C Pope
"Ela me perguntou se eu tinha água no cantil. Não tinha muita, mas dei a ela". Rino Alberto Bellapadrona, ciclista da Atlética Vaticana, que corre ao lado de Marcus Bergmann na competição reservada a amadores do Campeonato Mundial Gran Fondo que se realiza em Glasgow, no Reino Unido, lamentou poder oferecer apenas meio cantil de água para uma daquelas garotas de bicicleta que pararam durante a corrida. Ele notou a camiseta com as palavras "Uci (Union Cycliste Internationale ndr) Refugee" e entendeu que ela era uma refugiada. Então, perguntou à ciclista de onde ela era. ¡°Afeganistão¡±, ela respondeu. "Continuámos a nossa corrida e a certa altura percebemos que ela estava se distanciando e por isso decidimos, com o meu companheiro, esperar e ajudar quem naquele momento estava em dificuldade"- disse Bellapadrona. Este é um dos princípios fundamentais que carregamos como Athletica Vaticana, porque não vamos para vencer¡±. Sim, porque os esportistas da Santa Sé participam de competições para levar a mensagem do Papa: a da inclusão, da fraternidade, da amizade, da comunhão. "Se você vier conosco, nós a acompanharemos até a linha de chegada", foi a proposta dos dois atletas, que assim convenceram a ciclista a acompanhá-los até à meta.
Masomah Ali Zada, ciclista da equipe olímpica refugiados
Somente no final da corrida, quando a jovem tirou o capacete, os ciclistas da Athletica Vaticana, conversando com ela, a reconheceram. Essa ciclista era Masomah Ali Zada de 27 anos. A jovem fugiu de seu país ainda criança e passou a infância exilada no Irã. De volta a Cabul, ela cursou o ensino médio e a universidade, estudou esporte e também foi professora de esporte. Apesar da desaprovação da sociedade iraniana mais conservadora, ela começou a praticar ciclismo ao lado de outras mulheres e acabou entrando na equipe nacional de ciclismo. Em 2016, ela deixou o Afeganistão e pediu asilo na França. Ela competiu pela Equipe Olímpica de Refugiados na competição com cronômetro de Tóquio 2020 e tornou-se membro da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Internacional em 2022. ¡°Ela também luta para que o esporte feminino seja reconhecido em seu país - diz Bellapadrona - que é o que a UCI está fazendo para permitir que as mulheres façam ciclismo. Nós, enquanto Athletica Vaticana, queremos ajudar os mais frágeis e o ciclismo é um dos esportes mais representativos nestes termos, pois o apoio aos atletas em dificuldade, no sprint, ou durante a corrida, é muito mais evidente¡±.
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