Nossa Senhora Medianeira
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
“Maria é nossa Mãe, é Mãe dos nossos povos, é Mãe de todos nós, é Mãe da Igreja, mas é também imagem da Igreja. E é Mãe do nosso coração, da nossa alma”, recordou o Papa Francisco na celebrada em 12 de dezembro de 2017 por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe, destacando também que ela foi mulher-discípula.
Mas não só. Francisco recordou que “ao longo dos tempos, a piedade cristã procurou sempre louvá-la com novos títulos: tratava-se – explicou - de títulos filiais, títulos do amor do povo de Deus”.
De fato, Maria é conhecida por muitos títulos, ligados a sua natureza, ou à aparições, em que é amada, invocada e venerada, mas sempre “fiel ao seu Mestre, que é o seu Filho, o único Redentor, jamais quis reter para si algo do seu Filho.” Assim, só para citar alguns, Nossa Senhora Auxiliadora, Nossa Senhora do Bom Conselho, Nossa Senhora Rainha, Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Nossa Senhora da Consolação, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Lourdes...!
No programa de hoje desse nosso espaço, padre Gerson Schmidt* nos fala sobre Nossa Senhora Medianeira:
"A Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II, escrita há 60 anos, descreve o atributo de Nossa Senhora como medianeira e advogada nossa. A Veneração a Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças, Mãe de Jesus, vem dos tempos do início do Cristianismo, pelo fato de Maria ter feito sempre a Vontade do Pai e de sempre ter acompanhado seu Filho Jesus. De estar sempre com os apóstolos, como disse o próprio Jesus a João: “Eis aí tua Mãe”. Portanto, essa devoção teve início no próprio Evangelho de Jesus, no momento da redenção da humanidade. Maria, no princípio, colaborou com o plano de Deus para a humanidade, na Encarnação de Jesus e no final, em sua Redenção. Presente na hora da morte de Jesus, ela foi o sustento que os Apóstolos necessitavam. Se tornando a Medianeira, a Mãe de todas as horas, desde o início da Igreja no Cenáculo, quando todos receberam o Espírito Santo. No ano de 1921 o Papa Bento XV, instituiu a festa de Nossa Senhora, Medianeira de todas as Graças. É a confiança da Igreja na mediação de Maria Santíssima junto a seu Filho Jesus Cristo Redentor, para todas as pessoas que a ela recorrem. Por isso essa devoção se difundiu rapidamente por todo o mundo. É da maternidade espiritual de Maria Santíssima que vem a sua mediação universal, como sempre quis Jesus. Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças é a invocação da mediação de Maria Santíssima sobre os cristãos. Os cristãos sempre compreenderam, desde o início da Igreja, que Maria era medianeira, isto é, intercessora entre Deus e a humanidade.
O nosso mediador é um só: Jesus Cristo. O Apóstolo Paulo na carta a Timóteo diz: «não há senão um Deus e um mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou a Si mesmo para redenção de todos (1 Tim 2, 5-6). “Mas a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia; de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece”, afirmou a LG no número 60.
Na conclusão da Lumen Gentium, os padres conciliares, afirmaram que Maria é medianeira na ordem da unidade dos cristãos. Diz assim o número 69, com o título “Medianeira para a unidade da Igreja” – “E é uma grande alegria e consolação para este sagrado Concílio o fato de não faltar entre os irmãos separados quem preste à Mãe do Senhor e Salvador o devido culto; sobretudo entre os Orientais, que acorrem com fervor e devoção a render culto à sempre Virgem Mãe de Deus (194). Dirijam todos os fiéis instantes súplicas à Mãe de Deus e mãe dos homens, para que Ela, que acompanhou com suas orações aos começos da Igreja, também agora, exaltada sobre todos os anjos e bem-aventurados, interceda, junto de seu Filho, na comunhão de todos os santos, até que todos os povos, tanto os que ostentam o nome cristão, como os que ainda ignoram o Salvador, se reúnam felizmente, em paz e harmonia, no único Povo de Deus, para glória da santíssima e indivisa Trindade”.
A natureza da mediação de Maria é essa: “Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos” (LG 62)."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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