Parolin: as crises atuais precisam de respostas globais e fraternas
Alessandro De Carolis – Pope
Num mundo e numa época marcados por lacerações graves, é forte a tentação de refugiar-se "na esfera privada", virando as costas para as crises. É um risco que também a política pode correr, impelida a centrar-se em interesses privados circunscritos e não no esforço que envolve a visão de um bem comum amplo, que inclui a proteção também de quem não toma decisões, os marginalizados de todos os tipos. No entanto, existem dois fatores que podem levar a uma maior coesão e integração, sobre os quais o Papa insiste muito: a "amizade social" e a "cultura do encontro".
Apelos genéricos pela paz não são suficientes
O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin enfatizou esses dois valores queridos a Francisco no discurso proferido na abertura do encontro de dois dias promovido pela Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice para o 30º aniversário de seu nascimento. O secretário de Estado Vaticano proferiu o seu discurso, na Sala Clementina, nesta segunda-feira (05/06), antes da audiência dos participantes com o Papa Francisco sublinhando o termo “comunidade†contido no tema do encontro “A memória para construir o futuro: pensar e agir em termos de comunidadeâ€. “Está claro para todos que os problemas, a busca de soluções e as expectativas de muitos de nossos irmãos e irmãs têm uma dimensão global e exigem respostas igualmente globaisâ€, disse o purpurado. E por isso, continuou ele, “para trabalharmos juntos pelo bem da comunidade, não bastam apelos genéricos à paz ou ao crescimento econômico ou ao bem do ambienteâ€.
Os dois valores
"A noção de bem comum" deve ser compreendida, assinalou o cardeal Parolin, a fim de evitar "políticas ou atividades que promovam soluções 'particulares', já que estas podem criar exclusão ou se revelarem oportunidades perdidas para todos". E aqui a amizade social e a cultura do encontro, defendeu o secretário de Estado, oferecem um ponto de vista útil para alcançar um bem comum concreto, porque ambas são características “de uma sociedade aberta e orientada para o futuroâ€. A amizade social é por natureza inclusiva e ajuda a planejar atividades “não limitadas à própria comunidade ou paísâ€. A cultura do encontro, longe de estimular "atos esporádicos de caridade" que se iludem eliminar a discriminação, é um "estilo de vida" que sabe respeitar de modo real a dignidade e a liberdade de todos.
A realização de todos
Se na Centesimus Annus de João Paulo II, publicada em 1991, o magistério atribuía naquele momento histórico "grande importância a valores como a democracia e a liberdade", hoje, apontou o cardeal Parolin, o cenário atual se mostra na reflexão desenvolvida por Francisco na Fratelli tutti, que afirma que palavras como democracia, liberdade, justiça ou unidade “foram moldadas para servir como instrumentos de dominação, como rótulos sem significadoâ€, boas para qualquer ação. O enfraquecimento do “complexo de valores†com que hoje devem medir aqueles que tomam as decisões políticas ou econômicas exige, acrescentou o secretário de Estado, “um discernimento atento para salvaguardar os interesses geraisâ€. No fundo, concluiu o cardeal Parolin, trata-se de uma “responsabilidade†que orienta as decisões e os recursos para “a plena realização de todos os seres humanos, o seu crescimento e suas aspirações, com base em sua dignidade e identidadeâ€.
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