Processo vaticano, em meados de julho, pedidos da promotoria
Alessandro Di Bussolo – Pope
A apresentação dos pedidos da acusação no processo em andamento no Vaticano sobre o uso de fundos da Secretaria de Estado terá início na tarde de 18 de julho, com o promotor de Justiça Alessandro Diddi que solicitou seis audiências, até 26 de julho, enquanto a partir de 27 de setembro haverá espaço para os advogados da parte civil e a partir de meados de outubro para as defesas dos réus. Este é o calendário dado pelo presidente do Tribunal vaticano, Giuseppe Pignatone, na manhã desta sexta-feira, 26 de maio, na sala multifuncional dos Museus Vaticanos, ao término da 60ª audiência do processo, que começou no final de julho de 2021. Pignatone também confirmou que com a próxima audiência, em 13 de junho, o Tribunal pretende encerrar a fase oral.
A decisão do Tribunal sobre os pedidos das defesas
Pouco antes, em uma ordem articulada, o Tribunal vaticano havia rejeitado a maioria das exceções de nulidade e pedidos de provas apresentados pelos advogados dos réus, em particular a dos defensores do cardeal Angelo Becciu, ex-substituto para Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, que solicitou que o promotor de Justiça fosse ordenado a depositar as mensagens de whatsapp enviadas a ele pela testemunha Genevieve Ciferri, e em grande parte "omitidas" pelo próprio promotor, bem como partes dos interrogatórios à testemunha monsenhor Alberto Perlasca, ex-chefe do Escritório administrativo da Secretaria de Estado, realizados pelo Escritório do Promotor antes do início do processo. A rejeição foi motivada pelo fato de que esses atos fazem parte de outros procedimentos para os quais as investigações que exigem sigilo ainda estão em andamento. Ao invés, foram aceitos os pedidos de depósito dos autos da polícia judiciária sobre a cooperativa Spes e as contribuições por ela recebidas da Secretaria de Estado, e as mensagens do facebook entre a testemunha Immacolata Chaouqui e o cardeal Becciu.
Declaração do cardeal Becciu
Os advogados de todas as defesas anunciaram que contestarão a ordem, e o cardeal Becciu expressou sua trizteza aos jornalistas porque, ao manter as "omissis" sobre o chat Ciferri-Diddi, isso impediria "a clareza sobre o caso do monsenhor Perlasca, da senhora Chaouqui e da senhora Ciferri, que disseram ter conspirado contra mim". E, continuou, "se serviram do Papa", ofendendo-o assim, "para executar um plano vingativo contra mim". Estas pessoas estão livres, concluiu, "e eu estou há três anos sob o pesadelo dessas acusações que estão se revelando falsas".
O novo interrogatório ao réu Mincione
A audiência foi iniciada com um novo interrogatório, que durou uma hora e meia, ao corretor financeiro Raffaele Mincione, réu pelos crimes de peculato, fraude, abuso de poder, apropriação indébita e lavagem de dinheiro, somente sobre a nova acusação de corrupção formulada pelo promotor de Justiça, Alessandro Diddi, na audiência de 30 de março. Em resposta às perguntas de seu advogado, o financista respondeu que nunca ofereceu, obteve ou concedeu, pessoalmente ou por meio de empresas a ele relacionadas, a Fabrizio Tirabassi (na época dos fatos, funcionário do Escritório administrativo da Secretaria de Estado, também acusado de lavagem de dinheiro) e Enrico Craso (ex-assessor financeiro da mesma Secretaria, agora acusado de corrupção e lavagem de dinheiro), fundos em dinheiro ou objetos de valore ou viagens. Portanto, ele negou ter recebido solicitações de comissões deles, nem mesmo por meio da empresa de Ivan Simetovic, a Aspigam.
Relações com a Aspigam de Simetovic
Sobre o assunto das relações com a empresa Aspigam International, sediada em Dubai, Mincione explicou que Simetovic é um corretor e apresentador de negócios, que trabalhou anteriormente para Mediobanca, e por essa razão, de 2011 a 2017, "ele nos apresentou vários negócios, muitos não concluídos, outros sim. E também me propôs o investimento de 200 milhões do Credit Suisse e da Sitom". O corretor disse que sempre soube que o investidor final era a Secretaria de Estado, mas também que não conhecia "nenhum contrato que definisse a relação entre o órgão da Santa Sé e o banco suíço".
A gênese do investimento no palácio de Londres
Com o fundo de capital Athena, que comprou as ações do prédio de Londres, Mincione confirmou que havia pago 2,1 milhões de euros como comissão a Simetovic, que teria de receber outros 1,9 milhão de euros, de acordo com um contrato de consultoria assinado em 21 de abril de 2015. Os fundos do Credit Suisse foram inicialmente pensados para serem investidos em uma empresa petrolífera em Angola, mas depois foram utilizados para a compra do prédio da Sloane Avenue, 60, em Londres, por indicação do próprio Mincione. Respondendo a uma pergunta das partes civis, o financista afirmou que foi somente neste dia 10 de maio que Simetovic, que nunca apareceu para depor apesar de ter sido convocado pelo Tribunal, o informou por e-mail que no contrato com a Aspigam havia um subapresentador que recebia parte das comissões, e que se tratava de Crasso. A defesa deste último pediu que o e-mail fosse declarado inutilizável, e Pignatone concordou.
O relatório de despesas enviadas a Torzi no final de 2018
Mincione também confirmou que pediu a seu colaborador da WRM Capinvest, Gianluigi D'Andria, que foi ouvido como testemunha em 11 de maio, que enviasse um e-mail em 19 de dezembro de 2018 a Gianluigi Torzi, o outro corretor réu, pelo caso do prédio de Londres, com um relatório de todas as despesas incorridas pelo Fundo Athena Capital, como as comissões para a Aspigam. Foi um e-mail "defensivo", explicou o financista, "das calúnias que eu estava recebendo de Crasso e Perlasca por minhas solicitações. Então, eu as justifiquei. Eu sabia que depois Torzi entregaria meu relatório a eles". Acrescentou que, "dada a forte desconfiança que havia na Secretaria de Estado" em relação a ele, mostrou as contas a Torzi, "o novo chefe da administração" do prédio de Londres. Também lembrou que, durante sua gestão, todos os meses enviava um Net asset value (Nav), um relatório de despesas correntes, do Fundo Athena.
Depositada lista dos fundos do Ior para a Secretaria de Estado
O advogado de defesa de Mincione lembrou, então, que a acusação lhe contesta ter remunerado Crasso por ter convencido o Credit Suisse a investir no Fundo Athena, e o corretor afirmou que o consultor financeiro da Secretaria de Estado era apenas um promotor do Credit Suisse Italia, mas sem função deliberativa. Confirmou que as relações com ele "não eram das melhores", depois de um investimento em bônus fracassado em 2015. No final do interrogatório, o promotor Diddi depositou, conforme solicitado em outubro de 2022 pelos advogados de Becciu, um relatório de todos os financiamentos fornecidos entre 2004 e 2020 pelo Instituto para as Obras de Religião à Secretaria de Estado.
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