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Media??o de Maria, parte do patrim?nio da f¨¦ crist?

"A media??o de Maria faz parte do patrim?nio da f¨¦ crist? e ¨¦ a partir desta verdade, t?o presente nos ensinamentos dos santos como tamb¨¦m no Magist¨¦rio ordin¨¢rio da Igreja, que a por??o dos fi¨¦is pode unir-se mais eficazmente contra os desvios mundanos, a fim de alcan?ar a coroa do C¨¦u."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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Deus não prescindiu da Mãe: por maior força de razão, precisamos nós d¡¯Ela. O próprio Jesus no-La deu; e não num momento qualquer, mas quando estava pregado na cruz: «Eis a tua mãe» (Jo 19, 27) ¨C disse Ele ao discípulo, a cada discípulo. Nossa Senhora não é opcional: deve ser acolhida na vida. É a Rainha da paz, que vence o mal e guia pelos caminhos do bem, repõe a unidade entre os filhos, educa para a compaixão. (Papa Francisco)

Com um Decreto publicado em 3 de março de 2018 pela então Congregação do Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (agora Dicastério), o Papa Francisco determinou a inscrição da Memória da ¡°Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja¡± no Calendário Romano Geral, a ser celebrada todos os anos na segunda-feira depois de Pentecostes.

¡°Esta celebração - lê-se no Decreto - ajudará a lembrar que a vida cristã, para crescer, deve ser ancorada no mistério da Cruz, na oblação de Cristo no convite eucarístico e na Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos redimidos¡±.

Alguns meses antes, em 12 de dezembro de 2017, o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Pedro, a , ocasião em que afirmou que "ao longo dos tempos, a piedade cristã procurou sempre" louvar Maria "com novos títulos: tratava-se de títulos filiais, títulos do amor do povo de Deus, mas que em nada tocavam o seu ser mulher-discípula."

Padre Gerson Schmidt*, que tem nos acompanhado ao longo dos últimos anos neste espaço Memória Histórica, dá início a uma série de programas sobre a mediação da Virgem Maria e sua importância na história da salvação:

 

"É importante agora precisar mais claramente o papel de Maria na história da salvação. A participação singular de Maria na obra da redenção não é apenas uma ¡°opinião piedosa¡±, mas uma verdade ensinada repetidas vezes pelo Magistério da Igreja. Não há "fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora".

A primeira vez que um Papa usou o termo de Correndentora referindo-se à Maria foi Pio XI, em uma alocução de 30 de novembro de 1933: ¡°Pela natureza de sua obra, o Redentor devia associar sua Mãe com sua obra. Por esta razão, nós a invocamos sob o título de Corredentora. Ela nos deu o Salvador, acompanhou-O na obra da redenção até a cruz, compartilhando com Ele os sofrimentos, agonia e morte, com os quais Jesus deu pleno cumprimento à redenção humana¡±.

A custo se conseguirá exprimir com maior precisão e clareza a doutrina da Corredenção mariana em Jesus Cristo com Ele e por Ele. Observa com razão Roschini: ¡°Triunfar com Cristo, esmagando a cabeça da serpente, não é outra coisa que ser Corredentora com Cristo¡± [1]. Essa afirmação de Roschini se fundamenta numa declaração do Papa PIO IX - Ineffabilis Deus ¨C que declara assim: ¡°Ao glosar as palavras com as quais Deus, anunciando no início do mundo os remédios preparados em sua misericórdia para regenerar os mortais, confundiu a audácia da serpente sedutora e levantou maravilhosamente a esperança de nossa linhagem, dizendo: ¡®porei inimizades entre ti e a Mulher, entre tua descendência e a dela¡¯ (Gn 3, 15), os Padres da Igreja e outros doutores ensinaram que, por este divino oráculo, foi clara e patentemente anunciado o misericordioso Redentor do gênero humano, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, e foi do mesmo modo designada sua santíssima Mãe, a Virgem Maria, bem como brilhantemente posta em relevo a mesmíssima inimizade de ambos contra o demônio. Por esse motivo, assim como Cristo, mediador entre Deus e os homens, assumiu a natureza humana, anulou o decreto contra nós exarado e o cravou triunfante na Cruz, assim a Santíssima Virgem ¨C unida a Ele por estreito e indissolúvel vínculo, exercendo com Ele e por Ele suas eternas inimizades ¨C triunfou plenissimamente da venenosa serpente, cuja cabeça esmagou com seu pé imaculado¡±.

Quando Bento XVI declarou não existir "fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora", ele não estava simplesmente fazendo uso de um exagero retórico próprio da linguagem dos santos [2]. A mediação de Maria faz parte do patrimônio da fé cristã e é a partir desta verdade, tão presente nos ensinamentos dos santos como também no Magistério ordinário da Igreja, que a porção dos fiéis pode unir-se mais eficazmente contra os desvios mundanos, a fim de alcançar a coroa do Céu."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] ROSCHINI, OSM, Gabriel Maria. La Madre de Dios según la fe y la Teología. Madrid: Apostolado de la Prensa, 1955, v.I, p.477.

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29 maio 2023, 09:03