A "Casa da Família Abraâmica" é inaugurada em Abu Dhabi
L'Osservatore Romano
Frequentemente, "constroem-se muros para separar as pessoas, em vez de pontes para conectá-las", mas "os muros que surgiram neste lugar contradizem a lógica divisiva do poder e do ódio".
Assim sublinhou o cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, falando na manhã desta sexta-feira em Abu Dhabi, no primeiro fórum dedicado à Casa da Família Abraâmica, um complexo inter-religioso inspirado no assinado pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al -Azhar em 4 de fevereiro de 2019 na capital dos Emirados Árabes Unidos. É uma mesquita, uma sinagoga e uma igreja unidas por uma única fundação em torno de um jardim, uma imagem que tem um significado importante para cada uma das três grandes religiões monoteístas.
Projetada pelo arquiteto David Adaye, a "Casa da família abraâmica" havia sido inaugurada na tarde anterior na ilha de Saadiyat, na presença, entre outros, do próprio prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso e do bispo capuchinho Paulo Hinder, ex-vigário da Arábia do Sul.
Junto com o cardeal, pronunciaram-se no fórum o ministro da Tolerância e Convivência dos Emirados Árabes Unidos e outros apoiadores do local de culto para muçulmanos, judeus e cristãos. O cardeal Ayuso - que também preside o Alto Comitê para a Fraternidade Humana, promotor dos valores do Documento e do Dia Internacional dedicado a ele em 4 de fevereiro de cada ano - reiterou que "os seres humanos desejam uma convivência mais pacífica e harmoniosa": por isso "é urgente o papel das religiões na cura das feridas do mundo e na construção de pontes entre as diferenças; agora mais do que nunca".
A missão de difundir uma cultura de respeito e diálogo encontra, portanto, uma realização concreta em Abu Dhabi na Abrahamic Family House como um espaço de intercâmbio inter-religioso, alimentando os valores da convivência pacífica e da aceitação entre pessoas de diferentes crenças e culturas.
“Esta iniciativa histórica aberta a todos reflete fielmente os valores da tolerância e da hospitalidade”, comentou o cardeal, lembrando que o Documento sobre a Fraternidade Humana “não é um mapa, mas um compromisso diário de trabalhar juntos para o bem comum e contribuir para curar nosso mundo frágil." Afinal, acrescentou, “a fraternidade não pode, por definição, ser exclusiva, confinada ao meu grupo ou comunidade, mas deve incluir todos”. Pode ser, portanto, "a dinâmica pela qual superamos as diferenças e construímos pontes de convivência".
Relançando os valores contidos na chamada “Declaração de Abu Dhabi” também expressos na o cardeal exortou a superar obstáculos, preconceitos e conflitos, superando as dificuldades, mas mantendo-se enraizados em suas respectivas identidades, evitando sincretismos. Portanto, sem renunciar aos diversos recursos espirituais dentro das diversas tradições, “todos têm uma mensagem celestial a ser vivida na proximidade com todos os nossos irmãos e irmãs, sejam eles quem forem e seja qual for a sua fé”, afirmou. "Enquanto prestamos culto a Deus nos espaços aqui designados para os nossos respectivos ritos, nunca nos esqueçamos do outro que está perto, também buscando Deus e se comunicando com Deus, esperando conhecer melhor e viver mais verdadeiramente à luz da presença divina entre nós», concluiu.
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