Processo vaticano, o cardeal Parolin disposto a testemunhar
Salvatore Cernuzio ¨C Pope
O cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, também virá testemunhar no Tribunal no processo vaticano sobre a gestão dos fundos da Santa Sé. O presidente do Tribunal vaticano, Giuseppe Pignatone, o afirmou na nexta-feira, 16 de dezembro, no início da 42ª audiência na Sala dos Museus Vaticanos, ao anunciar a lista das próximas audiências em janeiro de 2023. Entre elas, a de 13 de janeiro que terá a acareação, já anunciada, entre Francesca Immacolata Chaouqui, protagonista do Vatileaks 2, e Genoveffa Ciferri, amiga da testemunha-chave monsenhor Alberto Perlasca, sobre a "interferência" delas no memorial do ex-chefe do Escritório Administrativo.
Nova lista de testemunhas
Pignatone também pediu às partes civis e advogados de defesa que apresentassem uma nova lista de testemunhas e documentos até 10 de janeiro "para que o Tribunal possa prontamente prover e seguir em frente". Em seguida, en passant, ele acrescentou que na quinta-feira, 15 de dezembro, havia contatado o Secretário de Estado para perguntar-lhe se gostaria de comparecer em juízo ou fazer uso da faculdade prevista pelo Código para ser interrogado em seu escritório ou em sua casa (ou enviar um memorial). "Ele virá a esta sala, a disponibilidade em princípio é de 25 a 26 de janeiro", disse Pignatone.
As deliberações da Pignatone
A audiência foi aberta por volta das 12h20 com a leitura de um despacho em que Pignatone rejeitou o pedido de inadmissibilidade levantado pelos advogados de defesa do cardeal Angelo Becciu (réu), sobre o material apresentado nas audiências anteriores pelo promotor Diddi proveniente das informações do Ministério Público de Sassari. O material, ou seja, do qual surgiu a gravação do telefonema de Becciu para o Papa, feita com a ajuda de uma parente. Para o Tribunal vaticano trata-se de material "legítimo, pertinente e relevante para os propósitos do juízo".
A defesa de Becciu, com outra exceção, pediu uma cópia forense do telefone celular e do computador pessoal de Perlasca, a fim de reconstruir suas relações com Chaouqui e Ciferri de forma ordenada e cronológica, não contando apenas com a "memória claudicante" do monsenhor. Após cerca de dez minutos na Câmara do Conselho, Pignatone também rejeitou este pedido, que os advogados se reservaram o direito de apelar.
Interrogatório a Giovannini
O interrogatório ao advogado Manuele Intendente estava marcado para esta quadragésima segunda audiência, mas pouco antes da mesma ele anunciou sua ausência. Renato Giovannini, vice-reitor da Universidade Telemática Marconi, foi, portanto, interrogado. Ambos, como assistentes legais do corretor Gianluigi Torzi (réu), teriam participado nas tratativas pela negociação do Prédio de Londres.
"Não me lembro" foi a frase mais recorrente de Giovannini durante o interrogatório. Por exemplo, a testemunha não se lembrava de mensagens, telefonemas e encontros em Roma e no exterior com outros réus, nem de passagens de algumas chats com expressões como "vamos encontrar nosso homem na Secretaria de Estado" ou "os jogos terminaram". Giovannini nem sequer se lembrou de um encontro em 30 de outubro de 2018 na Secretaria de Estado. Pignatone neste ponto o repreendeu: "O senhor tem a obrigação aqui de dizer a verdade. É verdade que já se passaram quatro anos, mas não se pode removê-los da memória dessa maneira. Uma audiência na Secretaria de Estado não acontece com frequência, como a dizer "nos encontramos em um bar na Praça de Espanha".
Giovannini garantiu repetidamente que não tinha nenhum papel "técnico" no caso de Londres, e que jamais havia recebido encargos da Santa Sé. A advogada Elisa Scaroina, parte civil da Secretaria de Estado, relatou uma nota de mandato para uma subassistência de 350 mil euros. Giovannini respondeu que também não se lembrava disso e que sempre havia colaborado "sem cobrar". A testemunha também disse que se lembrava de um grupo WhatsApp chamado "Os três magníficos" com Torzi e Intendente. Os advogados indicaram que a chat havia sido criada por ele: "Era colegial e relacional", respondeu ele. O advogado do Ior Roberto Lipari evidenciou que a chat continha mensagens e fotos claramente referentes a negociações comerciais, como pagamentos à Aspigam International de Dubai, ou negociações financeiras, como as do Prédio da Sloane Avenue.
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