Tagle: o Decreto do Papa um processo de humildade e discernimento para a Caritas
Salvatore Cernuzio ¨C Pope
Resultado de "um estudo cuidadoso e independente" que não se refere a casos de abusos sexuais ou má administração de dinheiro, mas pretende ser "um chamado a caminhar humildemente com Deus" e "um processo de discernimento". Com estas palavras o cardeal Luis Antonio Tagle, presidente emérito da Caritas Internationalis, apresentou o Decreto do Papa sobre o organismo publicado nesta terça-feira. O cardeal filipino o leu na íntegra em inglês aos participantes da plenária do organismo, que se realizou nesta segunda e terça-feira na Villa Aurelia em Roma, que aplaudiram algumas passagens na leitura do decreto. Eles também aplaudiram quando o cardeal nomeou o novo comissário Pier Francesco Pinelli, ex-consultor em muitos setores administrativos e financeiros da Caritas, e Maria Amparo Alonso Escobar, que o auxiliará nesta tarefa, foram apresentados à assembleia. Escobar é atualmente responsável da advocacia e campanhas do organismo, com uma longa experiência de advocacia na África e em Genebra.
A leitura do Decreto
"Temos um novo administrador provisório", começou Tagle, tendo ao lado na mesa o cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. "Sim, esta notícia pode talvez trazer alguma inquietação ou confusão para alguns de vocês. Mas podem ter a certeza de que esta decisão do Santo Padre veio após um estudo cuidadoso e independente do ambiente de trabalho do Secretariado e da governança exercida pelas pessoas e órgãos responsáveis".
Caminhar juntos
"Gostaria de assegurar-lhes que não se trata, não se trata", repetiu o cardeal três vezes, "de assédio ou abuso sexual". Não se trata, mais uma vez, de má gestão de dinheiro. Não se trata disso. O Decreto indica claramente sua intenção". Tagle expressou sua gratidão ao secretário geral, Aloysius John - que não estava na sala -, aos membros do Conselho Executivo e a toda a administração que, agora, com o decreto papal, decaem. Isto", acrescentou o cardeal, "é um chamado a caminhar humildemente com Deus e a um processo de discernimento, enfrentando nossas faltas de liberdade e seguindo o Espírito de liberdade". Ao mesmo tempo, é um caminhar juntos, com culturas diferentes, em suas expressões únicas de humanidade". Tagle também mencionou "os crescentes desafios que a Caritas continua a enfrentar no cuidado com os pobres e marginalizados em todo o mundo". Por esta razão", disse ele, "o Decreto prevê que a Secretaria esteja preparada para ajudar os membros do organismo e para operar de forma coerente com as melhores práticas e valores do Evangelho".
A próxima Assembleia Geral
O olhar então se dirigiu para a próxima Assembleia geral, que, sublinhou o cardeal, "chegará, portanto, em um momento crítico". Isso já havia acontecido com a assembleia de 2019, quando "ninguém esperava que houvesse uma pandemia de Covid-19" e ninguém, dois anos depois, "sabia que uma guerra irromperia na Ucrânia e que muitos outros conflitos que existem há muitos anos seriam esquecidos". O trabalho, portanto, prosseguirá: "temos administradores fortes que nos levarão adiante, levarão a Confederação até a próxima Assembleia Geral". E isto não interromperá as operações da Secretaria', concluiu Tagle. "Vamos dedicar tempo para considerar como nossas organizações associadas podem contribuir para o fortalecimento deste tempo maravilhoso".
Pinelli: construir um clima de confiança e colaboração
O cardeal Tagle chamou então à mesa dos oradores Pinelli e Amparo, ambos disseram que estavam aceitando o cargo com "espírito de serviço". Pinelli, em particular - ao Pope, à margem da assembleia - agradeceu ao Papa "pela confiança" e explicou que sua intenção neste novo papel é "querer, junto com todo o povo da Caritas Internacionalis, iniciar processos de reconciliação e melhoria que possam dar frutos a longo prazo para esta associação que existe há 70 anos".
Trata-se, portanto, de um relançamento da Caritas Internationalis? Para o administrador temporário é antes "um posto de controle para melhorar o que de ótimo já existe". Ele diz que se aproxima deste novo serviço "com serenidade e humildade" e explica que o primeiro objetivo será "trabalhar em conjunto" com as pessoas do secretariado e todos aqueles que participam ativamente da vida da Caritas "para construir um clima de confiança e colaboração".
Czerny: estar à altura de sua missão
Cardeal Czerny: "a decisão do Santo Padre visa melhorar a governança e tornar mais eficazes os processos de gestão da Caritas Internationalis. Verificou-se uma insuficiente atenção ao cuidado das pessoas necessária para acompanhar os processos de mudança. É necessário que a CI esteja preparada para enfrentar os crescentes desafios que o mundo contemporâneo coloca à Igreja e a todos nós, porque a Caritas tem um papel fundamental na Igreja. A Caritas Internationalis é também o ponto de ligação na Santa Sé para todas as Caritas que levam a caridade do Papa onde quer que haja necessidade. Sua gestão deve, portanto, estar à altura de sua missão: a difusão da caridade e da justiça no mundo, à luz do Evangelho e dos ensinamentos da Igreja Católica. Creio que o que o Papa estabeleceu é uma expressão de sua paternidade, não só para com os mais pobres e necessitados, mas também para com os colegas que levam avante um compromisso muito importante da Igreja: a caridade".
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