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Antonella Palermo – Pope

"Sagrada Escritura e a missão da Igreja no mundo" foi o tema do discurso do prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny SJ, na abertura do segundo dia conclusivo do Simpósio sobre a Doutrina Social da Igreja que começou nesta quinta-feira (27/10), no Instituto Newman em Uppsala, na Suécia. As contribuições dos relatores internacionais esclareceram o significado de "bem comum", e se focaram na relação entre o Estado católico confessional, democracia e direitos humanos. Também foram abordadas as perspectivas históricas da doutrina social católica e do ensino social católico no contexto atual.

A comunhão é a base para uma vida saudável da Igreja e da sociedade

Em sua reflexão, o cardeal reiterou que ler a Escritura Sagrada significa posicionar-se entre pessoas reais no mundo real. É a leitura definida 'de baixo'. A escuta de Deus, na verdade, não pode ser separada da escuta do humano. Na Encarnação, Deus pega toda a realidade do amor humano em todas as suas expressões e a eleva, mantendo-a dentro da vida da Trindade. "Essa forma de sermos tomados um pelo outro no amor, gera a sociedade, não como uma massa homogênea, mas sim muitos componentes multifacetados: relações dinâmicas de unidade na diferença. Essa é a vida de comunhão amorosa que promete uma vida saudável tanto para a Igreja quanto para a sociedade", ressaltou.

A fraternidade gerada pela escuta da Palavra não é proselitismo

O purpurado sublinhou que o amor evangélico envolve "uma epifania do ser, como criatura constituída numa dignidade inalienável, além de qualquer aparência física ou moral, além de qualquer pertença social ou cultural". Essa epifania do ser implica uma dinâmica relacional renovada: o amor pelo outro pelo que ele é e que nos impele a buscar o melhor para sua vida, ou seja, maior realização humana, um desenvolvimento humano integral. A palavra-chave permanece o "amor", a única base para ler as Escrituras. O grande mandamento do amor se traduz no compromisso de construir uma civilização inclusiva que evite produzir "descartes" humanos ou exclusões porque alimenta a amizade social que nunca ignora o grito dos pobres da terra e agora também o grito da terra. O projeto de uma fraternidade humana aberta a todos, e que nasce da leitura da Bíblia, não supõe proselitismo, mas "fecundar e fermentar a sociedade com o Evangelho". Mesmo na relação com os que não creem, explicou o cardeal, a Igreja é chamada a colocar em círculo os valores humanos e humanizadores que emergem da mensagem de redenção de Cristo.

A ação educativa da Escritura é formar para a justiça

A forma como os fiéis entram na Escritura e fazem experiência é essencial para desmascarar a iniquidade que habita no coração humano, assim como a injustiça que habita o mundo. O cardeal Czerny citou São Paulo e observou que toda Escritura é útil para "ensinar, repreender e corrigir", mas sua função educacional, explicou ele, é principalmente "formar para a justiça", que ele resume como "boa cidadania". Então, novamente, o esclarecimento: o ensino e a difusão da Doutrina Social da Igreja não são ações marginais, um segundo passo opcional de aplicações práticas após um corpo de verdades dogmáticas. Pelo contrário, se encontra no coração do anúncio evangélico. O purpurado concluiu, dizendo que é impossível construir uma relação autêntica de escuta da Palavra sem a atenção aos pobres e a solidariedade concreta ao próximo. A esperança é de que essa consciência estimule os fiéis a um "compromisso iluminado e a um envolvimento ativo" na realidade social que cada um escolheu, seja a economia, a política, o meio ambiente, a tecnologia, a saúde, a mídia, a cultura, as artes, a educação. "Amar a Deus, amar a si mesmo e amar o próximo são uma só coisa, não como uma ideia ou ideal, mas como uma experiência vivida que se desdobra na caminhada única de cada pessoa na terra".