Papa Francisco e a tarefa missionária
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
No encontro de oração no Santuário Nacional de Ta’ Pinu, em Malta, o Papa Francisco falou aos malteses sobre “o Evangelho que somos chamados a viver”, convidando a “voltar à essência do cristianismo”. Na mesma linha, o padre Gerson Schmidt* aprofunda no programa de hoje o tema do “Pilar da Missão”, falando sobre “Papa Francisco e tarefa missionária”:
“Estamos aprofundando o pilar da Missão, a última das colunas pilares na qual se ergue a Igreja de Cristo, conforme as novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, válidas até 2023. Em seu pontificado, o Papa Francisco tem acentuado esse pilar da missão, sobretudo como já apontamos no programa passado pela .
O terceiro capítulo dessa Encíclica o Papa dedica ao Anúncio do Evangelho. Recordando palavras de São João Paulo II, diz que «não pode haver verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como Senhor» e sem existir uma «primazia do anúncio de Jesus Cristo em qualquer trabalho de evangelização»[1]. “A evangelização é dever da Igreja. Este sujeito da evangelização, porém, é mais do que uma instituição orgânica e hierárquica; é, antes de tudo, um povo que peregrina para Deus” (EG, 111).
O trabalho do anúncio do Evangelho não se reduz à hierarquia da Igreja, mas a todo o batizado que deve ser um missionário. Na , o Papa Francisco se utiliza novamente do termo da Igreja como “Casa de portas abertas”.
Numa atmosfera de sinodalidade, o Papa aponta que começou o Caminho Sinodal da Igreja, com um apelo a caminhar juntos, como "Povo de Deus peregrino e missionário". Ao começar a caminhada sinodal e celebrar o dia mundial das missões, em setembro do ano passado, o Papa afirmava: “Recordemos que a missão não é fazer proselitismo. A missão baseia-se no encontro entre as pessoas, no testemunho de homens e mulheres que dizem: "Eu conheço Jesus, gostaria que tu também O conhecesses". Por fim, o Papa convidava a rezar "para que cada batizado participe na evangelização e que cada batizado esteja disponível para a missão através do seu testemunho de vida. E que este testemunho de vida tenha o sabor do Evangelho".
Na mensagem para o dia mundial das missões deste ano, que vai ocorrer dia 23 de outubro, o Papa propõe o tema «Sereis minhas testemunhas» (At 1, 8). Neste ano, o dia mundial das missões proporciona a ocasião de comemorar alguns fatos relevantes para a vida e missão da Igreja: a fundação, há 400 anos, da Congregação de Propaganda Fide – hoje designada Congregação para a Evangelização dos Povos – e, há 200 anos, da «Obra da Propagação da Fé; esta, juntamente com a Obra da Santa Infância e a Obra de São Pedro Apóstolo, há 100 anos foram reconhecidas como «Pontifícias».
Nessa M o Papa recorda várias vezes a Encíclica de São Paulo VI , marco que esclareceu a identidade da Igreja que existe para evangelizar. São Paulo VI diz nesse encíclica: «Sim! A pregação, a proclamação verbal duma mensagem, permanece sempre como algo indispensável. (...) A palavra continua a ser sempre atual, sobretudo quando ela for portadora da força divina. É por este motivo que permanece também com atualidade o axioma de São Paulo: “A fé vem da pregação” (Rom 10, 17). É a Palavra ouvida que leva a acreditar» (Evangelii Nunciandi, 42).
O Papa Francisco não só escreve sobre a importância de levar a boa nova. Ele mesmo dá o exemplo de sair de casa, apesar dos impedimentos da pandemia que travou o planeta em dois anos. Depois de João Paulo II, que realizou mais de uma centena de viagens apostólicas, Francisco é o Papa que tem maior número de viagens, superando Paulo VI e Bento XVI. Apesar da idade e do seu problema em um dos joelhos, Francisco surpreendeu pelo número de visitas dentro e fora da Itália, sendo, no entanto, o primeiro papa da história recente a não visitar seu país natal, a Argentina. Realizou 16 viagens na Europa, 7 viagens na América, 8 viagens na Ásia e 4 na África.”
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Ecclesia in Asia (6 de Novembro de 1999), 19: AAS 92 (2000), 478.
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