Pilar da miss?o da Igreja-casa
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
A Igreja em todo o Brasil, por meios das novas diretrizes da Ação Evangelizadora, está caminhando para formar verdadeiros discípulos missionários, dentro de comunidades eclesiais missionárias, propondo a imagem da Igreja como casa ou construção de Deus, onde as paróquias gerem células vivas e comunidades de comunidades. Segundo tais diretrizes, essa casa é construída a partir de quatro pilares, que fazem parte dos fundamentos sólidos e constitutivos da Igreja de Cristo: pilar da Palavra, pilar do Pão, pilar da Caridade e pilar da Missão. Em nosso último programa, padre Gerson Schmidt* nos propôs a reflexão "Pilar da caridade e Papa Francisco", para então hoje começar a falar sobre o quarto pilar, ou seja, o pilar da Missão:
"Entramos finalmente no último pilar proposto pelas DGAE da Igreja do Brasil: o pilar da missão. A ¡°casa¡± que estamos abordando nesses programas, símbolo bíblico da vida eclesial, nasce da missão e envia em missão. O grande anúncio deve ser sempre Jesus Cristo e seu evangelho do Reino.
Dizia assim Dom Adelar Baruffi, então bispo de Cruz Alta-RS, em artigo a respeito desse pilar: ¡°Esta casa é chamada a ser comunidade eclesial missionária. Isto porque é da identidade da Igreja, que desde o dia em que o Ressuscitado a enviou em missão, vai testemunhar e pregar a boa nova trazida por Jesus Cristo. Essa é nossa missão irrenunciável. Demoramos muito tempo para percebermos que tínhamos parado de ir e anunciar¡±[1]. Anunciamos Jesus Cristo porque somos motivados pelo ¡°amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele, que nos impele a amá-lo cada vez mais. Um amor que não sentisse a necessidade de falar da pessoa amada, de apresentá-la, de torná-la conhecida, que amor seria?¡± (EG, n. 264). Este anúncio precisa ser explícito. Não se pode supor que as pessoas já tenham sido evangelizadas. Até, porque, o anúncio fundamental de nossa fé pede que seja continuamente repetido e aprofundado.
Já nos recordava o Papa Bento XVI, na Carta Apostólica em forma de Motu Proprio , que ¡°sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado¡± (PF, n.2).
O fundamento da fé e de uma suposta cristandade foi abalado. Portanto, não podemos mais supor a fé no mundo atual, mas propor a fé. Atualmente o querigma não pode ser dado como pressuposto, nem mesmo entre os membros da própria comunidade, dizem as DGAE, 116. Os conhecimentos básicos da fé cristã não só deixaram de existir, como são até, frequentemente negados em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas. A crise de fé é uma das grandes chagas da sociedade atual.
As Diretrizes da CNBB, no número 114, colocam os desafios da evangelização no mundo cada vez mais urbano, que embora possa assustar, é, na verdade, porta para o Evangelho e as comunidades cristãs que precisam ter um olhar propositivo sobre essa realidade, cientes de que Deus preparou uma cidade para eles (Hb 11,16; Ap 3,20).
No número 123, as Diretrizes apontam que no seu empenho missionário, a ação evangelizadora da Igreja no Brasil tem como fundamento o querigma e expressa a necessidade de fortalecer a esperança dos cristãos como testemunhas da ressurreição de Cristo em um mundo carente de sentido e de ética. Pela esperança fomos salvos (Rm 8,24), por isso a Igreja, lar dos cristãos, vive da certeza de que habitará na tenda divina, casa da Trindade, em uma aliança eterna e definitiva com Deus (Ap 21, 2-5).
¡°A Igreja peregrina atua na sociedade porque se autocompreende como sacramento universal de salvação que tem um fim escatológico. Salvação que se entende integral: da alma e do corpo, é o destino final ao qual Deus chama todos os homens. Essa dimensão escatológica suscita a esperança que vence a morte. Por isso a comunidade cristã reúne um povo de peregrinos a caminho do Reino de Deus, rumo à Pátria Trinitária (Fl 3,20)¡± (DGAE, 121).
Por isso, precisamos preparar missionários para anunciar Jesus Cristo, mais do que administradores da instituição, para ir ¡°além da pastoral de manutenção e se abrindo a uma autêntica conversão pastoral (DAp, n.366 e 370). Novos lugares, novos horários, linguagem renovada e pastoral adequada às novas demandas da população são algumas características das respostas esperadas¡± (DGAE, 189). Missionários leigos e leigas, na Igreja e no mundo e nos vários ambientes. Missionários seminaristas, que formem um coração de pastor, para que depois possam viver como presbíteros, tendo como primeira missão o anúncio da Palavra, e, posteriormente as demais missões.
A formação de pequenas comunidades missionárias, com pessoas próximas umas das outras, é um espaço de maior simplicidade da vivência da fé, que, depois encontra seu elo de comunhão na realidade paroquial. O missionário comunica por suas palavras e, sobretudo, pelos seus gestos de acolhida e proximidade. Temos consciência clara que o evangelho de Jesus Cristo continua a dar ¡°resposta às necessidades mais profundas das pessoas, porque todos nós fomos criados para aquilo que o Evangelho nos propõe: a amizade com Jesus e o amor fraterno¡± (EG, n. 265)."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] https://www.cnbb.org.br/a-missao-o-quarto-pilar-da-casa/
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