Migrantes, novas diretrizes da Santa Sé para uma pastoral intercultural
Alessandro Di Bussolo – Pope
Um vade-mécum de propostas e respostas pastorais para "fazer crescer a cultura do encontro" e chegar a "um nós cada vez maior" e "a uma Igreja cada vez mais inclusiva", como indicado pelo Papa Francisco em sua . Este é o documento "Diretrizes sobre a pastoral migratória intercultural" publicado esta quinta-feira (24/03) pela Seção migrantes e refugiados do Dicastério da Santa Sé para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, com o prefácio do Papa. Vinte e duas páginas e um anexo de "boas práticas" já ativas na Igreja, destacando as oportunidades interculturais ligadas aos fenômenos migratórios atuais.
Sete capítulos e um anexo de "boas práticas"
Em sete capítulos ágeis, são analisados os desafios que emergem do cenário atual de migração, cada vez mais global e multicultural, do "reconhecer e superar o medo" até o "considerar os migrantes uma bênção". São, portanto, oferecidas respostas pastorais adequadas, acompanhadas de boas práticas já em vigor e eficazes. Promover o encontro, um dos desafios apresentados pelas "Diretrizes", significa implementar a comunhão da diversidade.
A nova missão: construir pontes com a caridade
"A presença de migrantes e refugiados pertencentes a outras religiões, ou não-crentes – lê-se ainda no documento - representa uma nova oportunidade missionária para nossas comunidades cristãs, chamadas a construir pontes através do testemunho e da caridade". O padre scalabriniano Fabio Baggio, subsecretário da Seção migrantes e refugiados, sublinha que "as novas Diretrizes nascem da experiência das Igrejas locais e a elas são devolvidas com algumas iluminações magisteriais".
O prefácio do Papa: "Chamados à fraternidade universal"
No prefácio, Francisco reitera o chamado "ao compromisso de fraternidade universal, porque 'estamos todos no mesmo barco'" e recorda, como escrito na Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2021, que "no encontro com a diversidade" e "no diálogo que dele pode surgir, nos é dada a oportunidade de crescer como Igreja, de enriquecer-nos uns aos outros".
Nacionalismos agressivos e o individualismo nos dividem
Infelizmente, prossegue o Pontífice, "em momentos de maior crise, como os causados pela pandemia e pelas guerras a que estamos assistindo, nacionalismos fechados e agressivos e individualismos radicais racham e dividem o nós, tanto no mundo como dentro da Igreja". E o preço mais alto "é pago por aqueles que mais facilmente podem se tornar 'os outros': os estrangeiros, migrantes, marginalizados, aqueles que habitam as periferias existenciais".
Uma Igreja que não faz distinção entre residentes e hóspedes
Estas Diretrizes pastorais, escreve ainda o Papa Francisco, "nos convidam a ampliar o modo como vivemos o ser Igreja" e "nos exortam a ver o drama do desarraigamento prolongado e a acolher, proteger, integrar e promover nossos irmãos e irmãs". Elas também nos oferecem "viver um novo Pentecostes em nossos bairros e paróquias, tomando consciência da riqueza de sua espiritualidade e de suas vibrantes tradições litúrgicas". Só assim a Igreja pode ser "autenticamente sinodal" em caminho: uma Igreja que não faz distinção "entre nativos e estrangeiros, entre residentes e hóspedes, porque nesta terra somos todos peregrinos".
Jesus nos diz que nós o encontramos no refugiado
É Jesus, conclui o Papa, que "nos diz que toda ocasião de encontro com um refugiado ou um migrante é uma ocasião de encontro com Ele mesmo". E em seu Espírito conseguimos "abraçar a todos para criar comunhão na diversidade, harmonizando as diferenças sem jamais impor uma uniformidade que despersonalize". Assim, as comunidades católicas "são convidadas a crescer e reconhecer a vida nova que os migrantes trazem consigo".
Um documento nascido de experiências locais
O documento propriamente se abre com uma citação da de Francisco, quando diante do desafio apresentado pelos migrantes, exorta todos os países "a uma generosa abertura, que em vez de temer a destruição da identidade local seja capaz de criar novas sínteses culturais".
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