Igreja-casa, pilar da Palavra
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Na , de 2010, o Papa Bento XVI recorda Santo Agostinho que, ao comentar o capítulo primeiro do Evangelho de João, afirma que «por meio do Verbo foste feito, mas é necessário que por meio do Verbo sejas refeito». De fato, nessa passagem – comenta o Papa emérito na II parte da Exortação, Verbum in Ecclesia – “vemos esboçar-se o rosto da Igreja como realidade que se define pelo acolhimento do Verbo de Deus, que, encarnando, colocou a sua tenda entre nós. Esta morada de Deus entre os homens – a shekinah –, prefigurada no Antigo Testamento, realiza-se agora com a presença definitiva de Deus no meio dos homens em Cristo.”
Depois de "Igreja, casa de acolhida", padre Gerson Schmidt* nos propõe hoje a reflexão "Igreja-casa, pilar da Palavra":
"A Igreja é vista como uma casa ou construção de Deus, conforme o pensamento dos padres conciliares na . Segundo as novas diretrizes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), essa casa é construída a partir de quatro pilares, que fazem parte dos fundamentos sólidos e constitutivos da Igreja de Cristo: pilar da Palavra, pilar do Pão, pilar da Caridade e pilar da Missão. Somos convocados a fundamentar nosso cristianismo nesses pilares para erguer a estrutura de toda a casa e de toda a ação pastoral em cima desses pilares, sem os quais não se erguem as paredes ou o telhado posterior de todo o edifício. Um pilar é um elemento estrutural vertical usado normalmente para receber os esforços diagonais de uma edificação e transferi-los para outros elementos, como as fundações. Costuma estar associado ao sistema laje-viga-pilar. Tudo aquilo que cumpre uma função chave em um assunto pode ser considerado um pilar, ou seja, algo essencial e fundamental.
Se falamos da Igreja que é uma casa que tem um pilar da Palavra, falamos em algo fundamental, que é o anúncio do Evangelho, ou melhor, o primeiro anúncio, o querigma, que segundo a , desencadeia “um caminho de formação e de amadurecimento (EG, 160), que é o catecumenato. Os batizados devem chegar a um estado de maturidade (EG, 117), precisando nossas comunidades serem catequéticas, mistagógicas, educadoras da fé por etapas cada vez mais profundas e transformadoras, gestando novos cristãos e cristãos novos.
O Papa São João Paulo II, já em 1997, no encerramento da Assembleia dos Bispos da Conferência Episcopal Italiana, apontou as razões da nossa atenção, contínuo uso e amor à Sagrada Escritura: “Nela encontramos os princípios doutrinais e as vias pastorais mais apropriadas, para fazer com que o encontro com o Livro Sagrado mantenha a sua intrínseca qualidade de escuta da Palavra de Deus, seja uma aproximação exegeticamente correta, torne-se fonte de vida espiritual, anime e revigore toda a ação pastoral, guie e sustente o diálogo ecumênico, manifeste a grande riqueza também humana e cultural, que brota da Bíblia e tem produzido maravilhosos frutos de civilização na Itália e também em muitas outras nações”.
A Igreja se funda sobre a Palavra anunciada, nasce e vive dela. É o que nos aponta a Exortação Apostólica Pos-Sinodal de Bento XVI, , que resgatava os 40 anos da Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II: “De fato, a Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela. Ao longo de todos os séculos da sua história, o Povo de Deus encontrou sempre nela a sua força, e também hoje a comunidade eclesial cresce na escuta, na celebração e no estudo da Palavra de Deus” (VD, 3).
Nossa ação evangelizadora perderia sua identidade se a Palavra de Deus não estivesse continuamente sendo anunciada mediante a sua proclamação na liturgia, catequese, leitura orante, Grupos Bíblicos de Reflexão, entre outros. Convém recordar a frase de São Jerônimo: “Ignorar as Sagradas Escrituras, com efeito, significa ignorar Cristo”.
As diretrizes da CNBB afirmam que a Sagrada Escritura é patrimônio comum de todas as igrejas cristãs, numa caminhada também de unidade ecumênica. É importante que ela se torne sempre fonte inspiradora de oração comum, de fraternidade e de conversão (DGAE, 149)."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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