Igreja, sacramento e sinal de amor e unidade
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Igreja como comunidade no Espírito, Igreja comunidade de amor, Igreja testemunha de amor. Estes foram os temas das três últimas reflexões propostas pelo padre Gerson Schmidt*, que hoje nos fala sobre a Igreja como esse sacramento de amor e unidade. De fato, o amor a unidade são os sinais de Cristo vivo e ressuscitado no meio de nós. A Constituição Dogmática Lumen Gentium inspira uma pergunta: Como a Igreja será para o mundo sacramento de salvação, sinal visível da graça salvadora de Cristo?
"Nas primeiras palavras da Constituição Dogmática se aponta o objeto do documento, ou seja, da Igreja ser “sacramento”. Diz assim o número 01 da LG: “A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura (cfr. Mc. 16,15). Mas porque a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano pretende ela, na sequência dos anteriores Concílios, colocar de manifesto com maior insistência, aos fiéis e a todo o mundo, a sua natureza e missão universal”.
Há uma pergunta que brota do Documento conciliar Lumen Gentium: Como a IGREJA SERÁ SINAL PARA O MUNDO de ser sacramento de salvação, sinal visível da graça salvadora de Cristo? A Igreja será sinal para o mundo por meio do amor e a unidade, testemunhado e vivido numa comunidade concreta. O Amor e a unidade são os sinais de Cristo vivo e ressuscitado no meio de nós. Como crerá o mundo, sem ter visto Cristo vitorioso dentro os mortos? Vendo uma comunidade cristã que se ama, que vive o amor recíproco, que revela ao mundo que é possível amar o inimigo, na dimensão da cruz.
Na paróquia, numa comunidade concreta, onde se vive o amor, deve se dar os sinais que chamem os homens que não crêem à fé, para que vendo-os, as pessoas acreditem que Jesus Cristo é o enviado do Pai, que é o Salvador dos homens, que está vivo e ressuscitado em nossa vida, em nosso cotidiano, em nossas ações de amor recíproco, amando-nos uns aos outros como Ele nos amou. E como Ele nos amou? Com amor de cruz, amou-nos até o fim, até a morte e morte de cruz. Desta forma também devemos amar-nos uns aos outros, para que a Igreja seja ao mundo um SINAL DE CRISTO RESSUSCITADO DENTRE OS MORTOS.
No capítulo 17, 21-23 de São João há um requisito colocado por Cristo para que o mundo creia que o Pai o enviou e que ele é o Salvador: “Que todos sejam um”(Jo 17,21). “Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim”(v.23).
O amor, quando é íntimo e individual, pode ainda não ser um sinal. Mas quando se alarga, quando convive e se esparrama na comunidade, então pode se tornar um grande sinal. Não se trata aqui de ser uma comunidade tão somente jurídica, como podem ser nossas paróquias geográficas ou comunidades religiosas por convívio forçado. Mas enquanto essas mesmas ou outras forem autênticas e verdadeiras, quando se percebe que nos amamos verdadeiramente na dimensão da cruz e haja uma comunhão de espírito, conforme um comentário de Raniero Cantalamessa[1].
“Depois de ter dado o mandamento novo, Jesus acrescenta: Nisso todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros (Jo 13,35). Para ser um sinal para o mundo, o novo mandamento necessita da comunidade, quase como a eucaristia precisa do pão e a luz de um telão para se projetar. Só a comunidade é digna de fé; nem o amor, quando permanece íntimo e individual, é crível. O mandamento novo de Jesus equivale, portanto, ao mandamento de formar a Igreja como comunidade de amor e de serviços recíprocos”[2].
Portanto, a Igreja responderá ao apelo dos padres conciliares, sendo sacramento visível e universal da Salvação de Cristo por meio de dois sinais concretos na comunidade cristã: o amor e a unidade. Para que o mundo creia, que todos sejam um; nisso conhecereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] Cantalamessa, Raniero. O verbo se fez carne, Ed ave Maria, p. 583.
[2] Ibidem.
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