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O ministro da Saúde, Médico cardiologista, Marcelo Queiroga encontra-se em Roma para a reunião com os ministros da Saúde do G 20. O ministro da Saúde, Médico cardiologista, Marcelo Queiroga encontra-se em Roma para a reunião com os ministros da Saúde do G 20.  

Ministro Marcelo Queiroga: o Brasil de importador será exportador de vacina

Ministro Queiroga encontrou-se com o Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Peter Turkson... “uma ocasião especial em que tivemos oportunidade de mostrar o que o Brasil tem feito no enfrentamento à pandemia da covid-19”.

Silvonei José - Pope

O ministro da Saúde brasileiro, Médico cardiologista, Marcelo Queiroga encontra-se em Roma para a reunião com os ministros da Saúde do G 20. Nesta segunda-feira o primeiro compromisso do sr. Ministro foi o encontro com o Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Peter Turkson...Depois do encontro o ministro Queiroga fez uma visita à Rádio Vaticano – Pope onde conversou com Silvonei José.

P. Ministro é uma alegria poder receber o senhor aqui nos estúdios da Rádio Vaticano – Pope, seja bem-vindo.

M. A Alegria é minha poder estar aqui hoje na Rádio Vaticano falando para todos aqueles da Língua Portuguesa e de todo o mundo.

P. Ministro, o senhor está em Roma para a reunião com os ministros da saúde do G20. Nós já vamos conversar com o senhor sobre isso, mas introduziria com um compromisso que o senhor teve na manhã desta segunda-feira, um compromisso com o Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Integral, cardeal Peter Turkson. O motivo também desse encontro com o cardeal?

M. O encontro com o cardeal foi uma ocasião especial em que tivemos oportunidade de mostrar o que o Brasil tem feito no enfrentamento à pandemia da covid-19: Notadamente em relação à campanha de vacinação que seguindo a tradição do Brasil tem sido um sucesso. O Brasil adotou uma estratégia diversificada para distribuir vacinas à toda a população brasileira e essa estratégia tem como principal ponto a encomenda tecnológica que foi feita ao laboratório Astrazeneca, para que a Fundação Oswaldo Cruz, uma instituição do Ministério da Saúde, portanto do povo brasileiro, pudesse deter a tecnologia de produzir o insumo farmacêutico ativo o IFA.

Então hoje o Brasil já tem condições de produzir vacinas com IFA nacional: Esse foi o primeiro ponto da nossa campanha. Até o presente momento nós já produzimos na Fundação Oswaldo Cruz mais de 85 milhões de doses com IFA inicialmente importado da China e IFA nacional já é produzido. Naturalmente que ainda passa por um processo de validação regulatória por conta da necessidade de se comprovar a segurança biológica do IFA Nacional o mais rapidamente. Agora creio que a partir de outubro já possamos produzir a vacina é com o IFA nacional. A outra estratégia foi justamente acordos com farmacêuticas multinacionais de que adquirimos por exemplo com a Pfizer 200 milhões de doses, com a Jansen 38 milhões de doses. O Brasil também se filiou à iniciativa kovacs Facilite da Organização Mundial de saúde para ter cobertura vacinal de 10% da sua população, isso significa 43 milhões de vacinas e com o Instituto Butantã firmamos um acordo para aquisição de 100 milhões de doses de vacina, ou seja, o Brasil adquiriu mais de 550 milhões de doses de vacina que são distribuídas a estados e municípios. Agora em setembro, nós comemoramos mais de 230 milhões de doses de vacina distribuídas e 200 milhões de doses aplicadas sendo que mais de 80% da população adulta brasileira já recebeu a primeira dose e mais de 40% da população adulta já está completamente imunizada.

Entrevista com o Ministro Queiroga
Entrevista com o Ministro Queiroga

P. Dados do Ministério nos dão: 19,86 mi de brasileiros recuperados; 12.915 novos casos em 24h; 266 óbitos registrados em 24h; total de óbitos 583.628 no Brasil. A estrada é longa?

M. Sim a estrada é longa, mas hoje nós temos um horizonte e temos uma esperança, a esperança é a vacinação. Nos últimos 60 dias nós tivemos uma redução de 60% do número de casos, de 60% do número de óbitos, então o cenário epidemiológico está mais controlado. Eu falei que a esperança é a vacina e essa esperança é traduzida nas mais de 38 mil salas de vacinação que temos espalhadas no nosso grande Brasil e com essas salas, nós temos capacidade e vacinar até 2.400.000 brasileiros todos os dias. Nos últimos 15 dias a média móvel de vacinados é de mais de um milhão e 800 mil brasileiros. Quantos países têm essa capacidade? Então é com base nessa nossa grande capacidade de vacinar, mas sobretudo na vontade do povo brasileiro de tomar a vacina contra a Covid é que nós temos a certeza que nós vamos vencer até o final do ano o caráter pandêmico da doença. É claro que essa é uma doença grave e que não afeta só o Brasil por isso pandemia, e isso criou um problema para os principais sistemas de saúde do mundo. O sistema americano, o sistema de saúde inglês o daqui da Itália, então esses mais de 580 mil óbitos, - desde já aproveito a oportunidade para me solidarizar com a família daqueles que perderam a vida e com aqueles que conseguiram se recuperar mas ainda sofrem consequências do impacto dessa doença. E o compromisso do Ministério da Saúde é de trabalhar forte para levar assistência à saúde de qualidade desde a atenção primária, até atenção especializada a saúde. Afinal o Estado brasileiro ele tem como compromisso básico, o prestígio, a dignidade da pessoa humana e assim o direito à saúde é um direito fundamental. E todos no Brasil sabem que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado que deve ser garantido por políticas sociais e econômicas.

Entrevista com o Ministro Queiroga
Entrevista com o Ministro Queiroga

P. Uma meta a ser atingida é vacinar com a primeira dose toda a população acima de 18 anos até o dia 15 de setembro...

M. Sim, e já está próximo. Hoje nós estamos no dia 6, amanhã é o dia da independência do Brasil e no dia 15 nós distribuiremos doses suficientes para imunizar com a primeira dose toda a população brasileira acima de 18 anos. Até o final de outubro nós vacinaremos com a segunda dose. Agora no mês de agosto nós distribuímos mais de 60 milhões de doses de vacina, é muita dose de Vacina, isso dá para imunizar países. No mês de setembro também a farmacêutica Pfizer com quem fizemos um acordo para aquisição de vacinas diante desse cenário da força do nosso sistema único de saúde, do ambiente de negócios de um governo liberal, resolveu fazer uma parceria com a Indústria Farmacêutica Nacional a Eurofarma, e vai produzir em 2022 vacinas com a tecnologia do NRNA no Brasil. Então em 2022 a Pfizer deve produzir nessa parceria com Eurofarma pelo menos 100 milhões de dose. Então com Pfizer, com Fiocruz o Brasil deixará de ser um país importador de vacinas e será um país que produzirá vacinas, não só para por sua população, mas também para ajudar os outros países do mundo.

P. É um horizonte belíssimo que o senhor está nos trazendo, mas a realidade hoje do Brasil. ...olhando tudo aqui do que ocorreu até o momento, o senhor está satisfeito com aquilo que foi feito, poderia ser feito algo mais, Como o senhor vê hoje a situação da nossa saúde no Brasil, em relação à pandemia?

M. Bom, em primeiro lugar o Brasil tem um sistema de saúde de acesso Universal. São poucos os países que tiveram a coragem de ter um sistema de saúde de acesso universal, países com mais de 100 milhões de habitantes. Então, por isso eu diria que a pandemia ela foi uma oportunidade para que todos os brasileiros reconhecessem a importância do Sistema Único de Saúde. Então por esse Prisma eu estou satisfeito. Por outro lado, como eu disse nós lamentamos as perdas que tivemos, mas foi uma oportunidade para um aprendizado. De 2008 a 2018 fecharam mais de 40 mil leitos hospitalares no Brasil e o governo do presidente Bolsonaro recebeu esse legado. Havia e ainda há um cenário de problemas fiscais, inclusive o governo que nos antecedeu do presidente Temer foi obrigado a editar a emenda constitucional 95 com a questão do teto. Ainda hoje nós somos obrigados a esse teto. Então é fundamental, como o próprio ministro Paulo Guedes tem anunciado, é que defendamos o equilíbrio fiscal para quê com isso nós tenhamos condições de investir. Eu não vou dizer gasto na saúde, mas para investir em saúde e trazer essa esperança para população brasileira.

Entrevista com o Ministro Queiroga
Entrevista com o Ministro Queiroga

P. Chama atenção quando o senhor disse de importador a exportador de vacina. O Brasil vai dar uma mão também para os países menos favorecidos?

M. Essa é a ideia, nós temos que caminhar nesse sentido. É claro que isso ainda é um caminho que temos que construir juntos. É uma grande discussão, por exemplo a questão da flexibilização das patentes. Essa é uma ação que suscita grande discussão. Ontem mesmo participei aqui no G20 e assisti uma palestra do Sakis quando ele fazia uma defesa entusiástica do licenciamento compulsório de patentes. Por outro lado, o ministro alemão, ele falava em oposição a ideia, não por ser necessariamente contra o maior acesso de vacinas, mas porque a flexibilização dessa licença compulsória não assegura que se consiga produzir vacinas de uma maneira mais ampla. Então é um debate que está acontecendo. A iniciativa kovacs Facilite foi uma iniciativa ambiciosa, ela tinha como objeto produzir e distribuir mais de 2 bilhões de doses de vacina:  infelizmente não conseguiu, conseguiu distribuir pouco mais de 200 milhões. Então, veja. O Brasil com seu programa nacional de imunização distribuiu para os brasileiros mais vacinas do que kovacs Facilite distribuiu para o mundo. Eu diria que foi graças à estratégia diversificada. Então nós precisamos, primeiro defender sistemas de saúde de acesso Universal.

O Brasil criou isso 30 anos atrás e outros países, não tem como o Brasil tem um Sistema Único de Saúde. Nós defendemos a ampliação a nível Mundial dos sistemas de saúde de acesso Universal. Nós defendemos que possamos ter mais vacinas para a população do Brasil. Eu não falei aqui, mas a partir agora do dia 15 de setembro, nós vamos distribuir dose para uma terceira dose nos indivíduos idosos e naqueles imunossuprimidos. Isso vai de encontro à orientação da Organização Mundial de Saúde que defende que se amplie a cobertura vacinal nos países mais pobres. Muitos deles tem menos de 2% da população vacinada, mas do ponto de vista interno a uma pressão grande sobretudo porque temos imprevisibilidade biológica e variantes do vírus, como é o caso da Variante Delta, que se tornou de transmissão Comunitária no Reino Unido, nos Estados Unidos e outros países da Europa, e no Brasil há a tendência que isso aconteça e a forma que nós encontramos foi ampliar a vacinação, reduzir o intervalo entre as doses no caso da Astrazeneca e Pfizer, esse intervalo no Programa Nacional de imunização era de 12 semanas nós reduzimos para 8 semanas para ter um percentual maior de brasileiros vacinados com a segunda dose.

Ouça na íntegra a entrevista com o Ministro Queiroga...

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06 setembro 2021, 15:50