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Papa Francisco no Presépio vivo na Paróquia Santo Afonso de Ligório, em Roma Papa Francisco no Presépio vivo na Paróquia Santo Afonso de Ligório, em Roma 

A Igreja como rebanho de Cristo

"Nessa imagem da Igreja como rebanho de Cristo, é importante fazer um resgate inteiro das comparações infinitas da Sagrada Escritura que compara o Povo da Aliança como um rebanho. E há imagens significativas utilizadas pela Bíblia sempre comparando o Povo da Aliança como um rebanho apascentado por Deus."

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

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Ao dar continuidade à sua explanação sobre os documentos conciliares, já há alguns programas o padre Gerson Schmidt – sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre – tem nos proposto um aprofundamento da Constituição Dogmática , um dos mais importante documentos do Concílio Vaticano II. Nos últimos programas, em particular, tem apresentado as várias imagens da Igreja que o documento apresenta, em particular no n. 6. No programa de hoje, padre Gerson nos fala sobre sobre “A Igreja como Rebanho de Cristo”:

“Aqui fizemos já diversos comentários a respeito das imagens utilizadas pela Lumen Gentium para comparar a Igreja. Na interpretação do Concílio, nesses anos todos, se centrou muito a imagem da Igreja como Povo de Deus, esquecendo-se as outras. Aí se se prejudicou a visão mais global. Por isso aqui o fazemos, utilizando todas as imagens e comparativas da Igreja utilizadas pela Lumen Gentium.  Já falamos sobre a Igreja como Corpo de Cristo, do qual Cristo é a cabeça, nós os membros. Também comentamos a Igreja que é comparada a uma Esposa. Ela é a verdadeira Esposa de Cristo. Cristo que amou a Igreja e se entregou por ela, imaculada, sem ruga e sem mancha.

 

A Lumen Gentium comenta ainda outras imagens da Igreja. Introduz essas comparativas dizendo assim, no número 6: “Assim como, no Antigo Testamento, a revelação do Reino é muitas vezes apresentada em imagens, também agora a natureza íntima da Igreja nos é dada a conhecer por diversas imagens tiradas quer da vida pastoril ou agrícola, quer da construção ou também da família e matrimônio, imagens que já se esboçam nos livros dos Profetas”.

A Igreja é ainda comparada a um redil, um rebanho, uma grei, onde Cristo é a porta das ovelhas. Embora por pastores humanos, as ovelhas de Cristo são conduzidas e nutridas pelo próprio Cristo, o Bom Pastor e Príncipe dos Pastores, que deu sua vida pelas ovelhas.

Nessa imagem da Igreja como rebanho de Cristo, é importante fazer um resgate inteiro das comparações infinitas da Sagrada Escritura que compara o Povo da Aliança como um rebanho. E há imagens significativas utilizadas pela Bíblia sempre comparando o Povo da Aliança como um rebanho apascentado por Deus. Os pastores humanos nem sempre são fiéis. Foram maus e não apascentaram o rebanho do Senhor. Não cuidaram das ovelhas doentes, das transviadas.

O documento dogmático Lumen Gentium, quando usa essa imagem da grei-rebanho, referenda um texto bíblico do novo testamento que aponta a missão dos pastores a apascentar o rebanho Cristo, tirado da primeira carta de São Pedro, que diz assim: “Eis a exortação que dirijo aos anciãos que estão entre vós, – anciãos leia-se aqui os presbíteros - porque sou ancião como eles, fui testemunha dos sofrimentos de Cristo e serei participante com eles daquela glória que se há de manifestar. Apascentai o rebanho de Deus, que vos é confiado. Tende cuidado dele, não por coação, mas de livre vontade, como Deus quer, nem por torpe ganância, mas por devoção, nem como senhores daqueles que vos couberam por sorte, mas antes como modelos do vosso rebanho. Assim, quando aparecer o supremo Pastor, recebereis a coroa imperecível de glória” (1Pdr 5,1-4).

Esse é o imperativo de São Pedro aos presbíteros: “Apascentai o rebanho de Deus, que vos é confiado”.  Não por interesse, por coação, por ganância, ou instinto de dominação, comenta a nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém. Mas por livre vontade, com dedicação, com devoção, como Deus o quer. Entenda-se devoção aqui nesse texto da Carta de São Pedro, não como um piegas espiritualismo, mas uma profunda dedicação com amor e ardor. Cabe a cada pastor – cada presbítero na linguagem petrina – apascentar como modelos do rebanho – de “bom coração”, de “bom grado” – não com tirania, mas com zelo apostólico para congregar a todos na única grei de Cristo – o verdadeiro e bom pastor do rebanho.  Como um belo cântico que recordamos aqui traduz de maneira muito significativa essa missão: “Verdes prados e belas montanhas hão de ver o Pastor, rebanho atrás, junto a mim, as ovelhas terão muita paz, poderão descansar”. Seremos bons pastores do rebanho enquanto conduzirmos as ovelhas ao verdadeiro e Bom Pastor que é Cristo.”

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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16 junho 2021, 07:28