Motu pr¨®prio, Fisichella: intensifica-se o compromisso mission¨¢rio dos leigos
Debora Donnini/Mariangela Jaguraba ¨C Pope
Um ministério "muito antigo", o de catequista, que sempre acompanhou o caminho de evangelização da Igreja: a catequese tornou-se "ainda mais necessária quando se destinava aos que se preparavam para receber o Batismo, os catecúmenos". Este é o horizonte no qual se inseri o Motu Proprio Antiquum ministerium do Papa Francisco, apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé, nesta terça-feira (11/05), ilustrado pelo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, dom Rino Fisichella.
A instituição deste ministério laical específico, desejado pelo Papa, constitui, portanto, após a publicação do Diretório para a Catequese de 2020, "mais um passo para a renovação da catequese e seu trabalho efetivo na nova evangelização". E também "uma grande novidade" com a qual "é fácil ver como o Papa Francisco realiza um desejo de Paulo VI". A referência à Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi de 1975 e ao Concílio Vaticano II ecoa em seu discurso. É importante a referência à Constituição Dogmática Lumen gentium, que afirma: ¡°Os leigos são antes de tudo chamados a tornar a Igreja presente e atuante nos lugares e circunstâncias em que ela não pode se tornar sal da terra a não ser por meio deles¡±.
Não é um substituto de presbíteros ou consagrados
Dom Fischella, entrando na especificidade do Motu proprio, enfatiza que não se trata de ser "substituto de sacerdotes ou de pessoas consagradas", mas, como leigos, de expressar da melhor maneira possível a vocação batismal com uma acentuação do compromisso missionário, ¡°sem cair em nenhuma expressão de clericalização¡±. Um ministério que não se exprime "primordialmente no âmbito litúrgico, mas no específico da transmissão da fé através do anúncio e da instrução sistemática".
Requisitos
"É óbvio que nem todos os catequistas de hoje terão acesso ao ministério de catequista". Mesmo continuando sendo catequistas, "este ministério é reservado a quem preenche certos requisitos segundo o Motu proprio. Em primeiro lugar, o da dimensão vocacional para servir a Igreja onde o bispo considera mais importante", onde "considera necessária a sua presença".
Formação nas dioceses
Também é central o aspecto da formação para o qual o Catecismo da Igreja católica é uma ferramenta essencial. "As dioceses devem assegurar que os futuros catequistas tenham uma sólida preparação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica para serem comunicadores atentos da verdade da fé, e que já tenham adquirido experiência em catequese". Portanto, a referência aos bispos é fundamental. Para Fisichella é importante que "a instituição do ministério leve também à formação de uma comunidade de catequistas que cresça com a comunidade cristã", "sem nenhuma tentação de se restringir dentro dos estreitos limites de sua própria realidade eclesial, e livre de qualquer forma de auto-referência".
O encontro com o Senhor é prioridade
"Não se improvisa como catequistas", disse dom Fisichella, "porque o compromisso de transmitir a fé, além do conhecimento do conteúdo, exige o encontro pessoal prioritário com o Senhor": "Quem realiza o ministério de catequista sabe que fala em nome da Igreja e transmite a fé da Igreja". Esta responsabilidade não pode ser delegada, mas envolve cada um na primeira pessoa.
O caminho que temos pela frente
Em termos concretos, cabe agora às Conferências Episcopais identificar os requisitos, tais como a idade, os estudos necessários, as modalidades de implementação para o acesso ao ministério, enquanto que à Congregação para o Culto Divino é confiada a tarefa de publicar em breve tempo o Rito litúrgico para a instituição do ministério pelo bispo. Além disso, em nome do Papa, o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização dará todo o seu apoio para que o novo ministério possa se expandir na Igreja, e também encontrar formas de apoio para a formação de catequistas.
Milhões de catequistas podem redescobrir sua vocação
"É significativo", sublinha o prelado, "que este Motu proprio tenha se tornado público na memória litúrgica de San Juan de Ávila (1499-1569). Este doutor da Igreja soube oferecer aos fiéis "a beleza da Palavra de Deus e o ensinamento vivo da Igreja com uma linguagem não só acessível a todos, mas de espiritualidade intensa". Em 1554, produziu o catecismo dividido em quatro partes. Uma ocasião para os catequistas encontrarem inspiração no testemunho deste santo. Enfim, o desejo de dom Fisichella de que ¡°o processo de evangelização continue seu fecundo caminho de inculturação nas diversas realidades locais, e que os milhões de catequistas que dedicam a vida todos os dias a este ministério tão antigo e sempre novo, possam redescobrir sua vocação¡± para uma renovação do processo catequético em favor da Igreja e das novas gerações.
O ministério do catequista se opõe a uma clericalização dos leigos e a uma laicização do clero, reitera dom Franz-Peter Tebartz-van Elst, delegado para a Catequese do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, destacando dois outros aspectos essenciais deste ministério: que ele seja realizado numa espiritualidade comunitária e numa espiritualidade de oração e que haja uma sólida formação.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp