Os 99 anos do Dispensário Santa Marta no Vaticano
Giampaolo Mattei
Feliz aniversário, Dispensário Santa Marta! Com a consciência de que as verdadeiras "celebradas" são as 500 crianças acolhidas e assistidas com suas famílias que vivem em situações de pobreza e, em muitos casos, sem direito à assistência médica italiana. O 99º aniversário do Dispensário Pediátrico do Vaticano - desde 2008 é uma Fundação responsável pela Esmolaria Apostólica - foi comemorado no domingo 23 de maio com a celebração de uma Missa na Gruta de Lourdes, nos Jardins do Vaticano. Com a participação de voluntários e médicos que, gratuitamente, garantem profissionalidade e tempo para os mais pobres. Foi um aniversário muito especial porque marcou o início de iniciativas muito concretas para o centenário da fundação em 22 de maio de 1922, com a bênção de Pio XI.
Ninguém foi deixado sozinho
No início da missa - celebrada pelo padre Esteban Madrid Paéz - a diretora, Irmã Antonietta Collacchi, religiosa vicentina, relançou a essência do serviço do Dispensário que, disse ela, "encontrou novas formas de chegar às famílias, mesmo em tempos de lockdown". Embora respeitando plenamente as indicações para conter a difusão do contágio, salientou, "ninguém foi deixado sozinho porque os pobres, especialmente as crianças pobres, não podem esperar e nunca devem ser postos de lado, muito menos quando a crise econômica, social e de saúde é mais grave".
Serviço de caridade e testemunho
Irmã Antonieta também apresentou o logotipo do centenário, que lembra o serviço às crianças pobres evangelicamente oferecido pelo Papa, no Vaticano, através do trabalho das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Em resumo, a comunidade do Dispensário está pronta para viver o centenário como uma oportunidade para fortalecer seu serviço de caridade e testemunho. Como bons "vizinhos" do Papa Francisco – a sede no Vaticano encontra-se ao lado da Casa Santa Marta - o objetivo é sempre o mesmo, todos os dias: acolher famílias pobres com crianças pequenas, respondendo às suas necessidades práticas, sem, é claro, levar em conta origens e religiões. "Fratelli tutti", de verdade. Ninguém excluído.
Afinal, este é o "estilo aberto" do Dispensário, "o coração pulsante da caridade dentro das paredes do Vaticano", confirma a Irmã Antonietta. E "assim como o Papa Francisco nos ensina", explica Valentina Giacometti, uma voluntária, "continuaremos cada vez mais, e espera-se que ainda melhor, a oferecer assistência médica gratuita aos necessitados que não podem arcar com ela". E também continuaremos a distribuir produtos e necessidades básicas das crianças para as famílias, que são em número cada vez maior".
Início do Dispensário
Qual é o "segredo" de cem de anos de caridade concreta? A resposta da Irmã Antonietta é simples: "A Providência nunca deixa de nos surpreender! Em nosso caminho sempre encontramos mulheres e homens sensíveis que nos ajudam a fazer "nossas" crianças sorrirem, junto com seus pais". Há muitas realidades, sobretudo as do Vaticano, que de várias maneiras dão uma mão ao Dispesário. Com o mesmo espírito que, em outubro de 1921, levou Dula Draeck, uma senhora de Nova York, acionista da empresa de leite em pó Drycko, a propor a Bento XV a criação de um serviço de distribuição de leite para as crianças pobres de Roma. A partir daí, há cem anos, começou a experiência do Dispensário. Nos arquivos da Fundação se conserva a carta - que traça a história e a missão - escrita em 1944 por Dom Giovanni Battista Montini para anunciar às Irmãs Vicentinas o envio "ao Dispensário de dez caixas, de 27 quilos cada uma, de leite em pó por parte do Santo Padre: infelizmente não é possível dispor de maior quantidade, de fato isto deve servir por dois meses, enquanto se espera que chegue alguma outra providência”.
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