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O prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Tagle, com o Papa Francesco (Vatican Media) O prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Tagle, com o Papa Francesco (Vatican Media)

Cardeal Tagle: Pandemia exasperou desigualdades e feridas do mundo

”Há feridas causadas externamente, por outras pessoas, por sistemas e estruturas de indiferença e desigualdade”, diz o cardeal Tagle, que recorda a ǰçã do Papa em 27 de março do ano passado, na Praça São Pedro vazia, em plena pandemia: “Durante aquela belíssima ǰçã, o Santo Padre nos ofereceu um grande dom de fé, lembrando-nos que a Encarnação de Jesus Cristo é a proximidade de Deus a todos os sofredores. Ninguém caminha sozinho, ninguém sofre sozinho, ninguém morre sozinho: este é o remédio, Cristo Jesus

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"A pandemia evidenciou outros tipos de doenças que existiam antes: a falta de fraternidade e as barreiras que separam os ricos dos pobres. Há aqueles que podem ter acesso aos mais altos níveis de estudo e de educação, aqueles que sequer têm a possibilidade de abrir um livro; há aqueles que podem ir aos melhores hospitais e aqueles que sequer têm o paracetamol disponível. Certamente a Covid-19 exasperou isto: basta pensar nas disposições sanitárias mais simples, como lavar as mãos ou viver mantendo distância. Em muitas partes do mundo não há água e há famílias de 6-7 pessoas vivendo em pequenos espaços. A pandemia, além disso, colocou diante dos olhos de todos as prioridades equivocadas de nosso mundo: não temos máscaras, mas há dinheiro para armas e outros instrumentos de guerra."

Assim se expressou o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Luis Antonio Tagle,  durante o webinar "Tocar as feridas do Mundo. Crer em tempo de Pandemia", organizado pelo Festival Franciscano, Editora Missionaria Italiana e Antoniano de Bolonha.

O purpurado filipino falou sobre as feridas deste tempo, relendo-as sob uma perspectiva de esperança: "Há muitos tipos de feridas causadas por nossas escolhas erradas, autoinfligidas".

A oração do Papa, na Praça São Pedro, de um ano atrás

"Depois há feridas causadas externamente, por outras pessoas, por sistemas e estruturas de indiferença e desigualdade. Gostaria de voltar a 27 de março do ano passado, àquela Praça São Pedro vazia”, disse o cardeal, acrescentando:

“Durante aquela belíssima oração, o Santo Padre nos ofereceu um grande dom de fé, lembrando-nos que a Encarnação de Jesus Cristo é a proximidade de Deus a todos os sofredores. Ninguém caminha sozinho, ninguém sofre sozinho, ninguém morre sozinho: este é o remédio, Cristo Jesus. Daí nascem as feridas do amor: os voluntários, os enfermeiros, as freiras, os bispos, os leigos que estavam e estão prontos para ser infectados entrando em lugares perigosos, demonstrando que estão prontos para serem feridos pelo amor, pela solidariedade. Quando uma pessoa ama, está pronta para ser ferida."

Um futuro de proximidade pós-Covid

Como recordado pelo prefeito de Propaganda Fide, logo após a oração de 27 de março de 2020, o Papa Francisco convocou uma força-tarefa para responder às necessidades dos países mais pobres e para planejar um futuro de proximidade pós- Covid:

“A Congregação para a Evangelização dos Povos, a Caritas, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e outras realidades da Igreja foram chamados a dar sua própria contribuição.”

"Nosso Dicastério de Propaganda Fide, por exemplo, ajudou as Igrejas locais, especialmente nas chamadas necessidades institucionais, por exemplo, a fornecer alimentos e bens de saúde e de primeiras necessidades em terras de missão. "

Responder de maneira crível a uma crescente secularização

"A Caritas foi encarregada, por sua vez, da missão de educação e formação das comunidades locais, a fim de estar prontas para enfrentar a pandemia, para ajudar as comunidades a não dependerem totalmente de seus governos."

Na missão da Igreja, para além da emergência pandêmica, disse cardeal Tagle, há também a necessidade de responder de maneira crível a uma crescente secularização, ligada a uma globalização "que não é apenas um fato econômico, mas também de cultura", frisou.

"Não é possível ter escudos ou barreiras para proteger as pessoas da circulação dessas ideias, mas isso não representa um problema, mas sim um desafio que nos leva a valorizar nossa fé."

Otimismo sobre possíveis frutos do acordo Santa Sé-China

Por fim, respondendo a uma pergunta sobre o acordo Santa Sé-China, o cardeal Tagle disse: "Estou otimista em relação à China. Sei que nosso Papa São João Paulo II tinha o sonho de ir lá, e estou certo de que é também o sonho do Papa Francisco. Esperamos que o acordo entre a China e a Santa Sé, embora limitado e não perfeito, abra as portas para esta possibilidade. A diplomacia com os asiáticos é muitas vezes surpreendente: quando não se espera uma porta aberta, as janelas se abrem imediatamente".

(Fides)

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26 março 2021, 11:18