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Quarta e ¨²ltima prega??o da Quaresma do frei Cantalamessa Quarta e ¨²ltima prega??o da Quaresma do frei Cantalamessa 

Frei Cantalamessa: Jesus Cristo n?o ¨¦ uma ideia, mas uma pessoa

"H¨¢ alguns que negam que seja uma pessoa ¡°divina¡±, preferindo dizer que ¨¦ uma pessoa ¡°humana¡± na qual Deus habita, ou opera, de modo ¨²nico e excelso. Mas a pr¨®pria unidade da pessoa de Cristo, repito, n?o ¨¦ contestada por ningu¨¦m", frisou o pregador da Casa Pontif¨ªcia.

Pope

"Jesus de Nazaré: uma pessoa" foi o tema da quarta e última pregação da Quaresma proferida pelo pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa, ao Papa e aos membros da Cúria Romana, na manhã desta sexta-feira (26/03), na Sala Paulo VI.

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"Propomos em aprofundar nesta última meditação que Jesus de Nazaré está vivo! Não é uma memória do passado; não é apenas um personagem, mas uma pessoa. Vive ¡°segundo o Espírito¡±, certo, mas este é um modo de viver mais forte do que aquele ¡°segundo a carne¡±, porque lhe permite viver dentro de nós, não fora, ou ao lado", disse o frei capuchinho.

A fórmula ¡°uma pessoa¡± aplicada a Cristo remete-se a Tertuliano, mas foram necessários dois séculos de reflexão para entender o que ela significava de fato e como podia se conciliar com a afirmação de que Jesus era verdadeiro homem e verdadeiro Deus, isto é ¡°de duas naturezas¡±.

"O dogma da única pessoa de Cristo é uma ¡°estrutura aberta¡±, ou seja, capaz de falar-nos hoje, de responder às novas necessidades da fé, que não são as mesmas do quinto século. Hoje, ninguém nega que Cristo seja ¡°uma pessoa¡±. Há alguns que negam que seja uma pessoa ¡°divina¡±, preferindo dizer que é uma pessoa ¡°humana¡± na qual Deus habita, ou opera, de modo único e excelso. Mas a própria unidade da pessoa de Cristo, repito, não é contestada por ninguém", frisou o pregador da Casa Pontifícia.

"A coisa mais importante hoje, a respeito do dogma de Cristo ¡°uma pessoa¡±, não é tanto o adjetivo ¡°uma¡±, mas o substantivo ¡°pessoa¡±. Não tanto o fato de que seja ¡°um e idêntico em si mesmo¡± (unus et idem), mas que seja ¡°pessoa¡±. Isto significa descobrir e proclamar que Jesus Cristo não é uma ideia, um problema histórico, e nem mesmo apenas um personagem, mas uma pessoa e uma pessoa viva! Isto, de fato, é o que falta e do que temos extrema necessidade, para não deixar que o cristianismo se reduza a ideologia, ou simplesmente a teologia", disse ainda Cantalamessa.

"Refletindo sobre o conceito de pessoa no âmbito da Trindade, Santo Agostinho e, depois dele, Santo Tomás de Aquino, chegaram à conclusão de que ¡°pessoa¡±, em Deus, significa relação. O Pai é tal pela sua relação com Filho: todo o seu ser consiste nesta relação, como o Filho é tal pela sua relação com o Pai." A seguir, acrescentou:

Isto vale de modo eminente para as pessoas divinas da Trindade, que são ¡°puras relações¡±, ou, como se diz em teologia, ¡°relações subsistentes¡±; mas vale também para cada pessoa no âmbito criado. Não se conhece a pessoa na sua realidade, a não ser entrando em ¡°relação¡± com ela. Eis porque não se pode conhecer Jesus como pessoa, a não ser entrando em uma relação pessoal, do eu ao tu, com ele. ¡°O ato do crente não termina num juízo, mas numa realidade¡±, disse Santo Tomás de Aquino. Nós não podemos nos contentar em crer na fórmula ¡°uma pessoa¡±; devemos alcançar a própria pessoa e, mediante a fé e a oração, ¡°tocá-la¡±.

"Devemos nos pôr seriamente uma pergunta: para mim, Jesus é uma pessoa, ou somente um personagem?", disse o frei Cantalamessa, explicando que "há uma grande diferença entre as duas coisas. O personagem ¨C tipo Júlio César, Leonardo da Vinci, Napoleão ¨C é alguém de quem se pode falar e escrever o quanto queira, mas com o qual é impossível falar. Infelizmente, para a grande maioria dos cristãos, Jesus é um personagem, não uma pessoa. É o objeto de um conjunto de dogmas, doutrinas ou heresias; alguém de quem celebramos a memória na liturgia, que cremos realmente presente na Eucaristia, tudo o que se quiser. Mas, se permanecermos no plano da fé objetiva, sem desenvolver uma relação existencial com ele, ele permanece externo a nós, toca-nos a mente, mas não aquece o coração. Permanece, apesar de tudo, no passado; entre nós e ele se interpõem, inconscientemente, vinte séculos de distância". No fundo de tudo isso, compreende-se o sentido e a importância daquele convite que o Papa Francisco pôs no início da sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium:

¡°Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito¡± (EG, 3).

O frei capuchinho concluiu, recordando que "daqui a uma semana será Sexta-feira Santa e, logo depois, Domingo da Ressurreição. Ressurgindo, Jesus não voltou à vida de antes como Lázaro, mas a uma vida melhor, livre de todo afã. Esperemos que seja assim também para nós. Que do sepulcro em que a pandemia nos manteve encerrados por um ano, o mundo ¨C como nos repete continuamente o Santo Padre ¨C saia melhor, não o mesmo de antes".

Traduzido do italiano por Pe. Ricardo Faria, ofmcap

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26 mar?o 2021, 12:04