Ano para a Fam¨ªlia: acompanhar as ´Ú²¹³¾¨ª±ô¾±²¹s em crise
Antonella Palermo ¨C Pope
Na manhã desta quinta-feira, 18, na Sala de Imprensa da Santa Sé, foi apresentado o Ano especial dedicado às famílias, à luz dos conteúdos da . Participou o prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, cardeal Kevin Farrel, a subsecretária do mesmo Dicastério, Gabriella Gambino, e o testemunho de um casal. À espera do Encontro Mundial das Famílias programado para 2022, durante este momento de preocupação e sofrimento pela emergência sanitária, revela-se providencial viver este Ano especial, para que as famílias adquiram maior protagonismo na ação pastoral e na sociedade.
Farrell: pense nas famílias não como "objeto", mas como "sujeito" da pastoral
As famílias têm necessidade de cuidado pastoral, de dedicação, mediante um estilo de maior colaboração entre eles e os pastores. É necessário investir na formação dos formadores e, sobretudo, implementar uma mudança de mentalidade: pensá-las não como 'objeto', mas como 'sujeito' da pastoral ordinária.
Em síntese, este foi o convite feito pelo cardeal Kevin Farrell. O pressuposto, especificado no início da sua participação, é que a pandemia não deve nos paralisar: precisamente neste tempo de perplexidade - sublinha - é muito oportuno dedicar um ano inteiro à família cristã, para apresentá-la verdadeiramente como uma ¡°boa notícia¡±.
¡°A família permanece para sempre 'cusódia' das nossas relações mais autênticas e originárias¡±, afirma o purpurado, que sugere retomar o texto do Papa Amoris Laetitia, fruto de um longo caminho sinodal, não somente nos contextos eclesiais, mas no âmbito das próprias famílias. Farrell reitera a riqueza deste documento, que também contém percursos práticos e cita também a Encíclica Fratelli tutti, um texto muito importante para fazer crescer nas famílias o sentido de responsabilidade à solidariedade em relação àqueles que, por exemplo, vive no mesmo condomínio ou bairro.
Acompanhar as famílias em crise, pobres, desagregadas
O Ano especial que está para começar, deve ser um tempo para que as famílias não se sintam sozinhas perante as dificuldades. Nas palavras do Cardeal Farrell existe um convite ¡°ao acompanhamento dos casais e das famílias em crise, ao apoio aos que ficaram sós, às famílias pobres, desagregadas¡±.
Embora muitas experiências já tenham se revelado muito frutíferas e, por isso, não devem ser desperdiçadas, o prefeito lamenta que ¡°por diversos motivos ainda estamos numa fase inicial¡±. Uma passagem central é a ênfase ao protagonismo a que são chamadas as famílias nas paróquias e nas dioceses. É preciso ¡°dar maior espaço às famílias. A própria vida delas é uma mensagem de esperança para o mundo inteiro, sobretudo para os jovens¡±, continua Farrell.
Um aspecto particular, com o qual concluiu o seu pronunciamento, diz respeito à reciprocidade da fecundidade espiritual entre famílias e pastores, na medida em que realmente se colabora: há muito para "dar" pelas famílias, mas mais ainda a receber delas. A Igreja é chamada a mostrar-se às famílias na dupla atitude da paternidade e da maternidade: acolhedora e forte, mas também capaz de escuta e corajosa.
Gambino: estamos passando por uma emergência vocacional ao matrimônio
Gabriella Gambino, subsecretária do Dicastério, também está convencida de que é "hora de agir", renovando "modalidades, estratégias e quem sabe mesmo algumas finalidades de planejamento pastoral". Chega a falar de tempo de "conversão pastoral", na consciência de que linguagens, horários, estilos eclesiais talvez não são mais adequados à vida concreta das famílias.
À luz da Amoris Laetitia, é preciso passar de uma pastoral dos fracassos a uma que saiba "revigorar a beleza do Sacramento do Matrimônio e das famílias cristãs", tornando-a perceptível aos olhos dos jovens e atraente.
¡°Existe um grande desejo de família, mas muito medo diante da escolha do matrimônio¡±, observa Gambino. É destacado o critério que deveria orientar as atividades neste âmbito: tornar transversais os projetos pastorais, segundo uma visão integral do planejamento. Ela dá o exemplo da catequese para crianças, que poderia ser formatada desde o início com uma formação remota à vocação esponsal, também para evitar os frequentes abandonos depois do Sacramento da Primeira Comunhão.
Subsídios e vídeos para colocar a Exortação em prática
A subsecretária anuncia a proposta do órgão vaticano de doze possíveis caminhos, para que cada realidade eclesial seja exortada a tomar a iniciativa. Em particular, dez vídeos sobre a Exortação serão postados mensalmente no site do Dicastério Família, Leigos e Vida, com a participação do Papa e alguns testemunhos, e pouco a pouco outras pequenas ferramentas serão disponibilizadas on-line, mas não só.
São citados dois livrinhos, ambos publicados pela Editora Vaticana: ¡°Juntos é bonito¡± - com prefácio do cardeal Farrell - e ¡°O Papa fala aos pequenos¡±. Ademais, estão se movimentando associações e movimentos, instituições acadêmicas católicas e pontifícias, para promover reflexões em diálogo com a pastoral.
Ao amor familiar, será dedicado na sexta-feira, 19, um webinar no Pontifício Instituto de Estudos do Matrimônio e da Família "João Paulo II", organizado pelo Vicariato e pelo Dicastério. Outro encontro on-line será o fórum que acontecerá de 9 a 13 de junho com as Conferências Epicopais de todo o mundo e suas pastorais familiares. ¡°Tratar-se-á de um momento importante de reflexão para entender até onde chegamos na aplicação da Exortação Apostólica¡±, anuncia Gambino.
Casal, a construção do 'nós' junto às outras famílias
Valentina e Leonardo Nepi, naturais da cidade italiana de Arezzo, uma filha de cinco anos e na bagagem um compromisso na animação pós-Crisma na paróquia - ele funcionário do Dicastério - falam dos desafios do amor conjugal.
Conscientes da importância de palavras e gestos aparentemente simples para expressar respeito, paciência, confiança e perdão recíproco a cada dia, como muitas vezes convidou a fazer o Papa Francisco, fazem votos que este Ano especial seja antes de mais nada um tempo propício para cultivar boas relações conjugais e familiares. ¡°Esperamos também - dizem - que a família possa ser mais valorizada na sociedade: promover a dimensão social da família, a sua capacidade de educar os filhos, de animar lugares e as comunidades com valores positivos e geradores, cultivando o diálogo entre as gerações¡±.
O período de distanciamento forçado que estamos vivendo devido à emergência sanitária pode ser vivido recorrendo à criatividade também graças à tecnologia que ajuda a evitar o isolamento, a partilhar as ressonâncias sobre a Palavra de Deus: este é o seu conselho. Experimentar a dimensão de igreja doméstica e favorecer a ligação entre as gerações, entre idosos e avós, é considerado fundamental. Porque, recordam, ¡°a força da família não se esgota na intimidade das nossas casas¡±.
O Matrimônio como Sacramento é diferente das uniões civis
Respondendo a uma pergunta de um jornalista sobre as reações da recente declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, com a proibição de bênçãos para as uniões do mesmo sexo, o cardeal Farrell precisou com firmeza que ¡°a vida pastoral da Igreja é aberta a todas as pessoas. É importante que as pessoas compreendam que abrimos os braços para acolher a todos, nos diversos estados de vida e em qualquer condição em que se encontrem¡±.
¡°É preciso fazer uma distinção: a Igreja fala do Matrimônio como Sacramento, não como união civil. Amoris Laetitia fala disso¡±, precisou ainda, acrescentando que ¡°aqueles que não podem se beneficiar da plena participação na Igreja, não significa que não possam ser acompanhados¡±.
Recorda, portanto, a distinção entre matrimônio sacramental e união civil. ¡°Durante este Ano especial, encontraremos muitas dioceses de todo o mundo que lidam com casais homossexuais. Há situações em que existem divorciados e recasados, a Igreja continua a acompanhá-los¡±.
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