A Igreja, Povo de Deus que celebra
Jackson Erpen - Pope
No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre “A Igreja, Povo de Deus que celebra”.
Damos continuidade aos nossos programas de aprofundamento dos documentos conciliares, guiados pelas reflexões do padre Gerson Schmidt*. O sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre, tem nos falado sobre a missão do leigo, que com o Concílio Vaticano II, passou a ter maior protagonismo na Igreja.
Na , também o Papa Francisco fala do protagonismo que os leigos devem ter em uma Igreja sinodal e missionária, recordando que os leigos representam a grande maioria do povo de Deus e são uma maioria que não deve ser silenciosa, mas protagonista. Porque o Espírito Santo derrama sobre todos os batizados carismas e ministérios para a edificação da Igreja e para a evangelização do mundo.
Depois de ter falado no último programa sobre “A pirâmide invertida, a hierarquia na base”, padre Gerson nos propõe hoje o tema: “A Igreja, povo de Deus que celebra”:
"Muitas vezes já citamos aqui a afirmação do artigo 26 da Constituição , quando fala assim: “As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é “sacramento de unidade”, povo santo reunido e ordenado sob a direção dos bispos”. Há nesse artigo a definição de que a Igreja é uma comunidade de culto, um povo reunido que celebra.
Um dos êxitos mais significativos da segunda sessão do Concílio Vaticano II foi o voto para rever a ordem dos capítulos do esquema proposto “De Ecclesia” – Que originou a constituição . Em vez de tratar em primeiro lugar de Cristo, em seguida da hierarquia e somente depois do Povo de Deus, o novo esquema apresentou primeiramente a Cristo, depois o Povo de Deus e finalmente a articulação desse Povo de Deus com a hierarquia e com os fiéis a que o sacerdócio serve. Se fez notar aos padres do Concílio que esse primeiro esquema não conseguia corresponder à eclesiologia mais fundamentada na Escritura que eles já tinham aprovado no esquema da Sacrosanctum Concilium.
Foi Pio XII, na Carta Encíclica sobre a Sagrada Liturgia (20 de novembro de 1947), que tornou corrente a definição da liturgia como “o culto público que o nosso redentor rende ao Pai como cabeça da Igreja e que a sociedade dos fiéis rende ao seu fundador e, por Ele, ao Pai Eterno”. Portanto, é ação de todo o Povo de Deus, não uma ação individual e somente de quem preside, mesmo celebrada de forma privada. A liturgia é o exercício da missão sacerdotal de Cristo continuada através dos séculos no Seu Corpo e pelo Seu Corpo, que é a Igreja, o povo de Deus.
A Constituição SC, nos artigos 2º, 7º, 26, 41 e 42, adota e clarifica as afirmações da Mediator Dei sobre a Igreja como “comunidade de culto”. A liturgia, portanto, é a epifania por excelência da Igreja, pela qual os seus membros se edificam em templo santo do Senhor, morada para Deus no Espírito. É a ação de Cristo sacerdote e do seu Corpo, a Igreja. A Igreja é o povo santo de Deus, oferecendo a mesma Eucaristia, à qual preside o bispo ou o seu representante para tal fim ordenado.
Por isso, esclarece o artigo 7º da SC: “Com razão, portanto, a liturgia é considerada como exercício da função sacerdotal de Cristo. Ela simboliza através de sinais sensíveis e realiza em modo próprio a cada um a santificação dos homens; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Jesus Cristo, cabeça e membros”. Com a comunidade local, toda a Igreja inteira celebra, atualizando o sacrifício redentor de Cristo por toda a humanidade."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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