Dom Jurkovi?: migrantes, combater a xenofobia e proteger os vulner¨¢veis
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Em tempos de pandemia da Covid-19, aumentaram os ¡°episódios deploráveis de discriminação, racismo e xenofobia contra refugiados e migrantes¡±. Foi o que disse dom Ivan Jurkovi? durante o Colóquio Internacional sobre Migração em andamento até esta sexta-feira (16/10), em Genebra. Promovido pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), o evento está agora em sua 20ª edição e o tema deste ano é ¡°A crise da Covid-19: repensar o papel dos migrantes e da mobilidade humana na realização dos objetivos do desenvolvimento sustentável¡±.
No contexto da emergência de saúde desencadeada pelo coronavírus, esta manhã o observador permanente da Santa Sé lembrou o agravamento das dificuldades enfrentadas pelos migrantes também devido ao acesso inadequado à assistência médica e o ¡°ressentimento¡± que muitas nações receptoras têm em relação a eles, não obstante ¡°o seu trabalho seja pedido nos mercados dos países desenvolvidos¡±. Trata-se de ¡°uma contradição evidente¡±, disse o arcebispo, ¡°um padrão duplo¡± que deriva da ¡°predominância dos interesses econômicos sobre a pessoa humana¡±, tanto que ¡°durante o confinamento causado pela Covid-19, muitos trabalhadores essenciais eram imigrantes¡±.
Os migrantes têm a mesma dignidade que qualquer outra pessoa
Como escreve o Papa Francisco na Encíclica ¡°Fratelli tutti¡±, lembra o prelado, ¡°os migrantes possuem a mesma dignidade intrínseca que qualquer outra pessoa e podem ser um dom¡±. Por esta razão, é necessário mudar a percepção que se tem deles, reconhecendo-os como ¡°uma oportunidade de enriquecimento e de desenvolvimento humano integral de todos¡±. Ao mesmo tempo, o observador permanente reiterou que ¡°o debate sobre migração não diz respeito apenas aos migrantes, mas a todos nós¡±. No contexto da ¡°globalização da indiferença¡±, devemos ¡°trabalhar juntos para garantir que ninguém seja excluído, incluindo os pobres e os mais vulneráveis, muitas vezes emblemas de exclusão e discriminação¡±. ¡°Não pode haver uma política migratória sustentável sem uma estratégia de integração global¡±, acrescentou o prelado, a fim de ¡°melhorar a coesão social e a resiliência das comunidades¡±.
É preciso uma resposta mais humana à migração
A mesma preocupação dom Jurkovi? expressou, na quinta-feira (15/10), em relação aos migrantes mais vulneráveis: ¡°A Covid-19 tornou mais visível as desigualdades e as divisões entre e dentro dos Estados, bem como a tendência de fechar-se em si mesmos ou a promover ideologias nacionalistas e egoístas como soluções.¡± Entretanto, ¡°a crise atual mostra que ninguém está seguro até que todos estejam seguros. Portanto, é ¡°importante garantir uma resposta mais humana à migração, para que os migrantes sejam plenamente integrados não apenas nas respostas à emergência sanitária, mas também nos esforços subsequentes de reconstrução das comunidades¡±. O observador permanente descreveu como ¡°deplorável¡± que, em meio à pandemia, muitos migrantes tenham se tornado mais vulneráveis do que antes, vivendo ¡°em situações ainda mais difíceis¡±. As pessoas em condições irregulares, por exemplo, ¡°por medo de serem detidas ou repatriadas, podem hesitar em procurar tratamento médico e podem ser obrigadas a aceitar condições de trabalho perigosas, com o risco ampliado de exploração e abuso¡±.
Proteger as crianças migrantes contra a exploração e abuso
O prelado convidou a ¡°não medir o impacto da crise da Covid-19 apenas em termos de saúde física ou puramente econômica¡±, pois esta seria ¡°uma abordagem míope¡±. Existem, de fato, muitas outras consequências a longo prazo sobre a ¡°saúde mental, falta de trabalho e acesso à educação¡±. Em particular, dom Jurkovi? destacou ¡°a vulnerabilidade das crianças migrantes, especialmente aquelas não acompanhadas pelos pais ou tutores, porque muitas vezes são invisíveis, não têm voz e correm o risco de serem vítimas de flagelos perversos como o tráfico de menores, exploração e abuso¡±. Não importa onde elas estejam ou de onde venham¡±, disse o observador da Santa Sé. ¡°Todas as crianças têm necessidades e direitos individuais, mesmo quando atravessam fronteiras.¡± Por esta razão, entre as prioridades da política deve estar a de dar ¡°respostas aos seus interesses¡±.
O papel insubstituível da mulher em tempos de pandemia
Em seu terceiro discurso, o representante vaticano destacou que o contexto atual pandêmico ¡°aumentou ainda mais os desafios e riscos enfrentados pelas mulheres e meninas¡±, dificultando ¡°o exercício de seu papel único e insubstituível¡± na família, na comunidade e na sociedade. Todavia, disse o arcebispo, ¡°mesmo nestes tempos difíceis¡±, as mulheres demonstraram ¡°uma capacidade extraordinária de resistência¡±, especialmente na ¡°promoção do bem-estar social¡± e estando na ¡°linha de frente¡± para enfrentar a Covid-19. Dentre elas, o prelado recordou ¡°as várias religiosas engajadas em atividades humanitárias¡± que ¡°dedicam seu tempo e serviço aos mais vulneráveis, curando os doentes muitas vezes em lugares em que o Estado não pode alcançar e onde não existem outras alternativas¡±. A contribuição delas, salientou o observador permanente, ¡°é inestimável¡±.
Acabar com a violência doméstica, exacerbada pelo confinamento
Por fim, dom Jurkovi? deplorou profundamente o ¡°recrudescimento da violência e dos abusos domésticos¡± ocorridos durante a pandemia que colocaram seriamente em risco a vida de muitas mulheres, obrigadas pelo confinamento a permanecerem trancadas em suas casas, mesmo que não estivessem seguras. Por esta razão, o representante da Santa Sé pediu que fossem tomadas medidas concretas para evitar tais abusos e para ¡°fazer com que a pandemia se torne um alerta para fortalecer o papel inestimável da mulher na sociedade¡±, amplificando sua voz ¡°na fase de retomada da pandemia¡±, a fim de criar ¡°um futuro mais justo e saudável¡±.
Pope Service -IP/MJ
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