Di¨¢rio da Crise de Pe. Lombardi: Papa sozinho na Pra?a, mas com Igreja unida no mundo
Andressa Collet ¨C Cidade do Vaticano
A nova proposta do Pope começa nesta quarta-feira (15) com a primeira parte do ¡°Diário da Crise¡±, assinado por Pe. Federico Lombardi, que vai nos acompanhar com reflexões neste período de provação por causa da pandemia do Covid-19. Padre Lombardi foi diretor da Rádio Vaticano e hoje é o atual presidente da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger ¨C Bento XVI.
A primeira parte é intitulada ¡°Praça cheia e Praça vazia¡± e faz referência aos momentos de oração, conduzidos pelo Papa Francisco, e transmitidos a milhões de pessoas na Itália e no mundo inteiro através da TV e dos novos meios de comunicação. Padre Lombardi recorda que diariamente os níveis de audiência são ¡°extraordinários¡±. E não tem do que se surpreender, salienta, ao acrescentar:
A transmissão ao vivo da Santa Marta
O ex-diretor da Rádio Vaticano explica, então, sobre a origem da celebração diária das missas na Casa Santa Marta, presididas pelo Papa Francisco, ¡°uma das primeiras e inovações mais características deste pontificado¡±. O canal italiano católico, a TV2000, logo fez o pedido para transmitir ao vivo as celebrações, dando a oportunidade para que um número maior de fiéis pudesse seguir o momento de oração com o Pontífice.
Uma reflexão para dar ou não o sinal positivo à emissora foi feita, inclusive com o próprio Papa. A decisão tomada foi de não transmitir ao vivo da Santa Marta porque, diferente das celebrações públicas, a intenção era ¡°conservar um caráter mais íntimo e privado, simples e espontâneo, sem que o celebrante e a assembleia tivessem que se sentir sob os olhos do mundo¡±. Certamente, lembra Pe. Lombardi, as mensagens e as imagens da homilia e da celebração podiam ser reaproveitadas depois, mas sem a ¡°transmissão integral¡±.
¡°Agora, a situação mudou¡±, afirma o ex-diretor: ¡°a Santa Marta não tem uma assembleia de fiéis, mesmo pequena, e a missa do Papa ¨C que celebra quase sozinho ¨C é transmitida ao vivo e seguida por um número grandíssimo de pessoas que recebem conforto e consolação, se unem a ele em oração e são convidadas por ele a ¡®fazer a comunhão espiritual¡¯, já que não podem se aproximar para receber o corpo do Senhor¡±.
O Pe. Lombardi lembra que ¡°o mistério celebrado é o mesmo, mas o modo de participar é que mudou¡±:
Praça cheia e Praça vazia
Outra situação ¡°análoga e ainda mais intensa¡±, diz Pe. Lombardi, é quando o Papa fala e reza na Basílica ou mesmo na Praça São Pedro ¡°completamente vazia¡±, mas com uma ¡°assembleia mais abrangente, aquela não presente fisicamente, mas espiritualmente¡± e, ¡°talvez, inclusive mais numerosa e intensamente unida¡±. Francisco pode estar sozinho na Capela da Casa Santa Marta ou na Praça São Pedro, mas a Igreja é presente e unida por ¡°vínculos profundíssimos enraizados na fé e no coração humano¡±.
Muitas foram as vezes de ver ¡°50, 100, 200 mil pessoas... em toda a Praça, inclusive na Via della Conciliazione até o Tevere...¡±, lembra o ex-diretor da Rádio Vaticano. Uma presença física que começou a aumentar também além da Praça, graças ao trabalho da mídia convencional e dos novos instrumentos de comunicação que levavam a várias partes do mundo a mensagem de salvação pela voz do Papa.
Hoje, a Praça está vazia, mas se percebe a ¡°densíssima presença¡± dos fiéis, através de ¡°relações espirituais de amor, de compaixão, de sofrimento, de desejo, de expectativa, de esperança, como um sinal forte da presença do Espírito¡±, afirma Pe. Lombardi, que finaliza, dizendo que é ¡°uma realidade espiritual, claro, que se manifesta quando a assembleia é fisicamente reunida e presente, mas que não é ligada e limitada à presença física, e, paradoxalmente, nestes dias, se pode experimentar em modo mais forte e evidente¡±.
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