Tapeçarias de Rafael voltam à Capela Sistina
Alessandro Di Bussolo - Cidade do Vaticano
Para recordar o quinto centenário da morte de Rafael Sanzio, nascido em Urbino em 1483 e falecido em Roma aos 37 anos em 6 de abril de 1520, uma Sexta-feira Santa, os Museus Vaticanos propõe uma reconstrução histórica, com a exposição de algumas tapeçarias na Capela Sistina.
De fato, a visão das tapeçarias feitas em Bruxelas no ateliê do tecelão Pieter van Aelst, sobre os desenhos do pintor de Urbino, fazem retroceder 500 anos na história, até a noite de Santo Estêvão de 1519, quando Rafael ainda estava vivo.
Um cenário que Rafael não chegou a admirar completo
Desde a segunda-feira, 17, até 23 de fevereiro de 2020, os visitantes dos Museus Vaticanos poderão admirar a Capela Sistina, adornada com as preciosas tapeçarias da série sobre os Atos dos Apóstolos, feitas com desenhos de Rafael.
Assim, após a apresentação da reconstruída "Pala dei Decemviri", obra de Pietro Perugino, mestre de Rafael, as celebrações sobre Rafael ganham vida nos Museus Vaticanos, com a evocação desta cenário sugestivo na Capela Sistina, que o artista de Urbino nunca pode admirar completa.
A vida de São Pedro e São Paulo
Por desejo dos Pontífices Sisto IV (1471-1484) e Júlio II (1503-1513), foi realizado nas paredes na Capela Magna do Palácio Apostólico um ciclo pictórico. E o Papa Leão X (1513-1521) quis completar, por meio da arte, a mensagem religiosa de um dos lugares mais sagrados do cristianismo. Em 1515, encarregou Rafael para realizar a prestigiosa tarefa de criar os desenhos para uma série de tapeçarias destinadas a revestir a área inferior das paredes com afrescos em falsas cortinas.
Assim, em 1515 e 1516, Rafael concebeu um grande ciclo monumental com as histórias da vida de São Pedro e São Paulo, e os desenhos preparatórios foram enviados para Bruxelas para a realização das tapeçarias no atelier do tecelão Pieter van Aelst. As dez tapeçarias chegaram ao Vaticano entre 1519 e 1521.
As tapeçarias retornarão à Pinacoteca do Vaticano
A reconstrução histórica oferece por uma semana inteira a excepcional oportunidade de admirar, na sede para o qual foram pensadas e desejadas pelo Papa Leão X, todas as tapeçarias de Rafael conservadas nas coleções do Vaticano e exibidas por sua vez no Salão de Rafael da Pinacoteca Vaticana.
Trata-se de uma homenagem ao artista, com o antigo costume de adornar a maior Capela Papal durante as solenes cerimônias litúrgicas do passado, redescoberta após anos de estudos por parte de especialistas internacionais, que compararam as poucas informações históricas das cerimônias litúrgicas solenes para as quais as tapeçarias foram usadas.
A Sistina em suas vestes mais belas
Depois de ter experimentado a exposição parcialmente e por algumas horas em 1983 e 2010, segundo variantes interpretativas no ano de 2020, decidiu-se propor a série completa de todas as tapeçarias no posicionamento original, compatível com as transformações sofridas no decorrer dos séculos pela Capela Sistina, a começar pela parede do altar com a realização do "Juízo Final" de Michelangelo.
A diretora dos Museus Vaticanos, Barbara Jatta, assim apresentou a iniciativa ao Pope.
R. - É um momento importante, uma maneira de celebrar o 500º aniversário da morte de um grandioso artista, que é uma identidade não apenas da cultura figurativa italiana e vaticana, mas sobretudo universal. Pensamos em fazer essa representação histórica, retornando ao local para o qual foram encomendadas em 1515 e onde foram penduradas em 1519 as maravilhosas tapeçarias dos desenhos de Rafael, que são realmente um acabamento teológico e visual daquela magnífica catequese visual que é a Capela Sistina. São os Atos dos Apóstolos, as histórias de Pedro e Paulo, que agora são encontradas abaixo, não apenas as histórias da vida de Cristo e Moisés, mas também sob o grande Gênesis de Michelangelo.
As tapeçarias permanecerão em exibição na Capela Sistina por uma semana. Uma dica para a visita ...
R. - Na realidade, se as tapeçarias da vida de São Paulo estavam do lado direito e as de São Pedro do lado esquerdo, como as posicionamos, ou vice-versa, não se sabe, porque os documentos não nos falam disso. O arranjo certamente era um pouco diferente do atual, porque em 1519 ainda não havia o Juízo Universal. Sabemos com certeza que duas tapeçarias estavam nas laterais do altar. Não foi possível cobrir o Juízo Final de Michelangelo. O conselho? Entrar na Sistina e desfrutar dessa beleza porque, como disse Paris de Grassis, o cerimoniário de Leão X na época em que as tapeçarias foram penduradas pela primeira vez, “no juízo universal, não existe nada de mais belo no mundo do que a Capela Sistina, ornamentada também com tapeçarias, além de todo o resto ".
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