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 Mosaico com a Bênção Papal na Praça São Pedro doado pelo Papa Francisco ao Rei Rama X, durante sua Viagem Apostólica à Tailândia Mosaico com a Bênção Papal na Praça São Pedro doado pelo Papa Francisco ao Rei Rama X, durante sua Viagem Apostólica à Tailândia 

O fascínio sem tempo do Ateliê de Mosaico Vaticano

Pope entrou em um dos lugares mais fascinantes do Vaticano: o Ateliê de Mosaico. O ateliê tem uma história secular iniciada com a decoração da Basílica de São Pedro e que chega até os nossos dias

Paolo Ondarza – Cidade do Vaticano

Quando se atravessa porta do Ateliê de Mosaico do Vaticano, tem-se a impressão de entrar em uma antiga oficina de arte, que se encontra ao lado da Casa Santa Marta.

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Silêncio e recolhimento

O tempo parece ter parado, longe dos ritmos do dia a dia. O que mais impressiona é o silêncio, necessário para favorecer a concentração da pequena comunidade de trabalho formada por doze mosaicistas profissionais. Um silêncio que é interrompido apenas pela batida do buril, pelo sons das pastilhas que escorregam e passam pelos dedos dos mosaicistas e pelo profundo som da chama dos fornos que derretem os esmaltes. Aqui neste local as visitas externas são exceção à regra justamente para tutelar este clima de recolhimento e concentração, assim como pelas dimensões do ateliê que são limitadas.

Uma mosaicista durante seu trabalho no Ateliê no Vaticano
Uma mosaicista durante seu trabalho no Ateliê no Vaticano

As vinte e sete peças coloridas

É emocionante percorrer o longo corredor recoberto, como em uma antiga farmácia, por nove mil gavetinhas numeradas que conservam 27 mil “munições”, como são chamados os exemplares de cores de várias tonalidades das pastilhas a disposição dos artistas do Vaticano. É surpreendente encontrar objetos pertencentes à antiga arte do mosaico, como os enormes pregos que antigamente se usavam para fixar as obras nas paredes.

As tonalidades de cores
As tonalidades de cores

Os mosaicos da Basílica de São Pedro

O saber acumulado no tempo aqui foi transmitido de geração em geração. São conservados pelos mosaicistas guiados pelo atual diretor Paolo Di Buono. São herdeiros de uma tradição iniciada no século XVI, durante o pontificado de Gregório XIII, e que levou a Basílica Vaticana a ser a maior oficina na prática do mosaico da Europa. Com efeito, em 1578 o Papa Gregório XIII decidiu decorar a Capela Gregoriana dentro da Basílica. A escolha foi motivada pela dupla exigência de retomar a antiga prática de mosaico paleocristã e de utilizar uma técnica que fosse resistente com o passar do tempo. Vinte anos depois esta prática foi aplicada na majestosa cúpula de Miguelângelo e em seguida aplicada a todas as cúpulas da Basílica de São Pedro.

A instituição oficial do Ateliê, subordinado à Fabrica de São Pedro (que cuida de tudo que é necessário para a restauração e decoração do edifício da Basílica de São Pedro), ocorreu em 1727 sob o pontificado de Bento XIII. Nesta época foi introduzida a arte do micromosaico pelos mestres vaticanos, graças à redescoberta da antiga prática do mosaico “filato”. O mosaico filato é feito com peças que não são obtidas com o chamado “sistema somano” com o buril ou o formão, mas são obtidas por meio de baquetas finíssimas, “criadas” pela fusão a fogo de esmalte vítreos.

 Peças para os mosaicos
Peças para os mosaicos

Na Basílica de São Paulo fora dos Muros, estão representados os retratos de todos os Papas, em mosaicos  de forma redonda ao longo de toda a nave central da mesma. Realizar um retrato em mosaico de grandes dimensões – as imagens redondas da Basílica têm 130cm de diâmetro – é um procedimento muito complexo, e ainda mais delicado pela falta de tempo a disposição. As obras devem ficar prontas em pouco tempo, logo depois da eleição do Papa. Enquanto que a realização de um mosaico necessita de longo período de tempo. “Tanto no caso de Bento XVI como de Francisco, foi feito um trabalho de “equipe”: “um mosaicista – conta o diretor do Ateliê – realizou o rosto, outro as vestes e uma terceira pessoa o fundo”.

Os segredos do ateliê

Antes de nos despedirmos pedimos ao diretor para nos revelar algum “segredo” da profissão conservado pelos mosaicistas vaticanos. “Um segredo – disse – é certamente a receita da argamassa com a qual fixamos as peças na parede. As nossas têm uma peculiaridade única. A sua composição é feita com óleo de linhaça que possibilita uma secagem lenta, possibilitando uma eventual correção nesta fase da obra. Além disso é um material que requer específicas condições metereológicas e de umidade. A fórmula não é totalmente secreta, mas somente aqui no Vaticano se conhecem exatamente as dosagens dos ingredientes a serem utilizados. A preparação é tão articulada que até nós que somos acostumados algumas vezes erramos”. Este também é um fascínio de um ofício que recorda procedimentos do século XV e que resistem ao tempo, permanecendo profundamente atual.  

Imagem em mosaico de São João Paulo II
Imagem em mosaico de São João Paulo II

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27 dezembro 2019, 13:07