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Silvonei José - Cidade do Vaticano

"Teoria e práxis do desenvolvimento" é o tema da Conferência internacional que se realiza nesta terça-feira (03/12) na Casina Pio IV da Pontifícia Academia das Ciências no Vaticano, 10 anos depois da publicação da Encíclica Caritas in veritate do Papa Bento XVI. As primeiras conferências serão do cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento humano integral, e de dom Silvano Maria Tomasi, Presidente da Fundação Caritas in veritate.

As palestras e o impacto da encíclica

Ao apresentar ao Pope o dia de aprofundamento o cardeal Turkson destacou o quanto, desde a sua criação, o Dicastério por ele guiado serviu ao "desenvolvimento humano integral" e quanto ele pôde usar para isso a encíclica do Papa Bento XVI. "Este é um documento - explicou o cardeal -, que segue a Populorum progressio de Paulo VI sobre o desenvolvimento, e tem as suas raízes no fato de que o verdadeiro desenvolvimento não é só o desenvolvimento dos povos, mas o desenvolvimento de cada pessoa. Portanto, este desenvolvimento é uma vocação de cada pessoa. Uma vocação que se realiza quando todos amamos e, imitando o amor de Deus, oferecemos gratuitamente com o que fazemos, e com os nossos recursos, para promover com solidariedade o bem-estar dos outros鈥�.

O objetivo, na intenção do dicastério, é aprofundar, com a contribuição de representantes da Igreja, das organizações internacionais e não governamentais e de especialistas do mundo econômico e acadêmico, a influência que a Caritas in veritate ainda pode exercer na sociedade contemporânea. Personalidades de renome internacional como Jeffrey Sachs, Tony Castleman, Anna Rowlands, Mukhisa Kituyi, Maria Luisa Silva, Wanda Rodríguez e outras contribuirão para este objetivo ao longo do dia.

Caritas in veritate

Caritas in veritate é uma Encíclica promulgada pelo Papa Bento XVI em 29 de junho de 2009. Foi escrita cerca de quarenta anos depois que o Papa Paulo VI publicou a Encíclica Populorum progressio. Como tal, a Caritas in veritate atualizou o pensamento de Paulo VI não só focalizando o tema da "ecologia humana", mas também sublinhando que "o autêntico desenvolvimento humano diz respeito a toda a pessoa em todas as suas dimensões" (CV, 11).

O contexto

A Encíclica teve como pano de fundo diferentes contextos internacionais presentes na época: pobreza persistente, fome, exploração, o surgimento das questões ambientais, a globalização e interdependência planetária, novas mídias, a crescente dificuldade dos governos nacionais em lidar com as potências globais e multinacionais, a crise financeira e as instituições financeiras. Do ponto de vista do Papa Bento XVI, estas questões sociais baseiam-se em questões essencialmente antropológicas (ver CV, 75). Dizem respeito à verdade da pessoa humana que deve ser procurada na verdade de quem somos em Cristo, que é a caridade na verdade, e que é " a principal força motriz do autêntico desenvolvimento de cada pessoa e de toda a humanidade" (CV, 1). Portanto, se o desenvolvimento é entendido como "vocação" de cada pessoa, o seu desenvolvimento deve ser inspirado pela caridade de Cristo e pela consequente virtude da gratuidade.