Auza na Onu: espaço às mulheres para a paz e segurança do mundo
Cidade do Vaticano
Ainda muitas vezes vítimas nos conflitos armados, esquecidas nos processos de paz e segurança. Para valorizar o papel das mulheres no mundo é preciso ir além dos compromissos verbais.
Assim se expressou o observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, dom Bernardito Auza, ao pronunciar-se na segunda-feira (04/11) no Conselho de Segurança da Onu, no debate aberto em vista do 20º aniversário, no próximo ano, da histórica Resolução 1325 sobre mulheres, paz e segurança, aprovada por unanimidade em 31 de outubro do ano 2000.
As vozes das mulheres esquecidas
Desde aquela data, certamente “foram feitos progressosâ€, observou o arcebispo filipino: “as vozes das mulheres são cada vez mais ouvidas e, em muitos lugares, é dado mais espaço para a contribuição singular delas na busca da paz e da reconciliaçãoâ€.
“Todavia, há muito ainda a ser feito para aumentar a representação feminina neste importante setorâ€, disse o prelado. Grandes diferenças, “que derivam principalmente de fatores socioculturaisâ€, caracterizam ainda a condição das mulheres no mundo, como ressaltado recentemente pelo Papa Francisco.
Vítimas de violências nos conflitos armados
As mulheres são muitas vezes vítimas de violências, das quais raramente são causa e autoras e suportam o peso maior dos conflitos, como os deslocamentos e a privação de bens e serviços essenciais, que se repercutem na saúde e bem-estar social delas e das pessoas das quais cuidam. Além disso, são alvo de violências sexuais usadas “como arma de guerraâ€.
Tudo isso, advertiu dom Auza, “deve ser, em todo momento e em todo lugar, firmemente condenadoâ€. São necessários “esforços mais eficazes a fim de que não sejam cometidos crimes tão atrozes†e para que os autores sejam “entregues à justiçaâ€. “A impunidade generalizada de tais ações, como ainda se verifica em situações de conflito, deve ser enfrentada se se quiser que tais crimes diminuamâ€.
Excluídas dos processos de paz
Mulheres vítimas das guerras, mas também protagonistas na promoção da paz e da reconciliação nas famílias e nas comunidades que entraram em conflito. No entanto, denunciou o representante vaticano, são ainda “frequentemente excluídas dos colóquios e dos programas que buscam encontrar soluções que sirvam à causa de uma paz duradouraâ€. Ao invés, é importante, recomendou o prelado, “que o seu gênio e insubstituíveis competências sejam utilizados nos processos de decisão nacionais, regionais e internacionaisâ€.
“Continuar excluindo a participação plena das mulheres em toda fase e aspecto dos processos de paz significaria faltar para com os compromissos assumidos após a aprovação da Resolução 1325â€, ponderou o núncio apostólico.
Isso vale também para as operações de paz da Onu, a fim de que sejam mais sensíveis às necessidades fundamentais das mulheres e das jovens, favorecendo para tal também a presença constante de mulheres.
Compromisso das religiosas contra os abusos
O representante da Santa Sé fez uma homenagem particular às milhares de religiosas católicas que – impulsionadas pelo exemplo de Madre Teresa de Calcutá, 40 anos atrás Nobel da Paz – trabalham em todos os cantos do mundo “para promover a dignidade e a emancipação das mulheresâ€, fator estratégico “embora não declarado, para construir e manter sociedades pacíficasâ€.
“Essas mulheres de paz e solidariedade, dentro e fora das situações de conflito, correm para assistir aqueles que sofrem as consequências das guerras e do subdesenvolvimento e dão exemplo a toda a comunidade internacional diante das causas profundas do conflito e da desigualdadeâ€, recordou o arcebispo Auza.
Apelo à Onu: fatos e não somente palavras
Por fim, o apelo do observador permanente da Santa Sé ao Conselho de Segurança a fim de que saiba ir além das palavras e realize com fatos “a integração das mulheres nos processos de paz†para se “alcançar resultados mais profundos, mais profundos e duradouros para o bem de todosâ€.
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