Coletiva S¨ªnodo: poucos padres n?o devido a celibato; leigos cora??o da Igreja
Alessandro Di Bussolo / Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
O Sínodo dos Bispos para a Amazônia, que chegou à metade de seu caminho, fez terça-feira um ¡°salto qualitativo¡±, disse aos presentes na coletiva diária na Sala de Imprensa da Santa Sé, esta quarta-feira (16/10), o secretário da Comissão para a Informação, Pe. Giacomo Costa, graças às intervenções livres de alguns padres sinodais, ¡°que pediram para não fragmentar o caminho da Assembleia na busca de pequenas soluções para os temas individualmente considerados¡±, mas, preferivelmente, esclareceu o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Rufini, para ¡°retomar um impulso profético, deixando espaço ao Espírito Santo, para não perder a visão de conjunto¡±.
Uma nova dinâmica, mais espiritual, que já deu seus efeitos, ¡°deixando a palavra livre¡± nos trabalhos dos doze círculos menores, que se reunirão até a tarde desta quinta-feira. No final do dia os relatores apresentarão as 12 relações, que serão publicadas na tarde de sexta-feira, 18 de outubro.
A última semana de trabalhos, como previsto, será dedicada a discutir o projeto do documento final, que será votado na Sala do Sínodo na tarde de sábado, dia 26.
Dom Wellington Vieira
Nessa dinâmica se insere o bispo da Diocese de Cristalândia ¨C TO, dom Wellington Tadeu de Queiroz Vieira, que ressaltou que o problema da falta de sacerdotes é concreto não somente para a Amazônia, ¡°mas também para a Europa, que verifica uma redução do número de ministros ordenados¡±.
Não existem obstáculos, na Bíblia e na teologia, para a ordenação de ¡°viri probati¡±, homens adultos casados, esclareceu dom Wellington, mas, ¡°e muitos na Sala do Sínodo pensam como eu¡±, disse o bispo, ¡°não vejo no celibato o obstáculo principal para ter mais sacerdotes. O verdadeiro problema é a incoerência, a infidelidade, e os escândalos causados por ministros ordenados¡±.
¡°Devemos fazer de modo que no coração das pessoas, sobretudo dos jovens, se desenvolva uma terra fértil. Se também nós presbíteros e nós bispos temos ¡®o cheiro das ovelhas¡¯, como nos pede o Papa Francisco, não transmitimos o perfume de Cristo. Porque somos anunciadores somente de nós mesmos, que desse modo distanciamos as pessoas de Jesus¡±, acrescentou o bispo de Cristalândia.
Uma má distribuição dos presbíteros na América Latina
O primeiro caminho a ser feito é a conversão dos ministros ordenados, porque, disse ainda dom Wellington Vieira, ¡°o principal instrumento para despertar a vocação nos jovens é a santidade dos atuais evangelizadores: a santidade da simplicidade de vida, da abertura ao diálogo, do anúncio da verdade cristã, da compaixão com quem sofre¡±.
Um segundo problema é também a má distribuição dos presbíteros no território. ¡°Na América Latina há áreas com uma boa presença de sacerdotes, mas com escasso espírito missionário. Muitos deles poderiam ir a regiões de fronteira como a Amazônia¡±, disse ainda.
Dom Pedro: são os leigos que levam adiante as comunidades
Em seguida tomou a palavra o bispo de Macapá ¨C AP, dom Pedro José Conti, uma diocese de 148 mil Km quadrados (que ocupa praticamente todo o estado do Amapá), na foz do Rio Amazonas. Ele contou que pediu ao Sínodo que valorize o papel do laicato.
¡°Em minha diocese, que é como todo o norte da Itália ¨C explicou dom Pedro Conti ¨C, em algumas paróquias temos 100 comunidades e apenas 1 sacerdote. Quem leva adiante o trabalho são os leigos e as leigas. Os sacerdotes devem prepará-los, acompanhá-los e guiá-los, mas são eles que constroem a Igreja.¡±
¡°Nós clérigos, sacerdotes e bispos, pensamos saber tudo, mas não é verdade, precisamos das competências dos leigos e das leigas, e isso é também um antídoto ao clericalismo¡±, enfatizou. É fundamental, acrescentou o bispo de Macapá, também o serviço de leigos e leigas engajados na política, que sejam formados para dar concretude à doutrina social da Igreja.
A Floresta Amazônica será salva por pequenos produtores
Para dom Pedro Conti, os pequenos produtores leigos salvarão a Amazônia. O modelo a ser seguido é o das pequenas cooperativas agrícolas, ¡°que convivem com a Floresta, a ¡®Floresta em p顯, e que dela extraem os recursos de modo sustentável para comercializar produtos naturais, desfrutando da sua grande riqueza com a sabedoria ancestral transmitida pelos povos indígenas¡±.
¡°Fiquei emocionado ao ouvir o testemunho deles. Eu vivo a 600Km das aldeias indígenas, numa cidade com meio milhão de habitantes e me encontro às presas todos os dias com os problemas urbanos, e sinto a urgência de uma conversão ecológica¡±, contou o bispo por fim.
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