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Delio Siticonatzi Camaiteri, membro do povo Ashaninca, no Peru Delio Siticonatzi Camaiteri, membro do povo Ashaninca, no Peru

S¨ªnodo. Na coletiva, apelo de um ind¨ªgena: permane?amos unidos, Jesus nos une

Na Sala de Imprensa da Santa S¨¦, participaram da coletiva sobre o S¨ªnodo, esta quinta-feira (24/10), o prefeito da Congrega??o para o Clero, cardeal Beniamino Stella; o arcebispo de Bel¨¦m do Par¨¢, dom Alberto Taveira Corr¨ºa; o sacerdote ind¨ªgena cat¨®lico pertencente ao povo zapoteca (M¨¦xico), Pe. Eleazar L¨®pez Hern¨¢ndez; a religiosa da etnia Barassana (Brasil), Mariluce dos Santos Mesquita; e Delio Siticonatzi Camaiteri, membro do povo Ashaninca (Peru)

Amedeo Lomonaco / Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

¡°No centro está Jesus Cristo. Jesus nos une.¡± As palavras pronunciadas por um representante indígena durante a coletiva sobre o Sínodo na Sala de Imprensa da Santa Sé, esta quinta-feira (24/10), têm a força de um premente apelo e a intensidade de uma súplica. Tratou-se de Delio Siticonatzi Camaiteri, membro do povo Ashaninca, um grupo étnico amazônico do Peru.

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Respondendo à pergunta de um jornalista sobre a proposta, lançada durante os trabalhos sinodais, de um rito amazônico específico, disse o representante indígena:

¡°[Vejo vocês de certo modo inquietos como se não fossem capazes de entender aquilo de que a Amazônia precisa. Temos a nossa visão do cosmo, nosso modo de ver o mundo. A natureza nos aproxima mais de Deus, aproxima-nos olhar o rosto de Deus em nossa cultura, em nosso viver. Nós como indígenas vivemos a harmonia com todos os seres vivos. Vejo que a ideia que vocês têm de nós indígenas não é clara. Vejo vocês preocupados, com dúvidas diante dessa realidade que nós buscamos como indígenas. Não endureçam seus corações, vocês devem abrandar seus corações. Esse é o convite de Jesus. Convida-nos a viver unidos. Cremos num só Deus. Devemos permanecer unidos. Isso é o que desejamos como indígenas. Temos nossos ritos, porém, esse rito deve basear-se no centro que é Jesus Cristo. Não há nada mais a ser discutido sobre esse tema. O centro que nos une neste Sínodo é Jesus Cristo.]¡±

O Sínodo é uma esperança para os povos indígenas

Delio explicou também que o Sínodo é uma esperança para os indígenas. A Amazônia é uma realidade imensa ¡°que sofre e grita porque não soubemos valorizá-la¡±, disse ele. Colocamos nossas esperanças no Sínodo porque até agora não fomos ouvidos¡±, acrescentou.

¡°Matam-nos porque pensam que não temos direitos¡±, disse ainda. Esse Sínodo dispõe a abertura de um espaço de diálogo e de encontro para defender a Amazônia. Um espaço não somente para a Amazônia, mas para o mundo inteiro.

Um caminho na esteira do discernimento

Respondendo a uma pergunta sobre as expectativas relacionadas ao Sínodo, o arcebispo de Belém do Pará, dom Alberto Taveira Corrêa, disse: ¡°Não estamos aqui como se houvesse uma lista de desejos, ou de decisões que devem ser tomadas na direção que eu ou outras pessoas possam almejar¡±. ¡°Estamos aqui para fazer um caminho juntos e buscamos colocá-lo nas mãos do Santo Padre. Estou muito confiante, tenho grandes esperanças¡±.

O celibato é um dom

¡°O celibato é a grande beleza da vida de um sacerdote, que porém deve ser cultivado porque é um tesouro que cultivamos em vasos de barro.¡± O prefeito da Congregação para o Clero, cardeal Beniamino Stella, usou essas palavras para descrever aos jornalistas o dom do celibato. É um ¡°dom de Deus, que deve ser acolhido¡±.

¡°A Igreja continua sendo a única instituição que prega um compromisso para sempre: para os sacerdotes, para a vida consagrada e para o matrimônio.¡± ¡°O dom do celibato representa hoje para os jovens, e também para os sacerdotes, um grande desafio pessoal¡±, ressaltou o purpurado.

A vocação precisa de equilíbrio

¡°Oração, disciplina e compromisso pessoal¡± são os três requisitos para viver o celibato, disse ainda o cardeal Stella. ¡°Devemos falar aos jovens e apresentar-lhes as exigências do sacerdócio latino como grande compromisso e grande beleza¡±, afirmou.

A vocação, para ser acolhida, ¡°precisa do equilíbrio de uma mente sadia e de uma afetividade transparente. Aquilo que o Sínodo poderá dizer sobre novos caminhos de ministerialidade o deixamos ao discernimento dos padres sinodais e ao discernimento final do Santo Padre¡±, concluiu.

Rito amazônico

O prefeito da Congregação para o Clero também respondeu a uma pergunta ligada à proposta de um rito amazônico: ¡°É natural que se tenha essa iniciativa oriunda do Sínodo. Os povos amazônicos sentem a necessidade de poder comunicar com a sua língua, seus símbolos e seus rituais locais. A Amazônia é uma realidade multiétnica, multilinguística, composta por centenas de etnias e centenas de línguas. Há uma expectativa nessa matéria e também uma necessidade concreta: veremos o que o Sínodo irá dizer¡±, disse.

Fé e inculturação

¡°Queremos poder expressar a nossa fé na nossa cultura e em nossa língua¡±, explicou o sacerdote indígena católico pertencente ao povo zapoteca (México), Pe. Eleazar López Hernández, especialista em teologia indígena. ¡°A Igreja precisa gerar rostos específicos nos quais chegue uma proposta crist㡱, afirmou.

O tema da espiritualidade indígena esteve, por fim, no centro da fala da religiosa pertencente à etnia Barassana (Brasil), Irmã Mariluce dos Santos Mesquita, das Filhas de Maria Auxiliadora: ¡°O Papa Francisco está ouvindo e propondo reconhecer, aprofundar mais a espiritualidade indígena interagindo com a Palavra de Deus, que nós já pregamos¡±.

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24 outubro 2019, 17:46